Luanda -  Um contingente de 28 efectivos distintos constituido por 26 homens e duas mulhertes “invadiu” na noite de quinta-feira, 09/06, perto das 23 horas, as celas onde se encontram os activistas Osvaldo Caholo, Sedrick de Carvalho e Domingos da Cruz, reclusos condenados em Março último no conhecido processo dos “15+2” pelo Tribunal Provincial de Luanda, no Crime de Tentiva de Rebelião e Associação de Malfeitores, apurou a Rádio Despertar de uma fonte segura do Hospital Prisão de Kakila.


Fonte: Rádio Despertar

Segundo a fonte dos Serviços Prisionais na Cadeia de Kakila que testemunhou de perto a operação dos agentes, sustentou que entre o efectivo mobilizado na revista e apreensão dos considerados meios proibidos não precisados pela fonte e que supostamente estariam em posse dos activistas que cumprem as penas em consequência da sentença do juiz Januário Domingos, estavam presentes quatro elementos do Destacamento Especial de Polícia dos Serviços Prisionais, uma tropa de elite que para já, só intervém em casos de motins ou rebelião na prisão.


A fonte revelou ainda que a operação contou igualmente com a intervenção de quatro agentes da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), que de acordo com a fonte que temos vindo a citar, tanto os agentes do Destacamento Especial de Polícia dos Serviços Prisionais (DEPSP) bem como os da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) estavam todos equipados com granadas, escudos e bastões electricos, comandados pelo chefe da missão identificado por João da Costa que exibia a patente de Inspector-Chefe.


A fonte dos Serviços Penitenciários na Cadeia de Kakila descreveu à Rádio Despertar sublinhando que, ao chegarem junto da caserna, os activistas procuraram saber aos agentes em operação o que pretendíam áquela hora da noite, uma vez que o relógio marcava perto das 23 horas.


De acordo com a descrição da fonte, o chefe da operação, Inspector-Chefe, João da Costa, terá admitido que o grupo estava apenas a cumprir uma missão de ordem superior que ultrapassava a competência do Director-Geral da Penitenciária de Kakila.


“Mandaram que cada um entrasse na sua cela porque queriam revirar as coisas, sem entanto, dizer o que eles queriam efectivamente”, disse à Rádio Despertar o agente prisional que testemunhou o facto, para quem “os únicos que se submeteram à vontade dos agentes foram Sedrick de Carvalho e Osvaldo Caholo, o Domingos da Cruz não aceitou entrar na sua cela e preferiu ficar no corredor”, contou a nossa fonte que não soube detalhar em concreto o que terá sido encontrado e levado das celas dos activistas, avançando apenas que, “revistaram todas as coisas, desde a comida, os livros, cadernos de apontamentos, como estovessem a procurar uma agulha e no final da acção o chefe da missão disse que apreenderam alguns meios, mas não disse exactamente o era”, disse o agente prisional nos dados avançados à Rádio Despertar.


A esposa de Domingos da Cruz, condenado a pena máxima de oito anos e seis meses de prisão efectiva no processo dos “15+2”, confirmou os dados avançados pela fonte da Despertar e acrescentou que, na conversa que manteve com o seu esposo na manhã de sábado, 11/06, dia em que foi visitá-lo, o seu esposo contou-lhe dizendo que “eles queriam surpreendê-los a dormir por isso apareceram junto às celas quase 23 horas, de forma calma, só que os três (Domingos, Sedrick e o Caholo) ainda estavam no local de lazer cada um a ler o seu livro”, contou.


Esperança Gonga lamenta à acção dos agentes e ao mesmo tempo manifesta-se preocupada por não receber explicações quanto as motivações dos elementos da operação. “Não nos dizem absolutamente nada o que foram lá fazer pois sabemos que esse regime é capaz de tudo, e é possível que colocaram lá escutas ou produtos toxicos para envenená-los, é lamentável com que fizeram com eles”, disse.


Para a esposa do jornalista e defensor dos direitos humanos, “o curioso é que à acção foi feita justamente no dia em que nós os familiares fomos ao Tribunal Supremo para sabermos do andamento do processo, talvés por isso é que foram lá para acabar com eles sem darem-nos nenhuma explicação”.