Luanda - As receitas que a concessionária petrolífera angolana Sonangol entregou ao Estado em maio caíram mais de 11 por cento face a abril, para 58.393 milhões de kwanzas (311,2 milhões de euros), mas aumentaram face a 2015.

Fonte: Lusa

Segundo dados do Ministério das Finanças compilados pela agência Lusa, a empresa estatal, que passou este mês a ter Isabel dos Santos como presidente do conselho de administração no âmbito do processo de reestruturação do maior grupo empresarial angolano, garantiu cerca de 60% de todas as receitas do Estado com a exportação de petróleo em maio.

Em abril, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) arrecadou 65 mil milhões de kwanzas (346,5 milhões de euros) em receitas para o Estado, registo que em maio de 2015 foi de apenas 43,6 mil milhões de kwanzas (232,4 milhões de euros).

Cada barril de crude produzido em Angola custa atualmente em média 14 dólares, valor que a nova administração da concessionária estatal Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, quer reduzir para “oito a dez dólares”.

A posição foi transmitida a 9 de junho pelo presidente da comissão executiva da Sonangol, Paulino Jerónimo, questionado pela agência Lusa no final de uma reunião na sede da empresa com as administrações das petrolíferas internacionais que operam em Angola.

Estas disponibilizaram-se para participar no processo de redução de custos, no âmbito da reestruturação e ganhos de eficiência anunciados por Isabel dos Santos para a concessionária estatal.

“Tendo em conta todos os operadores, o nosso custo em média [por barril] é de 14 dólares e dito isso devem compreender que precisamos de fazer um esforço maior em termos de redução. [O valor desejado pela Sonangol é] Oito a dez dólares”, disse ainda o administrador executivo da petrolífera estatal no final de uma reunião em que participou igualmente a presidente do conselho de administração, Isabel dos Santos, também empossada nas funções a 06 de junho.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude produzidos diariamente no ‘onshore’ e ‘offshore’. Contudo, o aumento da produção nos últimos meses contrasta com a quebra na cotação do barril de crude no mercado internacional, que caiu dos mais de 100 dólares em 2014 para menos de 30 no início deste ano, cifrando-se nos últimos dias acima dos 50.

Daí que, enfatizou o presidente da comissão executiva da Sonangol, a redução de custos seja “muito importante”, tendo em conta que, sem isso, “qualquer projeto em Angola, neste momento, não terá sucesso”.

“Necessariamente, os custos de produção terão que ser reduzidos para permitir novos projetos”, sustentou Paulino Jerónimo, afastando “de princípio” a necessidade de revisão dos contratos de partilha de produção com as operadoras.

“Primámos pelo princípio da estabilidade”, apontou.

A petrolífera estatal de Angola apresentou uma queda de 34% na receita do ano passado, face a 2014, registando igualmente uma descida dos lucros na ordem dos 45%, atribuíveis principalmente à queda do preço do petróleo.

A receita total da Sonangol em 2015 foi de 2,2 biliões de kwanzas (11,7 mil milhões de euros).

Depois de tomar posse como presidente do conselho de administração e administradora não executiva da Sonangol, a empresária e filha do chefe de Estado angolano, Isabel dos Santos, explicou que o modelo de reestruturação da empresa prevê a criação de uma holding operacional, outra de apoio e serviços logísticos e a função concessionária do setor petrolífero propriamente dito, para “aumentar a rentabilidade, a eficácia a transparência” da empresa.