Luanda - Discurso de Sua Excelência Senhor Presidente da UNITA, Dr. Isaías Samakuva por ocasião do 18 de Junho de 2016.

 

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da UNITA, Dr. Raul Manuel Danda,

Excelentíssimo Senhor Secretário-geral da UNITA, Franco Menezes Marcolino Nhany,

Excelentíssima Senhora Presidente da LIMA, Deputada Helena Bonguela Abel; 



Distintos Membros da Comissão Política e do Comité Permanente; 
Digníssimos Convidados, 
Ilustres Convidadas, 
Caros Compatriotas, 
Minhas Senhoras e 
Meus Senhores!

No Calendário Político Anual da UNITA, nosso partido, hoje é dia da LIMA. Por isso, foi com muito prazer que aceitei o convite que me foi endereçado pela nossa presidente da LIMA para usar da palavra neste acto comemorativo do 44o aniversário do dia da LIMA.
Gostaria, também, de mencionar que estamos no ano do cinquentenário da UNITA. Esta UNITA, nosso Partido, já não é uma organização qualquer. Ela é a UNITA.

É uma organização? É! É Partido Político? É! Mas, é a UNITA. É assim que ela é conhecida.


Porque é que quando se fala dos outros, chamam-lhes pelos seus nomes e quando nos chamam à nós, chamam-nos organização ou Partido Político UNITA? Quando se disser UNITA, toda gente sabe que é uma organização, que é um Partido Político. Portanto, nós queremos, fazemos questão e exigimos que nos chamem como chamam os outros. Somos UNITA! Sim, somos UNITA! A UNITA que completou este ano, 50 anos de existência! Nascemos e crescemos sob um princípio que para nós é sagrado: contar com as nossas próprias forças. Foi assim que, apesar de variadíssimas ciladas, sobrevivemos e continuamos de pé! Apesar de armadilhas, sobrevivemos e continuamos de pé! Apesar de calúnias, sobrevivemos e continuamos de pé! Apesar de intrigas para nos denegrir, sobrevivemos e continuamos de pé!


Algumas destas calúnias e destas intrigas foram até de âmbito internacional. Por exemplo, em 1992, acusaram-nos que não tínhamos reconhecido o resultado das eleições. Entretanto, toda gente sabe e sabia, no interior e no exterior do país, que a UNITA, na voz do seu Presidente, o saudoso Presidente fundador, Dr. Jonas Malheiro Savimbi, havia reconhecido os resultados das eleições que tinham acabado de acontecer no país.

E, eu hoje trouxe-vos dois documentos históricos: um deles é a carta feita pelo Dr. Jonas Malheiro Savimbi, no dia 17 de Novembro de 1992, aceitando os resultados das eleições.

Dizia assim:


"Ao Secretário-geral Adjunto da ONU para a Manutenção das Organizações da Paz, Senhor Marak Golding,


Excelência!

Queira aceitar as minhas calorosas saudações.


Informo Sua Excelência que o Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, reunido no Huambo nos dias 15 e 16 de Novembro de 1992, chegou às seguintes conclusões:


1- A UNITA aceita os resultados das eleições legislativas de 29 e 30 de Setembro de 1992, reconhecidamente fraudulentas e irregulares, para dar seguimento ao processo de paz acordado em Bicesse, no dia 31 de Maio de 1991;


2- A UNITA considera de importância capital que as Nações Unidas (ONU) se envolvam cada vez mais no processo da paz, tomando as seguintes posições:


a. Participação efectiva na consolidação do cessar-fogo e da manutenção da paz através do envio de Capacetes Azuis para Angola, o mais rapidamente possível;


b. Maior envolvimento das Nações Unidas (ONU) na organização e verificação da segunda volta das eleições presidenciais;


c. Assegurar imediatamente que todos os dirigentes, quadros, militantes e simpatizantes da UNITA presos em Luanda sejam libertos como a UNITA o fez noutras províncias;

d. Garantir a integridade física dos dirigentes, militantes e simpatizantes da UNITA bem como das suas instalações, para não se repetirem actos de puro genocídio que ocorreu em Luanda, Malanje, Benguela, Lobito e Huíla.
Reitero as minhas calorosas saudações.

Com alta consideração, Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente da UNITA".


O segundo documento está em Inglês. Então, eu vou ler em Inglês a alínea que interessa e vou tentar traduzí-la. Este documento é a Resolução 793 (1992), adoptada pelo Conselho de Segurança, na sua reunião no 31144, aos 30 de Novembro de 1992.


Em Inglês, a alínea que interessa diz assim: "Reiterating its support for the statement by special representative of the Secretary General, that the elections held on 29th and 30 November 1992, were generally free and fare and taking note of the acceptant by UNITA of the results of the elections…"


Em português isso fica mais ou menos assim:


Reiterando o seu apoio à declaração feita pelo Representante Especial do Secretário-geral, que as eleições tidas em 29 e 30 de Setembro de 92, foram geralmente livres e justas e tomando nota da aceitação pela UNITA, dos resultados das eleições… Portanto, está claro!


A intriga que veicularam e alguns ainda hoje tentam veicular de que a UNITA não tinha reconhecido as eleições visam, simplesmente, denegrir e tinham objectivos macabros, de destruir a UNITA. Só e mais nada!


E, neste aniversário, para além de recordar os factos históricos do Partido, gostaríamos essencialmente recordar os feitos históricos da LIMA e chamar a atenção dos angolanos para o estado crítico em que se encontra o nosso país, e também traçar algumas pistas para conduta política dos membros da UNITA.


Nos últimos anos, por coincidência, a data de 18 de Junho tem sido celebrada em meios de sérios atentados a vida, a integridade física e a liberdade política dos angolanos que lutam contra o regime autoritário do MPLA.


Recordemos os seguintes factos: em Maio de 2013, (vou mencionar apenas os mais recentes atentados): em Maio de 2013, dizia eu, o regime assassinou o cidadão Francisco Epalanga, dirigente da UNITA, em Londuimbali, província do Huambo; algumas semanas depois, em princípios de Junho de 2013, também foram assassinados o cidadão António Kamuku e o cidadão Filipe Tulissanga, dirigentes da UNITA, aí no Cacuaco, província de Luanda. Em Março de 2014, também, portanto, a aproximar-nos desta data, foi assassinado pelos inimigos da paz, os cidadãos José Kanivete, Mariano Justino Ndavoka e Matias Epalanga, dirigentes da UNITA no Kassongue, no Kwanza-sul.


Agora, este ano, mais uma vez em Maio, na Comuna do Kapupa, no Município do Cubal, província de Benguela, foi assassinado o cidadão Fernando Sachemba, Inspector provincial da UNITA. E, informações que nos chegam do local, dizem que, o alvo deste atentado era o nosso companheiro Adalberto que está aqui, Presidente do nosso Grupo Parlamentar.


Não satisfeitos com estes actos, os inimigos da paz continuam na referida área a mover uma campanha massiva de violação dos direitos humanos, perseguindo e intimidando cidadãos que tenham sido identificados como membros, ou militantes, ou até simpatizantes da UNITA. Aliás, o direito à vida, o direito à propriedade, o direito à Integridade física e o direito à liberdade política estão a ser violados todos os dias, um pouco por todo o país.


Em certas áreas mesmo do nosso país, em especial naquelas áreas de forte implantação política da UNITA, alguns cidadãos estão a ser orientados para actuarem como milícias e esquadrões da morte, a fim de aterrorizarem as pessoas com objectivo de impedi-las de agirem em liberdade. As pessoas estão a ser retiradas à força das suas residências; aliás, essas residências estão ser queimadas. É o caso da Kapupa, onde queimaram e destruíram as casas e os haveres dos cidadãos que se identificaram ou que se identificam com a UNITA. E, neste momento, as pessoas continuam ainda ao relento, nas montanhas, para salvarem as suas vidas. Estão impedidos de regressar às suas casas e de exercer em liberdade as suas actividades.


Companheiros!


Não nos iludamos com palavras doces: a realidade é essa que estamos a referir aqui. Falam-nos da unidade, pregam constantemente sobre a unidade, mas nós sabemos que na prática eles passam a vida a dividir-nos… Estamos a falar da Kapupa! Na Kapupa, hoje, as aldeias estão divididas. Uns são aqueles que estão ali, nas aldeias, armados de machados, de catanas de azagaias e de armas. E, outros os que estão fugidos nas montanhas, que abandonaram as suas casas e os seus haveres destruídos. Aquela área do país está divida! E, afinal, se uma porção do país está dividida, estamos todos divididos.


Nós, há anos, verificamos que aqueles que deviam manter a ordem e a lei no país são incompetentes de o fazer. Não têm capacidade de o fazer. Pelo contrário, falam da reconciliação, mas ao invés de reconciliar na verdade os angolanos, eles dividem-nos. É o que está-se a ver na prática.


Um ilustre prelado da Igreja Católica dizia que, devíamos evitar fanatismos políticos. Esta voz devia ser ouvida por todos. Aliás, devia ser assumida por todos. Se estamos num processo de reconciliação nacional, esta reconciliação nacional tem de ser efectiva, tem de ser sentida e vivida por todos angolanos. Nós não podemos aceitar que de um lado as pessoas falam de reconciliação e do outro lado dividem as pessoas, perseguem as pessoas. Não podemos aceitar! E, as Igrejas deviam fazer o seu papel. Infelizmente, algumas Igrejas também continuam a aplaudir aqueles que fazem sofrer o povo. Elas deviam fazer o seu papel e não devem ter medo de dizer a verdade. E, quando se está a falar da reconciliação, é preciso perguntar-se: estamos a reconciliar quem? Porque também se estamos a falar da reconciliação, reconciliação, mas não estamos a chegar no ponto principal, então estamo-nos a mentir todos os dias.


Quando se reconcilia, ou estamos a reconciliar mulher e marido, ou vizinhos desavindos, ou então, neste caso os angolanos, entre si. E, se estamos a falar da reconciliação, mas temos o receio de mencionar quem estamos a reconciliar, então também não estamos a dizer a verdade.


Aqui no nosso país, vendo bem as coisas, há dois actores que têm de liderar a reconciliação. Dois: o MPLA e a UNITA. Os outros vão apenas apanhando faúlhas da intolerância. Mas na realidade o que estamos a ver aqui, é o MPLA e a UNITA que têm de se reconciliar.


Nós contávamos que o governo que está no Poder -ele é que está no poder- liderasse o esse processo. Mas eu já cheguei à seguinte conclusão: não vamos contar com eles, lideremos nós esse processo!


Este quadro de subversão do estado de direito que acabei de mencionar há pouco e de violação massiva dos direitos e liberdades dos angolanos tem o objectivo político claro: Inviabilizar o exercício da cidadania.


No fundo companheiros, estão desesperados. Estão desesperados! Sabem que o mandato que exercem desde 2012 termina agora em 2017. E, sabem que o povo já não quer renovar-lhes o mandato, o povo já não quer o governo que trás a crise e a miséria para a grande maioria e o enriquecimento ilícito para uma minoria. O povo já não quer mais um governo que mata o seu próprio povo. Não quer!


Os angolanos estão cansados de governantes que assaltam os cofres do estado para enriquecer a família; os angolanos não aceitam que os governantes continuem a desviar para os seus bolsos o dinheiro que deveriam utilizar para comprar mosquiteiros, medicamento para o paludismo, para o saneamento e melhorar a qualidade de educação. Já não querem! Os angolanos estão cansados e já perderam o medo, já despertaram e dizem todos os dias: "é demais, chega, chega, chega".


Mas eles não querem reconhecer que o poder pertence ao povo. Só que, querendo ou não, o prazo vai terminar mesmo e devem por isso devem deixar a CNE independente, ela mesmo organizar as eleições, sem mais comissões interministeriais e sem mais nada: deixem a CNE. É que se o fizerem, o povo vai mesmo devolver o poder ao povo. Sim, vai mesmo, em 2017.


E, a propósito companheiros, estão-nos a dizer que vem aí o registo eleitoral. E, eu gostaria de pedir aqui, a cada um de nós, aqueles que já se registaram, portanto, que já têm os seus cartões de registo e aqueles que ainda não se registaram; todos, quando começar o registo vamos para o registo. Esta mensagem seja passada à todos;

Transmita-a ao seu amigo, ao seu irmão, ao seu colega, ao seu vizinho. Todos para o registo!


Quem já se registou e tem já o seu cartão, vai para o registo para fazer a tal prova de vida. Não fique, dizendo: eu já tenho registo… e… não vou mais". Não! Se você não for fazer a tal prova de vida não vai votar, mesmo com o seu registo e com o seu cartão de registo. Mesmo com o seu cartão de registo no bolso, você vai; não tem o seu cartão, ainda não se registou, você vá também fazer o registo. Todos aqueles que têm 18 anos, sigam, vão para o registo.


E, a propósito, estamos a receber outra vez, vários dados. Anteontem o meu telefone tocou, eram 5 horas da manhã: "Oh! O que é que há? Alguém morreu? Chamada já às 5 horas da manhã, eu que dormi às três?! Bom!" Eu até nem respondi. Mas, como os meus telefonemas estão desviados para o meu director de gabinete, ele teve o trabalho de acordar e ouvir a chamada. Quando cheguei no gabinete: "Disse, Mais velho, chamou-me o indivíduo da Kamakupa; diz que gostaria de falar com o mais velho". Onde é que tirou o meu número?! Não sei! Sabem porque chamou? Para dizer que “estão a recolher outra vez os cartões de registo. Já em 2012, eu chamei o mais velho um dia desses e transmiti-lhe esta mensagem. Agora, está a acontecer outra vez. Por favor! Vejam isso"!


Nós temos repetido e estamos a dizê-lo aqui outra vez.


Companheiros, o cartão de registo é seu, é sua propriedade, você não o entregue a ninguém. Mesmo se for ao administrador, você não o entregue. Diga-lhe, que perdeu. Ou que não tens, ou ainda que ainda não se registou.


Bom! Aqui, os que nos contactam a contar essas histórias dizem: " ó mais velho, isso é fraude. Já começaram com fraude. Estão a recolher os cartões: isso assim, quando tiram o seu número assim você já votou". Bom, não sabemos. Não sabemos! Outros dizem o seguinte: todos nós costumamos ver que partidos que ninguém conhece, ninguém nunca ouviu, quando começam as candidaturas dos partidos para as eleições, no dia seguinte esses partidos que nunca ninguém ouviu, são os primeiros a entregarem as suas candidaturas. São os primeiros a entregarem as suas candidaturas! Já têm as quinze mil assinaturas exigidas! Se eles nunca foram conhecidos onde é que tiraram as quinze mil assinaturas?


Por isso alguns pensam que essas assinaturas resultam dos cartões que estão a receber agora. Agora recebem cartões das pessoas, preenchem a lista da candidatura que eles querem e, o que é que tem acontecido? Quando nós chegamos lá, com dezasseis, dezassete mil assinaturas, depois nos dizem: "vocês têm aqui nessa lista, mil e setecentas e tais assinaturas que já pertencem ao outro partido". E, nós sempre nos perguntamos: o que é que se passa? Quem é o cidadão, membro da UNITA, que se inscreveu em dois partidos se a lei diz que ninguém pode pertencer à dois partidos? Quem?! Quando dizemos que nos mostrem então os nomes deles que é para nós contactá-los, respondem-nos: "não, não dá, não há tempo, e não sei que mais".


Desta vez não vamos aceitar. Se aparecer mais alguém que nos diga que, este ou aquele, também assinou por um outro partido, nós vamos ter de obter o seu nome que é para ir lhe perguntar porque é que o fez?" É para nos dizer, se ele de facto se inscreveu num outro partido ou se é porque tinha entregue a alguém o seu cartão antes do registo começar. Portanto, companheiros, tenhamos cuidado com os cartões. O cartão é propriedade privada sua e de mais ninguém. Está compreendido?!


Diziam eu, que deixem a CNE fazer o seu trabalho. É ela que por lei deve conduzir o processo eleitoral. Não haja mais Comissões Interministeriais, ou que quer que seja. Não queremos! Se a CNE não tem competência, então, é preciso demitir quem lá está. Se não têm meios, é preciso dar-lhes os meios necessários: se não, é fraude.


Há camaradas, há companheiros, há compatriotas que dizem: “a UNITA também só fala; esse Samakuva só fala, só choraminga, deixa as coisas acontecerem, quando devia agir de outra forma. Que forma, companheiros? Qual é a forma a utilizar aqui? O que é que devemos fazer? Responder à provocações? Não! Eu acho que não!... Eu acho que não. Vamos fazer o que já estamos a fazer. Continuar a denunciar os assassinatos, continuar a denunciar as mentiras, continuar a denunciar os roubos, os desvios. Vamos, se necessário, processar judicialmente os culpados. Vamos continuar determinados a fazer o nosso trabalho político de mobilização do povo para a mudança. Vamos estar presentes nas ruas, nos mercados, nas praças públicas. Todos os dias vamos mobilizar. Vamos mobilizar, divulgando a verdade; e a verdade é que a UNITA não é um Partido dos sulanos, como se diz por aí, é mentira. A UNITA é Partido de todos. Ela não é propriedade de ninguém. Não é propriedade de pretos, nem de mulatos, nem de brancos, é propriedade de todos. É de todos os angolanos!


Mobilizar divulgando a verdade é transmitir a todos os angolanos que a estória que propalam por aí …”de que cuidado com a UNITA, se a UNITA vier e tomar o poder vai tirar os funcionários para a rua para depois meter os seus, é mentira. A verdade é que a UNITA é para todos, como já disse. A UNITA vai melhorar as condições dos funcionários, isto é o que a UNITA vai fazer. A UNITA vai ver o seguinte: Os funcionários ganham bem ou não? É isso que vamos ver. Os salários são de miséria ou são salários que dignificam um trabalhador? É isso que nós vamos fazer. O funcionário está aí, há décadas, foi promovido depois do tempo que está aí ou as promoções feitas obedeceram apenas os laços de sangue, os parentes, os amigos e aqueles que não são amigos, não são parentes ficaram na mesma posição durante anos e anos? É isso que a UNITA vai fazer. O que a UNITA vai fazer é que o cidadão entra para o emprego não precisa de mostrar o seu cartão de membro de Partido, porque o que conta é ele ser angolano. É quanto basta; ser angolano, ser competente, é ter condições exigidas mais nada, e ele concorre e entra para este lugar. Isto é que a UNITA vai fazer. O que a UNITA vai fazer, -também estão a nos dizer isso- que os militares devem ter cuidado; que os polícias devem ter cuidado, pois com a UNITA no Poder, vão sair; eles, da UNITA, vão trazer os homens deles… Mas que homens deles, se os nossos homens e as nossas mulheres são os angolanos que já aí estão?

Os nossos homens e as nossas mulheres são os angolanos. São eles! Também dizem que eles, os da UNITA, não têm quadros; a UNITA tem quadros. Alguém é quadro de alguém? Os quadros são do país, ou não é verdade? Os quadros são angolanos. Nós, não temos preocupações sobre esse aspecto. Alguns deles, digo alguns quadros que vamos nomear, estão mesmo no MPLA; são bons, são competentes, só que estão na prateleira, porque eles não aplaudem só assim, não! Eles não dizem a todo o momento “graças à sua Excelência, não!” Por isso estão na prateleira. Outros estão ali, muitos, sem fazer nada; os quadros angolanos são muitos! Só que os competentes estão na prateleira e aqueles que aplaudem só, é que estão sempre à frente, nos lugares de mando. Para nós não. Os angolanos são angolanos. Não quadros dos partidos. A UNITA ganha as eleições, os angolanos podem ficar seguros e saber que vão ter os seus empregos, vão ter oportunidades consoante a sua capacidade, consoante a sua competência.


Portanto, companheiros, é mobilizar, é explicar isso por toda a parte. Nos mercados, nas escolas, nas ruas, em cada casa, é explicar isso para desmentir o que estão a dizer de nós. A palavra de ordem é mobilizar, mobilizar, mobilizar para a paz e para a democracia. Mobilizar para a mudança. Vamos actuar sempre dentro da lei, porque é a lei a nossa força, a força da nossa razão. Não vamos cair na armadilha daqueles que nos provocam, daqueles que só sabem viver nas águas turvas da corrupção e da prepotência. Vamos defender e preservar a paz, a liberdade e a democracia.


Prezadas companheiras!


A conduta desesperada dos inimigos da paz revela bem que o processo republicano de Muangai venceu e o projecto da corrupção perdeu. O ideal democrático venceu e o ideal do autoritarismo já foi derrotado. Os angolanos preferem a transparência e a boa governação e não a incompetência, o nepotismo e a corrupção. Os angolanos querem a paz, os angolanos querem a liberdade e a reconciliação. Os angolanos querem a verdadeira democracia. E hoje, a vontade de mudar é mais forte do que o sentimento partidário. O país está maduro e quer a mudança. Todos querem a mudança, uma mudança pacífica, tranquila, feita com grandeza moral e alto sentido patriótico. E tudo isso é fruto do vosso trabalho, durante estes longos e difíceis 44 anos da vossa existência. Foram 44 anos de sacrifícios, 44 anos de perseverança 44 anos de conquistas, 44 anos a colocarem pedra sobre pedra, no edifício da liberdade, de igualdade e da democracia. O combate que começou no Massivi, em Junho de 1972 e se estendeu pelo Rivungo, Caluquembe, Bocoio, Mussende, Cuimba, é o mesmo combate que hoje travam todas as mulheres angolanas. É o combate pela igualdade, é o combate pela igualdade entre todos os angolanos, é o combate pela igualdade entre todos os Partidos, igualdade entre todas as etnias, com direitos iguais para todos.


Vamos, portanto, defender este direito todos os dias. O regime vai continuar a intimidar e a aterrorizar as pessoas, especialmente lá mais longe, no interior do país, onde não há jornalistas, onde as noticias não correm rapidamente, vai continuar a subverter as instituições do Estado e do Poder Tradicional para violentar os direitos humanos dos cidadãos, vai continuar a utilizar milícias e outros cidadãos vulneráveis para atentar contra a paz e contra a unidade nacional; vai continuar a saquear e queimar casas e outros bens dos outros, vai continuar a discriminar e a excluir. Esta é, infelizmente a sua marca. Mas nós não façamos o jogo dos opressores. Vamos continuar a pautar a nossa conduta pela defesa da Pátria e da unidade entre todos os angolanos. É só recordarmos o lema da nossa LIMA; LIMA-PÁTRIA, LIMA-UNIDADE.


A nossa Pátria precisa de ser resgatada. Há alguns que dizem que este termo é muito forte: resgatar a Pátria. Bom, talvez seja então “reformar a Pátria”. Mas eu gostaria de me manter no “resgatar”, porque os seus valores, os seus princípios, os seus costumes, a sua paz, tudo isto foi perdido e a Pátria já não tem. É uma luta que temos de fazer para resgatar esses valores, esses princípios, os hábitos, etc. Precisamos mesmo de resgatar a nossa Pátria. O tempo que resta até 2017, é para todos mobilizar. A LIMA deve mobilizar a mulher angolana para defender os seus direitos e exercer a cidadania feminina. É verdade que as mulheres já conquistaram o direito ao trabalho, mas não chega é preciso conquistar o direito a ter creches para os filhos perto do local de trabalho, e pago até em parte pela entidade patronal. Já conquistaram o direito a ter férias e licença de parto, mas não chega. É preciso conquistar agora o direito de ter saneamento básico também, lá no bairro, onde o lixo está à porta; o direito à água potável todos os dias, na torneira em casa e não mais no chafariz. É preciso conquistar o direito a ter mercados limpos.


Companheiros!

Quando passamos aí por alguns mercados, é só visto. Comida misturada com lixo, com poeira, etc.; depois… as doenças também…. é só visto! Precisamos de conquistar este direito de ter mercados limpos, com câmaras frigoríficas para guardar os produtos, o direito à geração de emprego e renda, educação, trabalho, infra-estrutura urbana e habitação condigna. É preciso conquistar o direito e ter protecção contra actos de violência doméstica, o direito à assistência social, assistência médica e pensão de reforma e invalidez. Precisamos de lutar para ter esses direitos e tudo isso terá de ser feito em conjunto e para o benefício de todas as mulheres de Angola. Daí a necessidade da unidade; unidade de pensamento e da acção. Unidade de todos, os angolanos. Hoje, eu penso que até a questão dos Partidos, não é relevante; o Partido A ou B, eu penso que isso está a ficar para trás, porque todos sofrem; o A e o B; o A que está no poder também ele está a sofrer no Partido dele. É ou não é verdade? A água que nós não temos ele também não tem. Não é assim? A luz que nós não temos ele também não tem; os hospitais que não têm medicamentos são os mesmos onde ele também se trata. Afinal, parece que o interesse aqui é comum, é de todos. E este interesse comum é, para já, mudar. Por isso, todos temos que estar unidos. Temos de trabalhar para esta mudança. Precisamos de unidade de pensamento e da acção. E aqui, o pensamento é a mudança do regime. A acção é mobilizar os angolanos para votar na UNITA.


A UNITA representa UNIDADE. A palavra UNIDADE está bem entranhada na palavra LIMA. A LIMA é a Liga da Mulher Angolana e Liga é União. União, não entre dois Partidos ou duas pessoas, ou duas tribos. É união nacional, a união de todas as forças vivas, de todos os povos, de todas as raças. É a união dos angolanos. Este é o desafio que temos de vencer nos próximos meses: construir a Unidade Nacional para a mudança. Unidade com as mulheres que se encontram na UNITA e fora da UNITA.

A luta da mulher é a luta pelos direitos humanos, pela cidadania e pela boa governação. É, como já disse atrás, a luta pelo direito de termos saneamento no bairro, nas casas de banho, com a água a sair das torneiras e não do chafariz; é a luta de termos professores bons; qualificados; de termos segurança nos bairros e segurança para as nossas crianças nas escolas e de termos o mínimo de condições para uma vida digna.


A luta da mulher é a luta de todos os angolanos também. É a luta pelo respeito, pela dignidade humana. Vocês mulheres que combateram lado a lado com os homens. Para vocês, mulheres que continuam a combater, que conquistaram estes direitos todos ao longo dos 44 anos de existência da vossa organização, avante! Avante minhas irmãs! Avante! 2017 tem de ser para todos o ano da mudança.


LIMA – PATRIA
LIMA - UNIDADE
VIVA A LIMA
VIVA UNITA
VIVA ANGOALA
Muito Obrigado.