Luanda - Para Miguel Sousa Tavares, a possibilidade de Isabel dos Santos ir para a política “só faz sentido numa lógica de sucessão dinástica”. “[Isabel dos Santos] não precisou diretamente da política até aqui, embora lhe tenha dado mais do que muito jeito que o pai seja presidente da república e presidente do MPLA”, disse Miguel Sousa Tavares na antena da SIC.

Fonte: Lusa

"Ela já é, desde há muito, a maior empresária em Angola e em Portugal. A sua nomeação para a Sonangol, que é um estado dentro do estado e que está encarregue de todo o plano de organização de Luanda, faz dela uma figura determinante", comenta Miguel Sousa Tavres, que acredita que se Isabel dos Santos entrar de facto na política só pode ser para chegar ao mais alto cargo e suceder na presidência ao pai”.


Miguel Sousa Tavares vê em Isabel dos Santos uma pessoa mais “competente a dirigir o país e a economia angolana do que os generais que receberam os cargos só por terem travado a guerra civil”.


O comentador defende que alguma coisa vai ter de mudar em Angola a curto prazo, dada a crise política que se instalou no país (devido sobretudo a 17 jovens que estão presos por criticarem o presidente da república), a que se somou a crise económica devido à queda das cotações do petróleo e o descontentamento. “Alguma coisa vai ter de mudar, e não pode ser o velho aparelho do partido, parte dele militar, a ficar com a sucessão”, defende o escritor.


Para Miguel Sousa Tavares, Isabel dos Santos pode ser o rosto da mudança, mesmo sendo da família de Eduardo dos Santos. “Não gosto das sucessões dinásticas fora das monarquias, tem sempre um ar norte-coreano”, mas, comparando com os candidatos que se têm perfilado para o cargo, Isabel dos Santos leva vantagem.


“É culta, tem experiência empresarial, contactos e influência pelo mundo fora que os outros não têm e isso já é muito importante”, conclui.