Alemanha - Hoje acordei sem inspiração meu coração sofre e lágrimas tomam conta de mim neste preciso momento em que gostaria que esta verdade antes fosse mentira , pois esperava acordar e encontrar o meu mundo normal como sempre e com alegria habitual em poder escrever outra coisa que não fosse isto.

Fonte: Club-k.net

Quem se recorda da Lay ( Mboa Lay ) como algumas pessoas á chamavam que tinha a lanchoneta nos bloco do Simão Toko ?

Com ela passei muitos bons momentos da minha vida quando ainda estava na cimente da minha juventude e dela recebi sempre muito amor , carinho , atenção e compreensão naquela nossa relação tão rara , esquisita e íntima que tínhamos como bons irmãos.

Poucas eram as pessoas que não nos confundiam e relacionassem como namorados , pois os laços sanguíneos que nos uniam tinha nos juntado de tal maneira que era mesmo difícil acreditar .

Ainda me recordo como se fosse hoje dos tempos quando íamos á Saratoga , Lá Finess , casa suba ou na gajageira fazer compras até íamos de braços dados o que era pouco comum na tradição angolana.

Ela sentia-se tão vaidosa e orgulhosa por me ter quase sempre ao seu lado nas grandes festas de aniversário algumas das quais da pequena burguesia urbana ( PBU ) e outras , e nunca se cansava de me apresentar ás tantas amigas que tinha na capital Luanda .

Com ela aprendi á dar as primeiras passadas largas de dança , conheci á primeira namorada e foi testemunha de alguns pedidos meus de casamento quando minha mãe já estava cansada , , saturada e farta de aturar-me com aquele jeito tão malandro de mulherengo como era antigamente..

Que tristeza !

Lay minha irmã querida e inesquecível , cheguei a querer que fosses evacuada e que te tratassem cá , foi tarde e já nem tive tempo para te abraçar depois de mais de trinta anos que nãos nos víamos pessoalmente por ironia do destino e não só.

Agora apenas restam lembranças de um tempo bom que não volta mais , dos risos trocados , dos abraços apertados como gostávamos de andar , das voltas que dávamos na ilha de Luanda escutando musicas de David Zé no meu Ford Capri cor de alface como chamavas, da família , das histórias , das festas , das tuas amigas ( Penina ) Joaninha , Minguita e outras tantas de quem ainda me recordo como se fosse hoje.

Estou triste e dói-me ver-te partir desde jeito porque nossas almas sempre estiveram ligadas apesar do silencio de dezenas de anos e da distancia que nos separava !

Tuas filhas , eu , os nossos familiares , nossas irmãs assim como todas aquelas pessoas que sempre te foram sempre queridas , vamos sofre tanto o resto das nossas vidas por termos agora como única alternativa o vivermos sem a tua presença física.

Minha irmã Lay descanse em paz !

Fernando Vumby