Luanda - Não sei o que foi que irritou a Doutora Milucha Abrantes para desencadear o ataque que lançou contra mim. Não sei se fosse a alusão à ONG que ela criou, se omissão à obra que esta fez, ou se foi a alusão ao que os filhos, Tschizé e Coran Dú, fazem. Escrevi eu que tratando-se de uma instituição privada não havia mal nenhum em fazer o que fazem.

 

Fonte: Facebook

O tempo passou por ela

"A ONG criada pela Sr.ª Milucha é uma organização privada e dela não irradia mal nenhum se os seus membros e dirigentes pertencerem a um mesmo e único núcleo familiar".


Escrevi, também, que não se pode tomar como um caso de nepotismo sempre que mãe e filha surgem juntas na liderança de uma organização. Não estando obrigado pelo caso a abordar a obra que fez ou que deixou de fazer, só posso concluir que o que falta à Doutora Milucha, isto é, poder real (que já teve), sobra-lhe, agora, em empáfia. E em quantidades industriais.


Não vale a pena nomear aqui quando foi que começou a erosão do poder que já teve. Mas mesmo tendo perdido batalha atrás de batalha (não vale a pena nomear aqui detalhes), a Doutora Milucha continua a fingir que nada mudou. Ela quer continuar a ser o centro do universo. Quer que falemos dela. Quebra, propositadamente, regras protocolares para que se fale dela. Chama a si o protagonismo em cerimónias em que é suposto ser apenas uma de entre muitas.


Não deu conta que o tempo passou por ela. Mas o facto é que a roda girou. A Doutora Milucha perdeu e emergiram novas estrelas no firmamento. Desesperada para que se fale dela, a Doutora Milucha fez de mim, agora, o alvo do seu cada vez acentuado descontrolo emocional. A Doutora Milucha diz, a meu respeito, muita coisa. Não lhe responderei a tudo. Ater-me-ei ao essencial:

I. A Doutora Milucha começa por dizer: “O Sr. Graça Campos não aprende. Já pediu através do Ernesto Bartolomeu para não apresentar queixa por mentiras levianas, meses antes de sair do Semanário onde trabalhou”.

Não sei se a Doutora Milucha faz uso de alguma medicação. Mas, mesmo não sendo especialista, atrevo-me a aconselhá-la a tomar algum medicamento que lhe restaure ou avive a memória. Porque o Graça Campos de que fala neste caso concreto não sou eu. Nunca implorei a intermediação do Ernesto Bartolomeu para evitar qualquer acção judicial. Mesmo porque nunca tomei ciência de qualquer processo judicial que a Doutora Milucha tivesse intenção de promover contra mim ou contra o jornal que eu dirigia. Tenho falado, sim, com EB, mas apenas para trocarmos impressões sobre cachorros, de que ambos somos criadores. A nossa relação não passa disso.

 

II. “O Sr. Graça Campos sempre escreveu o que lhe era encomendado, por quem lhe pagasse melhor e não por convicção”.

Lamentavelmente, gente como a Doutora Milucha não aceita que alguns jornalistas angolanos, sobretudo se de origens modestas, devam exclusivamente respeito à sua consciência. Gente preconceituosa como a Doutora Milucha acha de todo impossível que determinados angolanos sejam capazes de pensar pela própria cabeça. Para gente como a Doutora Milucha, jornalistas como eu não somos capazes de ter convicções próprias. Estamos fadados a ser joguetes de outros. Trata-se de uma ideia fixa contra a qual, confesso, nada posso fazer.

 

III. “Por outro lado, não conseguiu digerir o meu NÃO, quando nos anos 90 me foi pedir dinheiro ao meu Gabinete, com uma conversa muito baixa”.


Esperava um pouco mais de imaginação da Doutora Milucha; supunha-a capaz de fazer um pouco diferente. Não foi, o que é uma pena. Enlamear a minha reputação por via de mentiras desse jaez é artifício demasiado gasto, por excessivo uso. Invente outra coisa e evite a repetição - se não corre o risco de parecer um papagaio. A Doutora Milucha atribui-me um pedido de dinheiro (ou tentativa de extorsão?) numa altura em que era a poderosíssima directora-geral do Gabinete de Investimento Estrangeiro. Uma chamada telefónica dela ao ministro da Segurança ou ao director da DNIC bastaria para me arrancarem o couro cabeludo todo. Por que não o fez? Com muita pena, constato que a Doutora Milucha revelou-se igual a todas as pessoas da sua estirpe. Gente que lança mão de tudo, sobretudo a mentira, para conspurcar a honra e a dignidade alheias. Mas, como em muitas coisas, à Doutora Milucha faltou criatividade para me acusar de prática diferente. O que nela não chega a ser surpreendente. Tão previsível ela é. Embora eu, ingenuamente, esperasse alguma novidade. A Doutora Milucha não sabe – e ela não sabe de muita coisa mesmo: nos anos 90, um jornalista sénior, e eu já o era, vivia dignamente com o seu salário. Não precisava de mendigar junto de ninguém.

 

IV . “Vejo que não mudou e continua a escrever o que lhe vem à cabeça”.


Vai muita confusão pela cabeça da Doutora Milucha. Num outro momento ela escreveu que o “Sr. Graça Campos sempre escreveu o que lhe era encomendado, por quem lhe pagasse melhor e não por convicção”. Agora este mesmo jornalista “não mudou e continua a escrever o que lhe vem à cabeça?” Então, Doutora, em quê é que ficamos? Ponha uma coisa na sua cabecinha, Doutora: Escrevo apenas o que me dita a consciência. Sou diferente de jornalistas com quem a Doutora priva e, pelos vistos, lhes dita a agenda. Se não é capaz de aceitar isso problema seu.

 

V. “Fez o mesmo há cerca de 10 anos, quando a mesma ONG (para gravar um DVD ao vivo), organizou uma gala com todo o apoio GRATUITO da TV Globo, que o Sr. tentou desvirtuar, possivelmente por encomenda. Estranhamente de imediato, alguém que conhece muito bem foi a Globo para que com um contrato pago, o ajudassem a criar o CRIANÇA ESPERANÇA à Angolana”.


Não é só a falar que a Doutora Milucha embrulha as palavras. A escrever também sucede o mesmo. Ou até pior! É muito complicado alcançar-lhe o raciocínio. Mas mesmo não tendo percebido nada, de uma coisa tenho certeza absoluta: esse recado não é para mim. Não tenho e nunca tive nada a ver com qualquer ONG e muito menos tentei “desvirtuar” fosse o que fosse.

Se a Doutora Milucha quer falar do General Fernando Garcia Miala vá direito ao ponto. A Doutora Milucha sempre se julgou detentora de um estatuto que lhe permite dizer tudo o que lhe vai na alma. Use-o então e diga tudo o que quer a respeito do seu conhecido “amigo de estimação”.

 

VI. “Vê-se que conhece o seu público alvo. Mas a quem escreve depois de muito beber, tem de se dar algum desconto”.


Será caso para atribuirmos também a “muito beber” a propensão, irresistível, da Doutora Milucha para a zaragata e falta de decoro? Há uma associação natural entre o “beber muito” e a afronta a procedimentos protocolares universais? Se sim, está tudo explicado!

 

VII. “Para terminar, aconselho-o a pôr os seus filhos, sobrinhos e primos a fazerem o mesmo”. Conselho aceite, mas quero tranquilizar a Doutora Milucha: os meus filhos, sobrinhos e primos já estudam e hão de singrar na vida por mérito próprio. E não precisam de empurrão nenhum de qualquer “grau”.

 

VIII. A Doutora Milucha não sabe, mas a maior parte dos angolanos, entre os quais me incluo, trabalha duro para a sua sobrevivência quotidiana. Nesta sofrida e sofrível vida a pessoas como eu não sobra espaço e nem tempo para bate-papos estéreis como este que a Doutora Milucha me obriga a ter neste espaço a propósito de uma matéria que, está visto, não entendeu.


Por isso, e como tenho mais o que fazer, fico por aqui. Mas deixo a Doutora Milucha perfeitamente à vontade para, se disso for capaz e quiser, marcar um ponto de encontro em qualquer instância judicial. E não se esqueça de “arrastar” consigo todas as testemunhas. Há de precisar delas. Inclua entre elas os donos das tascas onde temos “consumido”...juntos”!