Lisboa - A Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) apelou hoje aos portugueses nascidos no enclave para aderirem ao movimento separatista e participarem na luta pela independência.

Fonte: Lusa

O apelo está contido num comunicado, enviado à agência Lusa, em que a direção política da FLEC/FAC o justifica por o "inimigo", as forças militares do Governo angolano, estar "cada vez mais feroz".


"Face a um inimigo cada vez mais feroz, a FLEC-FAC apela a todos os portugueses nascidos em Cabinda que integrem a FLEC-FAC na luta pelo direito à autodeterminação e pela dignidade do nosso povo, mas também pela honra da terra onde nasceram", lê-se no comunicado.

 

"No respeito da herança transmitida pelo Presidente Nzita Tiago (falecido em junho), a FLEC-FAC está aberta a todos os nossos irmãos portugueses nascidos em Cabinda, com quem partilhamos a mesma ânsia de liberdade para a Nossa Terra", acrescenta-se no documento.

 

Para a FLEC-FAC, todos os portugueses nascidos em Cabinda "têm o dever moral e patriótico" de integrar o movimento e participarem na "sagrada luta pela dignidade" do povo cabindês.

 

Nzita Tiago, o líder histórico do movimento que luta desde 1963 pela independência do enclave de Cabinda, morreu a 03 de junho último, tendo o seu filho, Emmanuel Nzita, assumido a presidência da FLEC-FAC.

 

Logo após a morte de Nzita Tiago e ainda antes da nomeação de Emmanuel Nzita como presidente, a FLEC-FAC anunciou um cessar unilateral das hostilidades durante um período de três meses, trégua que, argumenta, não tem sido respeitada pelo exército angolano.

 

O movimento original, a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), luta pela independência do território, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

 

De Cabinda provém a maior parte do petróleo angolano.

 

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, algumas delas efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que mantém a resistência armada contra a administração de Luanda.

 

A FLEC foi criada oficialmente num congresso que se realizou de 02 a 04 de agosto de 1963, ainda antes da independência de Angola. A cidade de Ponta Negra, no Congo Brazzaville, foi o berço da sigla que se viria a tornar famosa.

 

A FLEC resultou da fusão de três organizações: o Movimento para a Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC), de Luís Ranque Franque, Comité de Ação da União Nacional de Cabinda (CAUNC), de Nzita Tiago, e a Aliança Nacional Mayombe (ALLIAMA), de António Sozinho.

 

Franque assume a presidência da FLEC, Sozinho é eleito secretário-geral e Nzita é vice-presidente e é ele próprio quem abre o escritório do movimento em Cabinda, antes da independência de Angola (11 de novembro de 1975).

No final da década de 1970, a FLEC dividiu-se em várias fações. Além da FLEC-Nzita, surgem a FLEC-Ranque Franque e a FLEC-Lubota, líderes históricos entretanto falecidos.

 

A multiplicação continuou nos anos seguintes com a FLEC-FAC, FLEC- Posição Militar, FLEC-Renovada ou FLEC-Nova Visão.