Lisboa - A Cruz Vermelha Internacional lançou na quarta-feira um apelo de emergência para recolha de 1,2 milhões de euros de donativos para apoiar o combate à mais grave epidemia de febre-amarela em Angola nos últimos 30 anos.

Fonte: Lusa

O apoio, de acordo com uma nota da organização consultada hoje pela Lusa, pretende angariar o equivalente a 1,4 milhões de francos suíços, verba que servirá para apoiar a atividade da Cruz Vermelha angolana, nomeadamente na aquisição de vacinas e apoio direto nos cuidados de saúde e promoção de higiene a nove milhões de pessoas em Angola.

 

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que a Lusa noticiou a 01 de julho, entre 05 de dezembro e 24 de junho, a febre-amarela já tinha provocado a morte de 353 pessoas em Angola, entre 3.464 casos suspeitos.

 

Além disso, a epidemia, que alastrou a partir de Luanda para mais 15 das 18 províncias do país, já está numa fase de propagação local, justificando, segundo a OMS, o alargamento da campanha de vacinação contra a doença a todo o território.

 

De acordo com aquela organização das Nações Unidas, Angola já recebeu cerca de 14 milhões de vacinas contra a febre-amarela e vacinou mais de 11 milhões de pessoas desde fevereiro, numa população-alvo estimada em 24 milhões.

 

A OMS assumiu a 19 de junho que a resposta à epidemia de febre-amarela em Angola, que se propaga desde dezembro, levou pela primeira vez à rutura das reservas mundiais de emergência da vacina.

 

A nota da Cruz Vermelha Internacional refere que "funcionários e voluntários" da estrutura em Angola estão a "trabalhar arduamente para apoiar campanhas de vacinação contra a febre-amarela", inclusive com visitas a casas e ações de sensibilização "porta a porta", concluindo que as "pessoas estão compreensivelmente ansiosas", devido à propagação da doença.

 

A epidemia de febre-amarela de Angola já se propagou a outros países africanos, como a República Democrática do Congo, que até 23 de junho registava 1.307 casos e 75 mortos.

 

Também de Angola foram importados casos para o Quénia (dois) e para a China (11), com a OMS a sinalizar a ameaça de propagação global da doença através de viajantes não imunizados contra a doença.

 

Neste momento, países como Brasil, Chade, Colômbia, Gana, Guiné-Conacri, Peru e Uganda registaram surtos de febre-amarela, mas que não estão ligados à epidemia de Angola.

 

As campanhas de vacinação em Angola recorrem ao apoio dos militares e contam com ajuda financeira e técnica da OMS e da comunidade internacional, para a aquisição de vacinas, tendo arrancado em Luanda, foco da epidemia, nos primeiros dias de fevereiro.

 

A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) "aedes aegypti", que segundo a OMS, no início desta epidemia, estava presente, em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas.

 

Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana desde agosto passado.