Lisboa - A agência de notação financeira Moody's disse à Lusa que a suspensão das negociações para um pacote de ajuda financeira a Angola por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) é negativa para a análise do crédito soberano."A suspensão das negociações com o FMI é negativa do ponto de vista da análise da qualidade do crédito soberano", afirmou a analista Rita Babihuga, em declarações à Lusa.


Fonte: Lusa

O Programa de Financiamento Ampliado (PFA), ao abrigo do qual Angola poderia receber até 4,5 mil milhões de dólares nos próximos três anos, "daria ao país o apoio muito necessitado para as reservas em moeda estrangeira e para o difícil programa governamental de ajuste financeiro, agora no seu terceiro ano consecutivo", disse Rita Babihuga, acrescentando que "a mais longo prazo, o PFA também poderia ter ajudado os esforços do Governo na redução da sua dependência do petróleo".


Ao terminar as conversações sobre um resgate financeiro, Angola "basicamente vai lidar sozinha com as pressões nas contas públicas e nas contas externas", vincou a analista que acompanha a economia angolana a partir de Londres, juntando-se assim à Fitch, que também considerou à Lusa que esta iniciativa era negativa para a qualidade do crédito soberano angolano.


O rácio da dívida pública, que só na semana passada aumentou 333 milhões de euros, subiu de 25% do PIB em 2013 para cerca de 47% no ano passado, "e deve exceder os 50% do PIB já este ano", de acordo com a Moody's, que antecipa também um aumento da despesa pública no período pré-eleitoral.


"Apesar de o Governo ter levado a cabo um ajustamento orçamental substancial nos últimos dois anos, há o risco de as pressões políticas nas vésperas das eleições de 2017 levem o Governo a gastar mais do que o orçamentado, principalmente na ausência de um programa do FMI para ancorar a consolidação orçamental", diz Rita Babihuga.


Lembrando a degradação dos indicadores macroeconómicos, a analista da Moody's conclui que "num contexto de pressões externas e internas, a capacidade do Governo para suportar uma deterioração maior na sua qualidade de crédito sem o apoio financeira e de políticas do FMI é questionável", até porque os riscos descendentes colocados por estas pressões não devem ser eliminados por melhoramentos a curto prazo no preço do petróleo".