Luanda - O Ministério das Finanças angolano confirmou hoje que o Governo descartou um apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), no âmbito do pedido de assistência solicitado oficialmente em abril, justificando a decisão com a subida da cotação do petróleo.

Fonte: Lusa

A informação surge num comunicado enviado hoje à agência Lusa, em Luanda, praticamente uma semana depois de o FMI ter anunciado que Angola desistiu das negociações sobre um eventual "programa de financiamento ampliado" da instituição, pretendendo manter as conversações, ao nível de consultas técnicas, que visam o apoio à diversificação da economia.

 

"À luz do recente desempenho económico e do acesso a financiamento suficiente, Angola não vai pedir financiamento ao FMI. Angola vai continuar o seu programa de assistência técnica com o FMI", esclarece o Ministério das Finanças, acrescentando que as conversações com os representantes daquele organismo continuam apenas em outubro.

 

O Ministério das Finanças explica ainda que o pedido de assistência (Extended Fund Facility - EFF) ao FMI foi feito numa altura em que a cotação do barril de crude atingiu "níveis muito baixos", chegando mesmo aos 28 dólares em janeiro, quando atualmente ronda os 50 dólares.

 

"As recentes alterações no mercado internacional do petróleo trouxeram perspetivas mais otimistas para a cotação do petróleo, tendo em conta a recente recuperação. Este cenário garante ao Governo um maior equilíbrio fiscal", lê-se no comunicado do Ministério das Finanças, que confirma o abandono do apoio financeiro do FMI.

 

Contudo, acrescenta, o Governo angolano "continua fortemente comprometido" com a implementação de uma reforma estrutural no país.

 

O apoio financeiro do FMI poderia chegar aos 4,5 mil milhões de dólares a três anos.

 

O Governo angolano inscreveu no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016 uma previsão de exportação do barril de crude a 45 dólares, agora revista em baixa para 41 dólares.

 

O FMI anunciou a 30 de junho, em Washington, que o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, informou aquela instituição da decisão de manter o diálogo com o Fundo apenas no contexto do artigo IV, de ?consultas', e não para a discussão sobre o programa de ajuda EFF.

 

Aquele organismo internacional tinha anunciado a 06 de abril que Angola tinha solicitado um programa de assistência para os próximos três anos, em termos a discutir.

 

A 14 de junho, no final das reuniões técnicas em Luanda, o chefe da missão do FMI, o economista brasileiro Ricardo Velloso, revelou que o Fundo estava à espera que o Governo angolano dissesse se mantém o seu pedido de assistência financeira, feito numa altura em que o preço do barril de petróleo estava mais baixo.