Benguela - Os últimos acontecimentos na Capupa, município do Cubal em Benguela, em que uma caravana da UNITA e militantes do MPLA gladiaram-se, resultando na morte de 3 (três) pessoas e centenas de feridos. Permitem-nos soltar a voz.

Fonte: Club-k.net

Depois de “comunicados precipitados” e “conclusões inclusivas”, o presidente do MPLA José Eduardo dos Santos disse “lamentamos os incidentes verificados no Cubal, província de Benguela, entre militantes da UNITA e do MPLA. As entidades competentes da Polícia e do Ministério do Interior estão a tomar providências e informaram-me que estão a aprofundar o inquérito para determinar correctamente o que se passou”.


O discurso é sempre bem-vindo. No entanto, não basta lamentar. Mas, sim, seria bom que nestas circunstâncias uma alta delegação presidencial acompanhada do líder máximo do partido conflituante fossem ao local dos conflitos, solidarizassem com as famílias enlutadas, visitassem os sobreviventes e por fim discursassem para a tolerância e paz social. E não falar por falar.

 

É verdade que comummente entre nós acredita-se que a intolerância política é apenas um trabalho das massas. Ou seja, são os militantes de base sobretudo das regiões longínquos do país os autores e instigadores da insensibilidade e da falta de convivência pacífica.

Porém, o problema é mais profundo como parece, à medida que o exercício da democracia fora das grandes sedes provinciais é uma tarefa dificílima.

E quem conhece os bastidores da actuação dos “líderes partidários” nessas localidades, sabe que a larga maioria fomenta a desordem no seio das comunidades.

Por outro lado, os partidários do poder gozam de “privilégios” sobretudo no acesso e manutenção do emprego (concursos públicos com listas provenientes do partido, nomeações…), são os primeiros na ocupação de cargos públicos, nos negócios e outras oportunidades, ou seja ser militante do MPLA é infelizmente sinónimo do “bem-estar”. Não obstante, algumas excepções.


Parafraseando um militante do M que sentiu os seus interesses económicos ameaçados disse aos presentes “sabem porque que uso essa camisola?

 

Enquanto os militantes da oposição regra são perseguidos, bloqueados, causando-lhes situações embaraçosas a fim de se renderem ao partido no poder.

 

Embora alguns também vitimam-se por tudo e por nada. Não fazem auto-avaliação das suas capacidades intelectuais e humanas apontando sempre os adversários políticos como causadores de toda incompetência e azares.
É mais visível no interior da Província actuação de militantes em espécie de milícias como supervisores e informantes. Controlam os passos dos adversários e jovens apartidários, criam cenários desoladores, ameaçam os mais vulneráveis. E aos funcionários públicos medrosos lançam-lhes a “bomba do acto de abandono”, caso neguem a recepção do cartão.


Essas milícias são constituidas por “intelectuais” e um grupo de Sipaios que rodeiam os chefes máximos do partido dos municípios, das comunas, povoações e nos locais mais distantes.


Na maioria alcançam novos militantes com métodos menos ortodoxos: coação moral, promessas vãs e irrealizáveis, e portanto não dormem quando um outro partido começa a ganhar espaço, sentem-se irados e usam tudo da mentira ao boato, até o absurdo.

Quando mais nos distanciarmos das grandes cidades o clima de convivência pacífica na diversidade é mais precária. Porquanto, instrumentalizam as massas, as instituições e as pessoas, esses métodos são eficazes, é só vermos na “apresentação televisiva” de novos militantes como troféus. É pena!

Domingos Chipilica Eduardo