Luanda - Uma criança, com apenas três anos, tem vivido um autêntico calvário nos últimos cinco meses. Foi abandonada e encontrada pela polícia, na área da Vidrul, no Cacuaco, que tratou de a entregar ao Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS). Este, por sua vez, colocou o miúdo no Centro Infantil Tetembua, que é tutelado por aquele Ministério. A criança não fala português, entende apenas algumas expressões. Durante cinco meses, ‘Joy’, como passou a ser chamado, viveu no centro.

Fonte: NG
De dia, tinha a assistência e o acompanhamento das educadoras sociais. O problema era à noite. Sem qualquer casa que o acolhesse, e o centro sem condições de o ter à noite, ‘Joy’ dormia e comia com os seguranças do edifício. Até que uma das antigas funcionárias do centro, entendendo que o miúdo “não tinha condições condignas”, resolveu acolhê-lo em casa, com a autorização prévia da direcção do MINARS. Foi nessa casa que ‘Joy’ viveu os últimos quatro meses e aprendeu a socializar-se.

A antiga funcionária procurou ajuda ao NG, na TPA, nas rádios e nas redes sociais, publicando fotos do miúdo à procura de familiares. E ainda colou fotos nas paredes na zona. Mas em vão.

Quatro meses depois, o marido da ex-funcionária entendeu não ter condições para ter mais uma criança em casa por mais tempo. O casal já tem dois filhos. Além disso, receia que ‘Joy’ sofra de uma broncopneumonia, porque dorme com muitas dificuldades respiratórias. A partir daqui, começou mais uma etapa para o miúdo. A antiga funcionária requereu a ajuda do Instituto Nacional de Apoio à Criança (INAC), onde entregou o pequeno ‘Joy’. Mas aconteceu o que ela mais “temia”: a instituição resolveu encaminhá-la precisamente para o mesmo local, o Centro Infantil Tetembua, no Cacuaco, onde ‘Joy’ já tinha estado.

O director nacional da Criança do MINARS, Sebastião Muondo, em declarações ao NG, não escondeu a surpresa pela forma como o processo foi conduzido, em especial o reencaminhamento, de novo, para o lar no Cacuaco.

Em Luanda, de acordo com aquele responsável, o MINARS trabalha apenas com o lar Kuzola, o único que, nestas situações, “tem condições de albergar crianças, principalmente nesta idade”. Sebastião Muondo prometeu, no entanto, averiguar a situação da criança.

Passos a dar

Em casos de aflição ou se for de noite, quem encontrar uma criança deve primeiro contactar a Polícia Nacional. Mas o mais correcto é chegar junto das administrações municipais, onde há uma repartição da área social, acompanhada pelo INAC e ou pelo MINARS. Todas as administrações, garante o INAC, estão preparadas para receber estes casos, dando-lhes o devido encaminhamento.

Segundo o chefe de departamento e protecção a criança do INAC, Humberto Roberto, por uma questão de segurança e para que ninguém seja acusado de crime de rapto, queam acolher uma criança na rua pode ainda, junto da administração, manifestar a sua intenção de de adoptar. Se no prazo igual ou superior a um ano, os familiares não aparecerem ou não demonstrarem condições de cuidar da criança, o candidato à adopção ao Tribunal de Família de Luanda e fazer o pedido de adopção.