Luanda - Aos funcionários do Governo Provincial de Luanda que se encontram nessa condição estão a ser exigidos certificados e ou declarações que atestem os graus de licenciado ou de bacharel. Entretanto, um alto funcionário do Gabinete de Comunicação e Imagem do Governo Provincial de Luanda, sob anonimato, nega tal informação.

Fonte: OP
O gabinete de recursos humanos do Governo Provincial de Luanda detectou, durante a fase de recadastramento e registo biométrico dos trabalhadores do Estado, a existência de 153 funcionários supostamente indevidamente enquadrados como técnicos superiores de 2ª classe, auferindo salários acima dos 100 mil Kwanzas.

Os referidos quadros encontram-se espalhados nas várias administrações municipais, comunais e distritais e a maioria terá sido admitida na função pública há menos de seis anos. A equipa do general Higino Lopes Carneiro terá sido aconselhada pelos técnicos do Ministério das Finanças que efectuaram o recadastramento do seu pessoal a tomar as medidas necessárias para impedir que os mesmos continuassem a auferir de tais montantes.

Por esse motivo, a directora do Gabinete de Recursos Humanos, Hilma da Conceição Uukinde, solicitou, por meio de um comunicado veiculado pelo Jornal de Angola, na sua edicção de 11 de Julho, a comparência dos referidos técnicos, nos dias 14 e 15, munidos com os respectivos Bilhetes de Identidade. No local, os convocados foram convidados ir buscar os certificados ou declarações que atestam que já concluíram o ensino superior.

“Na verdade, alguns têm apenas o ensino médio e outros frequentavam o ensino superior na altura em que foram admitidos na função pública, sendo que por meio de esquemas ilícitos conseguiram ser enquadrados como bacharéis e licenciados mesmo não o sendo”, referiu um dos funcionários do GPL à nossa reportagem, sob anonimato. Entre os 153, estão cinco funcionários com mais tempo de casa. Um deles confessou que recorreu ao esquema fraudulento para ser promovido porque se encontrava há vários anos na mesma categoria.

Disse que na altura em que surgiu essa oportunidade frequentava o primeiro ano de um curso superior na então Faculdade de Letras e Ciências Sociais afecta à Universidade Agostinho Neto, que recusou a precisar para não ser facilmente identificado. Face à tal prática, mostrou-se esperançado que apenas serão despromovidos e não expulsos da função pública. Na esperança de obter mais informações sobre o assunto, O PAÍS contactou um alto funcionário do Gabinete de Comunicação e Imagem do GPL que se prontificou a esclarecer o processo em curso tão logo recebesse o parecer da sua colega Hilma Uukinde.

Passado o prazo previsto, mais de uma hora, esclareceu, sob anonimato, que os seus colegas não foram convocados para esse efeito mas para uma acção de rotina, e que tal informação não podia ser divulgada. De referir que ainda nesse mês o Ministério das Finanças anunciara a descoberta de 55.127 “funcionários fantasmas”, entretanto prontamente “desactivados” do Sistema de Gestão Financeira do Estado, instrumento que exerce o pagamento de salários aos funcionários públicos. Segundo a Lusa, nesse período foram recadastrados 175.463 funcionários nas províncias de Luanda, Bengo, Bié, Huambo, Uige, Huíla e Benguela.