Luanda - A história é a memória de um povo que lhe dá raízes, lhe compromete no presente ou lhe define no contexto das nações; dá – lhe rosto no passado através de feitos e acções narradas no percurso do tempo, sustenta – lhe através de alicerces iluminando os tempos vindouros. Neste prisma, torna – se imperativo o desfolhar de páginas que expressam a trajectória da saúde pública em países do Primeiro mundo, para que possamos perceber os caminhos estreitos pélos quais aqueles que portam o mais alto escalão de saúde em termos de qualidade, tiveram de trilhar para que chegassem por onde chegaram aos nossos dias, quiçá, teremos de remar péla mesma maré para que nos tornemos iguais a eles, pois, diz o adágio popular: “siga os bons e serás um deles, siga os maus e serás pior que eles”.

Fonte: Club-k.net

A história reza que na Alemanha dos anos 1700/1800 a saúde pública era apelidada de polícia, todavia, no Reino Unido era chamada de sanitarismo, de saneamento e urbanização. (1)

No entanto o crescimento da pobreza nestes países marcavam o despertar da saúde pública, no fim do século XVIII e começo do XIX, houve um grande aumento da pobreza e das dificuldades sociais, a consciência clara dessa sociedade em torno dos problemas vigentes permitiu definir estratégias que visassem banir os problemas resultantes da pobreza, começando pélo facto de terem assumido a pobreza e definir directrizes que visavam transpor os percalços da época. O amadurecimento das relações sociais na Inglaterra deu relevo a busca de soluções ao povo inglês. Os pobres não eram fruto do “não trabalho”, mas eram os próprios trabalhadores empobrecidos pelas relações de exploração. (1)

Este era um novo contexto, também político, onde a burguesia industrial iria tornar - se a classe hegemónica no interior do bloco no poder, definido institucionalmente pelo Reform Act de 1832. Neste, o proletariado, também, se constituía em uma força social, e diga – se que, na Inglaterra, as outras classes
sociais, como a classe média, não tivera peso político importante como na França e na Alemanha.(1)

É dentro desta nova situação social, a do século XIX, com a industrialização e a urbanização, que ocorre tratamento do ambiente, a qual, segundo Rosen, se dá sob a forma de um projecto de Reforma Social que, posteriormente, se transforma em um programa de reforma sanitária, que era praticamente viável. Em 1834, com o novo Parlamento inglês, forma – se uma comissão para estudar e propor soluções para a "Lei dos Pobres" elizabetana, dada a nova realidade da sociedade inglesa. Esta Lei tinha – se tornado um obstáculo para a livre relação entre o capital industrial e a força de trabalho, porque, devido ao seu carácter paroquial e pré - capitalista no tracto da pobreza, impedia o livre vai e vem do trabalhador, segundo a dinâmica do mercado da força de trabalho, amarrando o a urna localidade específica (o município, a paróquia). (1)

Edwin Chadwick o dos principais realizadores da referida Emenda à Lei dos Pobres. Edwin Chadwick tinha em perspectiva a fusão, na prática, dos princípios da Economia
Clássica e do benthanismo; e através da execução destes princípios, liderou todo um movimento de reformulação da máquina estatal, adequando – a à nova realidade política e económica da Inglaterra do século XIX.

Em 1842, Edwin Chadwick realiza uma investigação, que se tornou clássica, o Inquérito Sanitário das Condições da População Trabalhadora da Inglaterra”, no qual mostra a relação entre a presença das doenças e as péssimas condições de moradia, a falta de esgotos, a ausência de água limpa, erros na remoção e tratamento do lixo, etc.

Nesta época, advoga uma relação entre pobreza e doença, na qual esta surge como consequência daquela; torna – se adepto da teoria miasmática, defendendo a ideia de que a saúde é uma questão de engenharia e não de medicina, pois, esta aponta os problemas, mas é aquela que os enfrenta e resolve.

A Saúde Pública, enquanto Sanitarismo, configurará aquilo que serão as práticas sanitárias, restringindo – as a um conjunto de acções sobre os factores que serão encarados como os responsáveis pelo aparecimento da doença colectivamente, e identificados com o meio urbano, que será reduzido à disponibilidade maior ou menor das condições.

Em Angola, existem hoje tremendas circunstâncias por se tornarem resolvidas, no que se refere às condições básicas de saúde, como acesso a alimentos, acesso a água potável, saneamento básico do meio ainda muito precário, moradia e condições sanitárias associadas à saúde Pública não capazes de darem respostas às exigências que a saúde proclama.

 

A pobreza é hoje, um dos principais problemas por se fazer resolvido em Angola, para a protecção à saúde, mas para a sua erradicação seria necessário um esforço conjugado no nível pessoal, populacional e nacional, cuja execução parece remota tendo em vista a presente conjuntura nacional.

 

A exacerbada poluição ambiental com resíduos urbanos, se constitui no principal mentor da destruição dos laços permanentes da saúde pública, todavia, a saúde pública é direitamente proporcional a saúde do meios ambiente, não é possível que se enalteçam os paradigmas da saúde pública se ainda o lixo for dos principais vilões a ser combatido, é necessário acções urgentes que tornam o ambiente sadio e propício para se viver.

 

É necessário que se façam reformas pertinentes nas políticas de saúde pública com vista a impor ordem com fulgor salutar, que forneça indicações optimistas para o futuro. Sem dúvida, ocorreram progressos importantes no que se refere à solução ou controle de alguns desses problemas, mas o caminho a percorrer para se alcançar um estado de saúde pública compatível com o nosso desenvolvimento económico é ainda longo e difícil. É indispensável, especialmente, uma melhoria generalizada na oferta e na qualidade desses serviços. Inversões apropriadas, tanto em infra-estrutura como na formação de recursos humanos com qualidade e com capacidade esperada, são indispensáveis. Os custos para um programa deste tipo são consideráveis, mas eles poderiam ser progressivamente diminuídos à medida que o país se tornasse, pelo menos parcialmente, independente da mão-de-obra estrangeira. E qualquer política global de saúde pública, actualmente, não pode se dar ao luxo de negligenciar a área da genética e da biologia molecular.

 

Inglaterra, Espanha, França e Japão, países da primeira linha em termos de saúde pública, destinam grande parte do seu PIB (Produto Interno Bruto) à saúde pública.

 

Em Angola, há que trabalhar de forma árdua, e esperar que todos os parceiros do estado, assim como a sociedade angolana em si, conjuguem esforços em uníssono com vista a moldar o paradigma da saúde Pública hoje vigente entre nós. Primeiro, é necessário a intensificação da formação do pessoal médico, enfermeiro, e os demais técnicos da área, mas tendo em vista a qualidade como pedra angular, antes poucos, mas bem formados para que possamos ter um país que todos nós desejamos o ter, a saúde é um assunto sério, não como nos demais cursos, as lacunas deixadas no pessoal formado, justificarão a exacerbada taxa de mortalidade para o futuro, cada erro cometido por negligência, dará lugar a situações lastimáveis que porão em causa a vida do enfermo; é necessário que haja fiscalização de instituições que formam profissionais de saúde no seu todo, para que não nos arrisquemos na formação de técnicos desprovidos de qualidade e despidos de ética que façam da saúde numa loja de venda de serviços sem quaisquer qualidade e profissionalismo.

 

É necessário formar agentes sanitários que terão a nobre missão de levar a saúde nas áreas mais recônditas do país, cuja missão seria educar a população sobre os problemas básicos de saúde como o uso de mosquiteiro, a higiene pessoal, o saneamento básico do meio, as consultas pré – natais, os cuidados primários de saúde no seu todo.

 

Os postos de saúde tinham de dispor de recursos materiais capazes de satisfazerem as necessidades dos utentes, e de pessoal capaz de o fazer, e deixar de ser autênticos centros de espera e de transferências de doentes sem soluções prementes para servir aos doentes.

 

A saúde pública Angolana, ocorre de maneira muito diferente em relação ao primeiro mundo. Assim, é de suma importância investimentos cabíveis nesse sector, tanto nos serviços primários, secundários e terciários, a fim de tê-la com mais qualidade. É necessário também, um maior número de faculdades na área da saúde, para que se tenha mais profissionais qualificados e aptos a trabalharem em prol da sociedade. E por fim campanhas com familiares das vitimas com o intuito de mostrar a realidade angolana.


É necessário construir uma metodologia de trabalho para implantação de projectos de saúde pública que não se limitam apenas em processos e papeis sem aplicação prática no cerne da sociedade angolana, mas sim no verdadeiro processo de saúde – doença que ocorre dentro do seio da angolanidade, no seu dia – a - dia nas diversas comunidades, favorecerá o desenvolvimento de acções voltadas para a prevenção de enfermidades dentro do seio social, e na restauração de condições que veiculam a solidificação da saúde no seio social, fortalecendo espaços de troca e produção de conhecimento entre os profissionais de saúde e o povo no seu contexto lacto, voltado para uma melhor qualidade de vida da população angolana.

Por outro lado, o problema em muitos hospitais é justamente a falta de condições técnicas, seja de capacitação, seja de materiais. Tais locais se tornam pouco capazes de responde os paradigmas da saúde pública pela má qualidade resultante do atendimento e sua baixa resolubilidade. Essa falta de condições técnicas e materiais também pode induzir à falta de operacionalidade na saúde pública da população em geral, na medida em que profissionais e usuários se relacionem de forma desagradável, impessoal e agressiva, piorando uma situação que já é precária.


«A missão nobre do profissional de saúde, é servir ao doente, quem não vive para servir, não serve para viver»

 

 

BIBLIOGRÁFICAS.
Merhy EE. Introdução à saúde pública: prática técnica e social. Campinas. 2002.