Luanda - Numa recente entrevista que concedeu à rádio MFM, o deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA, António Francisco Adão Cortez ou, simplesmente, Chicoadão, disse que estava seriamente preocupado com os problemas do povo, ao ponto de ir disfarçadamente às “bichas do sofrimento” para, segundo ele, “ Ver, ouvir e…falar”.

Fonte: Club-k.net

Para Para quem conhece de perto Chicoadão, um antigo piloto de voos de pulverização do Ministério da Agricultura, cronista do Jornal de Angola e jurista de formação sabe que ele deixou há muito de “ Ver, ouvir e…falar” sobre o sofrimento do povo, tendo, de tempo a esta parte, optado pelo silêncio comprometedor.


Dizem que as suas afirmações cheiram a uma dose de populismo e hipocrisia, a avaliar pelos sinais exteriores de riqueza que actualmente Chicoadão ostenta, que mais parece “rendido ao vil metal do que comprometido com o sofrimento do povo”.

 

Recordam que até ao limiar dos anos 90, altura em que começou a escrever para o Jornal de Angola, ele não passava de um quadro intermédio do aparelho do Estado, um humilde militante quase sem visibilidade no seio MPLA, sem dinheiro, que sofria com o povo.

 

Na verdade, foi através da coluna “Ver, ouvir e…falar”, publicada aos domingos, que Chicoadão começou a ganhar uma certa notoriedade, ao ponto de ter sido considerado um dos colunistas mais “incendiários” do JA devido aos ataques “mortais” que desferia à oposição interna, sobretudo à UNITA, bem como aos “inimigos externos da Revolução”.


Reza a história que após a assinatura dos acordos de paz em Abril de 2002, entre o Governo e a rebelião armada, o então cronista do JA chegara mesmo a sugerir a morte em “kacheche”, ou seja, às escondidas de alguns responsáveis e militantes do partido do Galo Negro.

Presume-se que a sua longa militância partidária aliada ao seu radicalismo na imprensa terão sido factores determinantes para a sua ascensão política, tendo sido eleito deputado pela bancada do “ÊME” em 2008.

 

Durante alguns anos, no Cassenda, bairro onde vive, Chicoadão foi tido como uma espécie de “porta-voz” das camadas mais desfavorecidas, gozando de uma grande popularidade entre os vizinhos devido à forma como se relacionava com os mesmos, bem como partilhava as suas lamúrias. Para alguns, ele era o “Pai Grande do bairro”, que “ não se conformava com os excessos do poder e da riqueza”.

 

Mas, com o passar do tempo, o Chicoadão foi aos poucos distanciando-se das massas populares, ao mesmo que exibia grandes máquinas sobre quatro rodas e, num gesto de extrema arrogância, deu-lhe uma de proibir o estacionamento de viaturas em frente à sua casa.

 

Consta que para melhor proteger o “seu” espaço territorial, não só se coibiu de mandar colocar lá duas enormes placas a impedir o estacionamento dos veículos, como também tem ameaçado com uso do recurso força quem se atreva a desafiar às suas “ordens superiores”.

 

Hoje, o nosso deputado do “povo” e autor dos livros “Pontos nos iii’s” já não cumprimenta ou se mistura com as massas populares da vizinhança, provavelmente, com medo de apanhar sarna ou outra patologia infecto-contagiosa.