Luanda - O grupo de kinguilas que ficou sem o dinheiro, numa operação de efectivos da divisão do Rangel, vai recorrer ao ministro do Interior e ao comandante-geral da Polícia Nacional. As mulheres querem o dinheiro de volta e ninguém lhes diz onde está.

Fonte: NJ

Milhões apreendidos  em parte incerta

Passados mais de dois meses desde que um grupo de kinguilas foi detido por efectivos da Polícia Nacional pertencentes à divisão do Rangel, até esta quinta-feira, 28, os valores apreendidos durante a operação (mais de dois milhões de kwanzas) continuam em parte incerta.

 

Anita Kapassa, uma das lesadas, disse que há dois meses que ela e as colegas vão à Direcção Geral da Inspecção do Comando Provincial de Luanda e não têm recebido boas notícias por parte daquele órgão. A única resposta que obtêm é que o caso está sob investigação.

 

"Nós sentimos que a polícia se está a recusar a devolver o nosso dinheiro. Não estamos a perceber o que é que se está a passar, e o pior de tudo é que ninguém nos vem dizer nada de concreto. Todos sabem que foram agentes da polícia que estiveram no local, eles estão todos identificados, não percebemos o porquê da demora", desabafou.

 

Elas acreditam que a única solução para resolver o problema é marcar audiências com o ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, e com o comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos.

 

"O primeiro passo que demos foi ir ao Comando-Geral da PN, mas informaram-nos que o comandante não se encontra no país. Já não sabemos mais o que fazer, já tentámos tudo. Já tentámos o comandante provincial de Luanda, António Maria Sita, mas os nossos esforços foram em vão", lamenta.

 

A demora na devolução dos valores, sugere, deve-se ao facto de uma boa parte do dinheiro se encontrar em parte incerta. "Eu e as minhas colegas conversámos com um investigador e ele disse-nos que a primeira informação que nos deram, a dizer que o dinheiro está no banco, não corresponde à verdade. Há três semanas, disseram-nos que os polícias envolvidos no processo já foram ouvidos e todo o dinheiro já tinha sido encontrado. Isso não é justo", reclamou.

 

Por sua vez, Rosa Caetano, outra das vítimas, diz não saber mais o que fazer "As minhas filhas estudam no colégio e, neste momento já não estão a ir à escola porque não tenho como pagar a mensalidade. Nem para dar de comer aos meus filhos tenho dinheiro. Peço a todas as pessoas de boa fé que nos ajudem, porque os agentes da polícia não podem estar a fazer isso com o povo", queixou-se.

 

A apreensão do dinheiro ocorreu a 24 de Maio, quando um grupo de mais de quatro kinguilas foi surpreendido por agentes da Polícia Nacional, que do local levaram mais de dois milhões de kwanzas, em montantes desiguais (2.000.530 Kz, 100.000 Kz, 80.000 Kz e 94.000 Kz).

 

Contaram que, no dia do episódio, os agentes da ordem não apresentaram nenhum documento de busca, o que as levou a concluir que era uma acção ilegal, montada apenas para ficarem com o dinheiro.