Luanda - A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) reivindicou hoje a morte de mais 10 operacionais das Forças Armadas Angolanas, elevando para quase 40 os mortos em ataques realizados no último mês pelas Forças Armadas Cabindesas (FAC).

Fonte: Lusa

Num "comunicado de guerra" enviado à Lusa, em Luanda, e assinado pelo chefe de Brigada de Mayombe Sul da FLEC/FAC, Afonso Nzau, refere-se que os novos ataques aconteceram entre sexta-feira e sábado últimos e uma terceira operação levou à queima de seis camiões que transportavam ilegalmente madeira local.


As vítimas mortais entre militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) decorrentes de ataques anunciados pelos independentistas de Cabinda no interior do território elevam-se desta forma a 40, em menos de um mês.

Segundo a mesma informação, um dos ataques a destacamentos militares agora reivindicado teve lugar em Bitchequete, na área entre Dinge e Massabi, durante o qual quatro soldados das FAA morreram.

"Na operação, a FLEC/FAC recolheu uma peça de artilharia e armas ligeiras abandonadas pelos soldados angolanos em fuga", refere o comunicado.

Não foi possível à agência Lusa confirmar a veracidade das informações sobre os confrontos em Cabinda, província que garante grande parte do petróleo exportado por Angola, junto do Governo angolano.

Já os independentistas acrescentam que na mesma ocasião, na estrada que liga Panga Mongo a Necutu, na mata de Lucanga, três veículos das FAA foram atacados e queimados pela FLEC/FAC, operação que resultou, afirmam, na morte de mais seis soldados angolanos e ferimentos noutros nove, estando um desaparecido.

Ainda no dia 05 de agosto, a FLEC/FAC refere ter intercetado e atuado sobre uma coluna de seis camiões com madeira, alegadamente a mando de elementos do regime angolano.

"A FLEC/FAC procedeu ao controlo e identificação de todos os motoristas que tiveram de abandonar os camiões e receberam o aviso de não participarem no tráfico de madeira, não sendo respeitada a advertência na próxima interceção podem sofrer consequências graves pelo incumprimento da ordem", referem.

Acrescentam que "todos os camiões de madeira extorquida foram carbonizados" e que "as carcaças de camiões ainda permanecem no local".

Retomando um aviso anterior, o comando da FLEC/FAC volta pedir neste comunicado, ao Governo chinês, o repatriamento dos cidadãos nacionais a trabalhar em Cabinda.

"A sua presença no nosso território constitui uma provocação", lê-se no documento.

A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do território angolano.

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC-FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.

O conflito em Cabinda aparenta um recrudescimento desde março passado.

O novo presidente da FLEC, Emmanuel Nzita, reafirmou a 13 de junho a continuidade da "luta" pelo "direito inalienável à autodeterminação e independência" em relação a Angola, apelando para a "união" contra "comportamentos desviacionistas".

Em comunicado ao povo de Cabinda, enviado também na ocasião à agência Lusa, Emmanuel Nzita, que assumiu as funções após a morte, a 03 de junho, do fundador e presidente da FLEC e Forças Armadas Cabindesas, Nzita Henriques Tiago, aponta o "dever coletivo" de "honrar a herança" do mentor da organização.

"Na FLEC-FAC temos a obrigação e o dever de reforçar, reestruturar e nos manter firmes na continuidade da luta do povo de Cabinda ao seu direito inalienável à autodeterminação e independência", afirma Emmanuel Nzita, filho do fundador da organização.