Luanda - Era uma vez, no musseque do Walale, bairro Zango II, na cidade capital Luanda, República de Angola, continente Africano, onde vivia um menino de 14 anos de idade, chamado Rufino António.

Fonte: Facebook

Um verdadeiro menino Ngangula 

O menino Rufino, que vivia com os seus pais , estudava a 4a classe numa escola comparticipada, e "o maior sonho dele era ser polícia".


Naquela altura, Angola, o país do menino Rufino, completaria 41 anos desde a conquista da Independência Nacional contra o colonialismo português.

 

Infelizmente, a ambição ao poder causou uma guerra civil nos primeiros 27 anos da Angola Independente, isto é, até o calar das armas em 2002.

 

Naquela ano, o então presidente José Eduardo dos Santos, que esteve no poder desde 1979, consagrou-se como "o arquiteto da paz", supostamente por ter morto em combate o seu irmão angolano, Jonas Malheiro Savimbi, numa operação militar executada pela Polícia de Intervenção Rápida (PIR), liderada pelo então brigadeiro Carlitos Wala.

 


Coincidentemente, não era só o menino Rufino António que tinha 14 anos de idade, mas também a paz do calar das armas em Angola.

 

Um incidente horrível que começou na Quarta-feira, dia 3 de Agosto de 2016, no musseque do Walale, bairro Zango II mudou a história daquela localidade e terminou com a vida heróica do menino Rufino.


Na madrugada daquela Quarta-feira, os moradores do musseque do Rufino, foram surpreendidos por militares das Forças Armadas de Angola, incorporadas no Posto Comando Unificado (PCU) em Luanda, liderada por Carlitos Wala, que havia sido promovido a patente de Tenente General.

 

Num país que se dizia viver num período de paz, sem aviso prévio ou qualquer notificação, os moradores do bairro do menino Rufino foram cercados e brutalmente expulsos a tiros por militares do Tenente General Wala, e suas casas foram injustamente demolidas.

 

Os moradores haviam apresentado os documentos legais das suas casas, emitidos pela Administração e justificavam que as terras pertenciam-nos por muitos anos porque eram zonas de cultivo, mas os militares receberam "ordens superior" e os expulsavam a tiros a queima-roupa, dizendo que as pessoas ocuparam e construíram ilegalmente em zona fundiária pertencente a Sociedade de Desenvolvimento da Zona Econômica Especial Luanda - Bengo (ZEE-EP).

 

Passado três dias, isto a 6 de Agosto de 2016, o governo já havia destruído mais de 600 casas no musseque do Walale, deixando várias famílias sem casas, vivendo ao relento e em condições extremamente desumanas.


Os moradores ficaram sem acesso a água porque os militares cavaram buracos nas ruas que davam acesso ao bairro, impossibilitando a entrada de carros e motorizadas.


Os moradores resmungavam e alguns mais corajosos protestavam mas os militares do governo e do Tenente General Wala, agrediam e expulsavam-nos.

 

Naquele Sábado, o menino Rufino António procurava entender as razões que levaram os militares do governo destruírem as casas no seu bairro.

 

Corajosamente metido entre a multidão, o menino Rufino foi perseguido por militares.

 

Fugindo dos tiroteios a queima roupa, naquele dia 6 de Agosto de 2016, o menino Rufino António foi atingido por uma bala na nuca, caindo ao chão de centenas de casas demolidas, onde o seu sangue derramou até o seu último suspiro de vida.


O governo apercebeu-se que estava errado e para tentar justificar-se já à última da hora, notificou os moradores num dia depois da morte do menino Rufino António, afirmando que os habitantes deviam abandonar a zona no prazo de 15 dias porque as demolições injustas e forçadas iriam continuar.

 

Rufino morreu como um mártir, porque queria saber das razões que levaram o governo e os militares do "arquiteto da paz", José Eduardo dos Santos, a destruírem as casas do seu povo. Ele morreu corajosamente como um herói da luta contra as demolições injusta das casas de pessoas pobres e indefesos.

 

"Perdemos o filho, perdemos a casa. Não temos sequer dinheiro para dar um funeral digno ao nosso Rufino," disse o pai do menino, que lutou contra as injustiças do anos da paz que está a matar mais do que guerra.