Zaire - Tem-se ouvido repetidamente a seguinte frase: "Angola tem rumo", e se levanta a seguinte questão: "Angola tem rumo?". Antes de responder esta questão, importa aqui incluir dois pensamentos que servirão como suporte para esta reflexão. Primeiro pensamento encontra-se, nas sagradas escrituras em Provérbio 11:14, e diz o seguinte: "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança". E o segundo pensamento encontra-se na filosofia Africana e diz o seguinte: "On'koko diwa tekama muna lebua gua o malongi ke mu kondua n'longiko" que traduzido para português é, o homem se desvia não por falta de conselheiros, mas por não acatar os conselhos. Mas este pensamento Africano pode também ser vista no noutro ângulo, que é: "on'koko diwa tekamena ke mu lebi zola o malongi, kansi mulanda o malongi mana ka vewa", que traduzido para o português é, o homem nem sempre se desvia por não acatar os conselhos, mas por acatar os conselhos.

Fonte: Club-k.net

Estes dois pensamentos visam dar conselhos. Os conselhos duma forma geral, podem fazer com que um país possa progredir ou retroceder, e desempenham um papel fundamental para que haja boas lideranças ou péssimas lideranças. Existem conselhos armadilhados e conselhos sábios.


1. Conselhos armadilhados: estes conselhos vem carregados somente de elogios, de glorificação e de endeusar, e em função disso, o aconselhado devido esta excessiva carga de elogios começa a marcar passos errados... mas quem faz estes conselhos a intenção ou o objetivo não é defender o bem de quem aconselha, mas defender o seu interesse individual. Ela forma péssimos líderes e leva o país para o caos e em pobreza.

2. Conselhos sábios: estes conselhos chamam o aconselhado a razão, e elas têm a finalidade de permitir com que o receptor trilhe na forma mais condigna. E estes conselhos tornam possível que o legado do receptor seja a mais adequada. Ela forma boas lideranças e leva o país ao desenvolvimento.


Importa aqui salientar que ao aconselharmos, há momentos, em função das atitudes positivas que teve o aconselhado, merecem serem aplaudidas ou bater-se palmas, mas torna-se bastante questionável, anormal até suspeito, quando se vê individualidades com alguma responsabilidade social e política e outras individualidades, batendo palmas de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro! Ou batendo palmas de 2002 a 2016! Mas porque agem desta forma? Esta questão terá seu tratamento mais adiante.

Então, Angola tem rumo? Respondo que sim, na verdade o país tem rumo, mas coloco-me uma questão no mesmo instante, se o país tem rumo, qual é o rumo que o país tem? O rumo sendo um percurso, ela deve ser vista em duas vertentes, tais como: na vertente progressiva e na vertente regressiva.


Na vertente regressiva o rumo de um país efectua ou marca passos atrás quer dizer ocorre o retrocesso dos presumíveis ganhos que se registaram no determinado tempo. Já na vertente progressiva o rumo de um país é materializado através dos avanços ou nos passos a frente que se dá nas mais diversas áreas. Deste modo, se analisarmos com honestidade intelectual, chegaremos a uma única conclusão sobre o rumo que o país tem. E não é ser pessimista afirmar que em função daquilo que "todos nós" sentimos na pele, o rumo que o país tem é regressiva. Pois a realidade concreta prova isso ou a vida do dia-a-dia mostra claramente que o país tem um rumo regressivo. Mas a ideia que muitos passam é que o rumo que o país tem é progressivo, que é uma inverdade. Pois há várias provas que deixam cair por terra estas alegações. Mas como é possível, um "académico" em função da conjuntura emitir opiniões dizendo que o país esta num rumo progressivo? E quando são pedidos para argumentar, o porquê desta opiniões. Surgem termos como: "há linhas mestras, linhas não sei de que, programas x e y, medidas a ou b", Enfim tanta teoria mas a execução destas tantas linhas e programas não se verfica na prática. Esta atitude é anormal pois a universidade não forma bate palmas, mas sim massa crítica, que quer dizer a universidade forma quadros com a finalidade de dar soluções para a sociedade e estas soluções devem ser práticas.


É bastante lamentável quando os "académicos" falam dos respectivos graus académicos e nas prestigiadas universidades onde foram formados, mais quando olharmos pelas opiniões técnicas que emitem, elas se resumem no seguinte: "Estamos num rumo certo", "Angola tem rumo" ou " estamos mbora bem", é lamentável para o nosso país que pretende desenvolver-se. Por isso hoje o país que já estava a "marcar os passos" actualmente esta a gantinhar, devido ao pessímo trabalho de "académicos", que estão nas mais diversas frentes.


Podemos presumir que esta atitude visa não degradar mais a imagem do executivo, agora, será que nos Forum próprios tem havido um debate interno, visando encontrar soluções mais práticas, pois nas teoricas presumo que não têm encontrado mais um espaço nas tantas gavetas que existem nos mais diversos departamentos? Em função da conjuntura, sou obrigado afirmar que este debate mesmos nos forum próprios não tem havido na sua plenitude, pois se houvesse então o país não estaria a gantinhar. Notasse noutros países, militantes do partido que sustenta o governo emitirem opiniões contrárias segundo o posicionamento do partido que sustenta o governo na qual o mesmo é militante.


E em Angola muitos que hoje assumem vários cargos no partido que sustenta o governo e no respectivo governo, tiveram formação em muitos desses países onde a democracia participava não se resume em bater palmas. Como uma vez terminado a sua formação voltam em Angola e não trazem consigo esta visão de fazer política ou de estar na política para Angola? Porque é que um militante que emite uma opinião contrária sobre o partido ou sobre o governo deve ser considerado como um traidor, agitador ou incendiário? Afinal a militância se resume em bater palmas ou emitir opiniões carregada de elogios ou em endeusar?


Esta mentalidade arcaica de fazer política é um cancro que enferma o país, e coloca-lhe embora com 14 anos de paz a gantinhar. Angola só marcara passos para o rumo progressivo, quando alterarmos a nossa maneira de fazer a política, dentro do jogo democrático. Pois notasse que há uma tendência em Angola de se resumir a democracia numa só vertente que é a democracia representativa, ora esta atitude não permite o exercício pleno da cidadania, pois há o exercício da cidadania duma forma plena, quando a democracia participava é exercida.


E este kafriki a democracia participativa leva com que ao nível partidário e governamental haja insuficiências na liberdade de expressão. Pois quando alguém envereda no exercício da liberdade de expressão notasse depois um isolacionismo por parte da esmagadora maior ao nível partidário e governamental e surgem termos como: "aquele, não está connosco", "não é nosso", "é um incendiário", "é um agitador", etc. Mas, só sê é militante exemplar, activo defensor da causa do partido ou só sê é bom cidadão quando se bate palmas de 1 de janeiro a 31 de Dezembro? Então que país estamos a construir? E o mais agravante é que o jovem que é a força motriz, o sangue novo, e ainda com uma responsabilidade social e política traz consigo discurso dos anos 50, 60, 70, 80 e 90. É um retrocesso, pois os problemas que devem ser resolvidos hoje são remetidos ao futuro, e volta-se nas makas dos kotas, que a meu ver já não se adequam nesta realidade. Pois se viajarmos ao passado deve ser com o objectivo de tirarmos algumas ilaçoes para podermos projectar o país, para uma democracia no verdadeiro sentido da palavra, e não voltar nos discursos como: " ele é que tinha feito isso ou ele é que tinha feito aquilo, etc. " Este discurso está ultrapassado, pois é uma desonestidade intelectual justificarmos problemas tais como: a subida do preço do pão, da estradas construídas no intervalo de tempo de 2002 a 2014 e muitas delas num estado de degradação, condomínios construídos no intervalo de 2002 a 2014 com apartamentos já com fissuras, obras inacabadas no intervalo de tempo de 2002 a 2014, funcionários públicos com problemas de promoção na carreira, a última reforma educativa, o controlo quase total da economia pelo mercado informal, etc. Seja fruto das makas que vivemos por exemplo nos anos 50 a 90.


Hoje as nossas lutas são diferentes a dos anos 50 a 90, nós como jovens devemos viver a nossa realidade e não viver o passado. Pois o rumo regressivo que o país vive não se deve aos factos dos anos 50 a 90, mas são em função das políticas que foram sendo adotadas a partir dos anos 2002 que nos levaram neste rumo regressivo. Então emitir estas opiniões é sinónimo de não ser patriota? Claro que não, pois, não emitir estas opiniões, isto sim é um sinónimo de não ser patriota. Pois o discurso que o país, tá mbora bom mostra claramente o quanto individualista somos, pois quem ama este país deve afirmar que o país não tá mbora bom, e se deve mudar a forma de fazer política.

Em suma qual é o critério que se tem usado para a nomeação dos quadros? Há um perfil que permite esta nomeação, e "todo mundo" tem a consciência da sua existência, mas nega a sua existência publicamente, este perfil não se encontra em nenhum documento oficial, mas ela existe e já anda incorporada na mentalidade de "todo mundo". Este perfil, basea-se no seguinte: aquele que pretende ascender ou ser nomeado no cargo x ou y, deve bater palmas de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro, quer dizer, branquear a realidade, de que forma? Emitindo opiniões podendo ser técnicas ou não, nos meios de comunicação e não só que "tudo está bem no país" ou "justificar as falhas actuais, com problemas dos anos 50 até nos anos 90". Desde modo um quadro que ascende a base desse perfil qual será o contributo para país?

 

Por isso hoje em menos de um ano e meio estamos ou nos encontramos nesta situação, pois por mais que branquearmos a realidade, a real situação em que está o país vem sempre a superfície. E devido a sede pela chefia, os quadros chegam a usar calúnias e difamações, contra os seus compatriotas visando agradar o chefe, para ser nomeado, mas como o tempo é dono da verdade, passa-se anos e anos e não se encontra provas para estas calúnias, chegando mesmos a cair por terra estas alegações, isso tudo devido a ambição pela chefia. Esta mentalidade dos fins justificam os meios, que já está enraizada na nossa sociedade deve acabar, pois quem diz: tudo está bem, não dara um bom contributo ao país, pois sê para este quadro tudo está bem e país precisa de ideias novas para ultrapassar a conjuntura em que se encontra porque se perder tempo em promover estes tipos de quadros, que na verdade estão a afundar o país? Se pretendemos alterar o rumo actual em que o país se encontra devemos reformular, repensar, etc. A nossa forma de estar na política, pois ela tem um reflexo na vida da sociedade e deve se apostar na competência do quadro e não porque o mesmo bate palmas de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro.