Luanda - De acordo com informação transmitida esta sexta-feira pelas autoridades angolanas, os antílopes foram mortos no Parque Nacional de Cangandala e na Reserva Nacional Integral do Luando.

Fonte: Lusa

Oito palancas-negras-gigantes, espécie que apenas vive em Angola, com menos de 200 exemplares, foram encontradas mortas pelas autoridades na província de Malanje, abatidas nos últimos dias por caçadores furtivos.

De acordo com informação transmitida esta sexta-feira pelas autoridades angolanas, os antílopes foram mortos no Parque Nacional de Cangandala e na Reserva Nacional Integral do Luando, no município de Luquembo, também em Malanje.

Segundo a imprensa local, há igualmente registo de fiscais destas reservas que se queixam de ser alvejados por caçadores furtivos.

“As multas são um pouco fracas, estimula os caçadores furtivos. Acho que podemos encarar a possibilidade de fazer-se uma lei que possa preservar este parque de Cangandala e o de Luando, uma coisa direcionada só para estes animais raros que temos aqui”, defendeu o governador da província de Malanje, Norberto dos Santos ‘Kwata Kanawa’, que na quinta-feira se deslocou propositadamente àquelas áreas.

Angola está a fazer o levantamento do número de palancas-negras-gigantes, mas o cenário é tido como negativo, com pouco menos de duas centenas de exemplares, sendo o único país onde é possível encontrar este antílope, alvo de caçadores furtivos.

“O último levantamento exaustivo foi feito em 2013 e apontava entre 90 a 100 exemplares, exclusivamente no sul da província de Malanje, mas só metade acompanhados. Acho que há todas as razões para estarmos muito preocupados, a situação não é nada boa”, reconheceu em junho, em entrevista à Lusa, Pedro Vaz Pinto, coordenador do projeto nacional de preservação da palanca-negra-gigante.

Originária de Malanje e da vizinha província do Bié, a caça furtiva, que continua a fazer-se sentir, colocou esta subespécie da palanca-negra na lista dos animais mais raros do mundo, em que por exemplo uma epidemia pode simplesmente acabar com a sua presença.

“Uma população que está reduzida a números tão pequenos pode desaparecer de um momento para o outro, mesmo que estejamos atentos e com capacidade para reagir”, admitiu Pedro Vaz Pinto, da fundação Kissama, que lidera este projeto de conservação.

A palanca-negra-gigante integra a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais como estando em perigo crítico de extinção. Durante o período da guerra civil em Angola, entre 1975 e 2002, por falta de informação, chegou a pensar-se que a espécie estava extinta.

Considerado um dos mais icónicos, maiores e mais belos antílopes do mundo, A palanca-negra-gigante é assim “um dos animais mais ameaçados de extinção no mundo”, recorda o coordenador do programa de preservação.

Das cerca de 170 a 180 que se estima ainda viverem em Angola, apenas à volta de 40 exemplares, distribuídos por duas manadas, são controlados pelas autoridades angolanas, no Parque Nacional de Cangandala, criado em 1970, e com uma área de 630 quilómetros quadrados.

Nesta área no sul da província de Malanje foi criado uma espécie de santuário, para acompanhamento da espécie, em que segundo Pedro Vaz Pinto tem sido possível fazer reprodução da palanca-negra-gigante.

Os restantes estarão distribuídos também pela Reserva Nacional Integral do Luando, criada no município de Luquembo, também em Malanje, para garantir a continuidade da espécie, uma das principais imagens de marca de Angola.

“As restantes manadas estarão selvagens, sem qualquer tipo de constrangimentos às suas deslocações, mas com caça furtiva terrível”, conta o responsável.

Para tentar saber quantas palancas-negras-gigantes existem atualmente nestas duas últimas zonas, a fundação Kissama, juntamente com as autoridades ambientais angolanas, pretendem fazer um levantamento aéreo com contagem no terreno e colocação de equipamento de controlo em alguns dos animais.