Luanda  - Querido General Wala, acredito que ninguém de forma individual e unilateral pode falar em nome de toda sociedade Angolana. Muito menos em situações como estas, em que alguém paga com a própria vida, por erros que se cometem.

Fonte: Facebook

Mas há algo que a maioria das pessoas, fazendo o uso do bom senso, aceitariam: as mensagens de desculpas e reconhecimento, e de que houve falhas no procedimento de desalojamento, vindo de Vossa Excelência.


Li as mesmas numa suposta entrevista dada ao Jornal Folha 8, ou nos meios de comunicação em Geral, acho que o Club-K também publicou.


Pessoalmente, penso que só o fato de Vossa Excelência se desculpar e reconhecer que a morte do adolescente Rufino é uma tragédia provocada pelos agentes do Estado, em particular o Exército, já é louvável a atitude de vir ao público se desculpar. E rompe um vício do qual o poder público em Angola nesses 40 anos nos habituou, a fazer do silêncio o caixão onde tudo se enterrava: a culpa e a vítima.


Sinceramente, sou de opinião que Vossa Excelência e a corporação de que o mesmo faz parte só têm a ganhar com tal gestos. Mas ultrapassando as desculpas, e sem querer pôr "mais fogo" naquilo que se revelou um "incêndio", através desse meio, certas perguntas não calam. Ou seja, há gargantas e bocas que evocam as mesmas.

 

É sobre a função e o papel do Exército Angolano nos limites do território nacional. Como Angolano, preocupe-me, sim, em saber e tento me informar sobre o papel das Forças Armadas Angolanas no Território Nacional. Até porque acredito que foi o mau emprego dessas funções que hoje já não temos Rufino entre nós.

 

É pensando nisso que pedimos -e aqui posso falar em nome de toda a sociedade angolana- uma rigorosa investigação em duas frentes;

 

Primeiro, o encontro e a responsabilização da pessoa física,pessoa natural,soldado ou oficial que apertou o gatilho, provocando assim o disparo que ceifou a vida daquele que ainda poderia se considerar uma criança.
Segundo, também em nome de toda a sociedade Angolana, pedimos, sim, a apuração de responsabilidade daquilo que se pode considerar o desvio de função das Forças Armadas em Campo. Não está demais recordar, Camarada e Caro General,que não estamos mais em Guerra. Essa já, felizmente, é coisa passada de nossas vidas. E nisso Vossa Excelência teve um grande papel. E é aqui que quero enaltecer o adjetivo usado no título dessa mensagem, "admirável". E me dirigir com sentimento de gratidão por ter escrito umas das páginas mais brilhante de nossa história, que consistiu em trazer a Paz para todos os Angolanos.


Por isso,também, é em nome dessa paz que um dia nos brindou a todos, que a sociedade angolana pede justiça, que os eventos, as falhas e os erros que provocaram a tragédia que levou tão cedo um ser inocente não sejam impunes.

Em outras palavras que se faça justiça de verdade.

Afinal, a Paz só tem sentido quando sobre ela ou junto dela a justiça se sobre põe, a justiça possa reinar entre as pessoas de bem.

Vir ao público reconhecer falhas, num país como nosso em que todo mundo se sente um chefe brilhante e imaculado, é coisa que caracteriza as pessoas de bem.

E o que mais temos certeza é que o Senhor, hoje admirado pela maioria dos Angolanos, é um homem com esse atributo.


O Senhor como membro e parte dessa corporação militar, alma e corpo da nação angolana e do Povo de Angola, um dia nos entregou a Paz, quem sabe nasce de você também a esperança de se ter habito nesse país de se fazer justiça, quando os injustiçados clamam pela mesma.

Nelo de Carvalho