Luanda - Enquanto militante do MPLA vejo - me defraudado neste fim de mandato e encurralado. Posso criticar? Não. Por decência e civismo não. Durante todo este período preparatório do nosso congresso o partido fechou - se totalmente e submeteu - se a ditadura dos membros do comité central os quais encetaram bloqueios administrativos e ideológicos inconformes com as normas estatutárias e ideário democrático de que nos temos batido.

Fonte: Club-k.net

Os membros do comité central não se consideraram cessantes. Pelo contrário, usaram de forma indevida o poder dos militantes e introduziram no processo eleitoral vícios do passado os quais têm garantido a sua tranquila e pouco transparente continuidade privilegiados pela condição hierárquica avantajada Foi com directivas intimidatorias a todas as direcções provinciais do partido que se procedeu à blindagem dos seus próprios lugares, colocando-se bloqueios impeditivos a candidaturas renovadora alternativas. O membros do CC proclamaram com antecipação o seu próprio " presidente" como vencedor antecipado e candidato único ao declarar horas depois à abertura do processo o sentido do voto apelando à disciplina partidária, um expediente que deveria conhecer o devido congelamento temporário e dar acesso ao período de campanha interna. Terá sido o medo de derrota que forçou acto anti- democrático. Pessoalmente encontrei com sorte potenciais candidatos a presidente do MPLA com largas vantagens de ganhar este mandato que vai até 2020!

Ficamos nós assim, os militantes, impedidos de concorrer por alegada fidelidade por imposta lealdade ao órgão que devia aceitar submeter - se a alternativas e ao livre crivo militante.


Se o partido não é fechado, aquele procedimento lesou direitos e liberdades, e sugeriu o seguidismo , cego e ameaçador de um processo eleitoral que deveria ser fortificante, de vitalidade e espirito renovador, capaz de gerar as mudanças que a decência democrática impõe hoje no mundo à todas organizações. Os membros do comité central não cuidaram de proteger os direitos dos militantes e partiram para a imposição, numa condição de absoluta vantagem que macula a verdade.


Militantes com sobeja acutilância, esmero político, muitas vezes sacrificados e com histórias heróicas viram suas oportunidades cercadas e desrespeitadas. Alguns perderam definitivamente a chance de se candidatar, violados de modo grosseiro os seus direitos de cidadania e construção do seu melhor nome, devido à máquina " repressiva" da nossa própria organização posta então ao serviço dos cessantes. Acabamos criando um quadro cosmético reprovável, em que os cessantes indicaram, eles mesmos, o substituto do seu chefe e os seus próprios substitutos ou continuadores e ainda a comissão eleitoral que nada mais terá a fazer senão ratificar. Ora, isso configura uma fraude.


O partido assim fechado não trouxe ao país nem esperanças de continuidade honesta nem renovação merecida. Muitos dos seus membros completam desse modo fraudulento 5,6,7 e mais mandatos consecutivos.


A existência de insubstituíveis numa organização é sempre resultado da má preparação geracional cujos culpados só podem ser os cessantes.

Os colossais gastos financeiros para se manterem nos cargos são que deviam ser alocados ao processo no seu todo e não de modo dirigido e unipessoal. Como podem os membros do CC prestar contas e submeter - se ao escrutínio de militantes críticos se contra estes impende a obrigação de cumprir as palavras de ordem do partido segundo as quais é preciso apoiar a candidatura de um dos seus?

Para quando fica marcada então a data da vitória de um candidato a presidente do MPLA alcançada pelo próprio mérito de ter vencido de modo inequívoco o seu concorrente?

Por que razão os órgãos da comunicação do Estado não se abstêm de reportar uma campanha partidária onde apenas um candidato concorre? Não é um desperdício financeiro público censurável?

Se para as mudanças ou não internas o partido se socorre dos meios públicos o processo é atacado pelo vírus da fraude não só lesiva aos interesses dos militantes mas também do Estado angolano que pertence a todos os cidadãos no país.

Por isso muitos militantes não se revêm indignados, na lista publicada pelos meus camaradas no comité central aos quais continuo a considerar membros cessantes que da forma não estatutária lograrão permanecer nos cargos impedindo a renovação que era expectável a toda a Nação. Devíamos aproveitar esta oportunidade para dar um exemplo à juventude, à Oma e ao país, aos demais Patti dos, de maturidade democrática. Não fomos, mais uma vez, capazes de o fazer.