Luanda - A declaração foi emitida durante uma entrevista concedida ao programa Mais Comunicação da Rádio Kairós, no sábado, 20, do mês em curso. “Com muita tristeza tenho que dizer, verdadeiramente, que a qualidade do jornalismo que é feito em Angola é questionável, eu tenho dúvidas, muitas vezes se o que se faz aqui é mesmo jornalismo ou deveria ter outro nome”, disse Luís Domingos em resposta à questão referente à qualidade do jornalismo praticado em Angola.

Fonte: Club-k.net

O rosto do “Nação Coragem” reconheceu, entretanto que existe um avanço por parte dos profissionais da comunicação em oferecer melhor qualidade dos seus serviços às pessoas que ouvem, lêem e assistem as suas matérias. Mas da qualidade questionável do jornalismo angolano apontou a autocensura e a falta de aplicação dos conhecimentos académicos à realidade como as principais causas.


SOBRE O PACOTE LEGISLATIVO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


Luís Domingos considera o pacote legislativo da comunicação social como um elemento importante para o exercício da actividade da comunicação e considera, igualmente, que as normas que o compõem visam ajudar a comunicação no país.


No que toca as controvérsias entre a classe jornalística e o governo, Luís Domingos entende que a ser verdade a possibilidade de que o sindicato não foi ouvido sobre a aprovação do pacote “seria um absurdo. Como é que se faz um pacote para a comunicação se o sindicato dos jornalistas não é ouvido? Não faria nenhum sentido”, disse.


Todavia, Luís Domingos é optimista ao afirmar que ainda não é tarde, pois o pacote vai ser discutido na especialidade e “lá os quadros da comunicação social que não foram ouvidos e que têm contribuições a dar ainda têm uma possibilidade de o poderem fazer”.


SOBRE A CONDIÇÃO SOCIAL DO JORNALISTA

O ex-deputado da bancada parlamentar do MPLA considera a condição social dos jornalistas como um dos pontos mais sensíveis da classe, pois entende que do ponto de vista social os profissionais da comunicação são relegados ao último plano. “Os profissionais da comunicação não têm seguro de vida, saúde e não têm seguro de nada. Ganham pessimamente mal e o facto de ganharem muito mal leva-os a serem discriminados”, afirmou.


Esta condição, segundo Luís Domingos, leva aos jornalistas a serem objectos de humilhação por parte dos políticos e empresário, porque os profissionais não conseguem impor-se como o quarto poder por viverem a estender à mão à caridade. “Não é possível ser um bom jornalista quando logo a seguir você precisa de 100 kwanzas e esse os 100 Kwanzas tem que ser o ministro ou o general a dar.

Quando você é independente tem mais liberdade para pensar nas reportagens e nas notícias que tem a fazer”, concluiu Luís Domingos que falou sobre o género reportagem e o actual momento da comunicação social.