Luanda - João Lourenço, atual Ministro da Defesa, eleito hoje vice-presidente do MPLA, afigura-se, a partir de agora, como o mais forte candidato à sucessão de Eduardo dos Santos na Presidência de Angola.

*Gustavo Costa
Fonte: Expresso

Depois de ter “domesticado” o MPLA e de ter “liquidado” todos os adversários que poderiam ameaçar o seu lugar, José Eduardo dos Santos parece agora empenhado em apostar num militar com algum prestigio junto das forças armadas, para assegurar uma transição tranquila.

 

“O Presidente tem noção que provocou feridas´ a muita gente e, por isso, esgotada uma solução dinástica, precisa de ter alguém que denote lealdade para garantir que não ocorrerão, no futuro, problemas para si ou para a sua família” – sustenta um dirigente do MPLA.

 

Ao completar no próximo domingo 74 anos de idade, José Eduardo dos Santos continua a deter todas as rédeas do poder em Angola, mas o desgaste da sua imagem, acentuada por uma crescente onda de contestação interna, estão a tornar irreversível o abandono definitivo, em 2018, da vida política.

 

“Chegou a hora de se dedicar a família” – comentou Ana Paula dos Santos, mulher do Presidente angolano que, segundo alguns analistas, terá tido um papel preponderante na tomada desta decisão.

 

Com a ascensão de João Lourenço, ex- comissário político das FAPLA – o antigo exército do MPLA – a vice-presidente do partido no poder, Manuel Vicente, atual número dois do Governo de Luanda, deixa definitivamente de fazer parte das contas de Eduardo dos Santos.

 

“Está conformado, mas não pedirá a demissão, nem o Presidente o demitirá”- disse ao Expresso fonte do gabinete do antigo “patrão” da Sonangol.

 

“Vai querer tê-lo por perto para melhor o controlar” – explicou, por sua vez, um delegado ao recente congresso do MPLA. Manuel Vicente, que há quatro anos era dado como putativo “delfim” de Eduardo dos Santos, terá entrado em desgraça desde que o seu antecessor na Sonangol, Francisco Lemos, anunciou a falência técnica da petrolífera angolana. O seu descrédito acentuar-se-ia ainda mais depois de Isabel dos Santos ter tomado conta da Sonangol há cinco meses, levando a cabo uma verdadeira “purga” à sua gestão.

 

Apesar de não ser dotado de rasgos intelectuais, para a escolha de João Lourenço - que já foi secretário para a informação e secretário-geral do MPLA - terá concorrido a sua experiência e um vasto conhecimento do aparelho partidário.

 

Reservado e com uma imagem bem referenciada junto da opinião pública, João Lourenço substitui Roberto de Almeida, que em fim de carreira, vai a partir de agora dirigir a Fundação Sagrada Esperança.Outra mudança de vulto na cúpula do MPLA recaiu sobre António Kassoma, que passa a ser agora o seu secretário-geral, em substituição de Dino Matrosse, enquanto que Higino Carneiro, general na reserva e atual governador de Luanda deverá ser o próximo Ministro da Defesa.