Luanda - Para o analista político Victor Aleixo, jornalista e diretor da revista “Figuras e Negócios”, a ascensão do ministro da Defesa para a vice-presidência do partido do Governo, é o principio de uma transição política de 37 anos de poder.

Fonte: DW

"Em meu entender a nomeação de João Lourenço para vice-presidente do MPLA é o primeiro passo para lhe consagra como futuro presidente da República de Angola. Ele vai ser de certeza absoluta o segundo cabeça de lista nas eleições de 2017 -porque o presidente vai concorrer-, e na hipótese do MPLA ganhar ele, em 2018, acaba o mandato de Presidente da República como segundo da lista".


Desde 2001 até ter sido nomeado para o governo em 2014 como ministro da Defesa, as relações entre Lourenço e José Eduardo dos Santos eram descritas como azedas. Em causa, estaria um comentário de João Lourenço, enquanto secretário-geral do MPLA, que, numa reação às declarações do presidente Dos Santos em colocar a hipótese de não vir a candidatar-se, afirmou que outras figuras capazes poderiam assumir o partido e o país.

"Leituras apressadas"

Questionado sobre o que terá acontecido para o retomar das relações entre os dois, Victor Aleixo respondeu que “são mágoas de outro rosário. Está registado. Mas o Presidente Eduardo dos Santos por ter permanecido um longo tempo no poder quando pensou em se retirar não poderia fazê-lo sem sobressaltos e tinha de pensar imediatamente no interior do seu partido. Quem estaria mais em condições quer para o representar no partido quer na liderança da República caso o MPLA continuar a governar".

Quanto às especulações segundo as quais o presidente José Eduardo dos Santos estaria a cautelar os nomes dos seus filhos, Isabel dos Santos e de José Filomeno dos Santos como possíveis substitutos, o analista político angolano diz agora que as mesmas não passaram de leituras apressadas.


"É verdade que em África tem sido tentado muito essas substituições familiares, mas no caso de Angola creio se algum dia isso passou na mente de Eduardo dos Santos ele deve ter pensado nos prós-e-contras. Eu próprio, também acreditava com a entrada figurante de Isabel dos Santos na Sonangol, e até respeitando um pouco da tradição dos anteriores PCAs da Sonangol que depois seguiram carreira política, eu acreditava seriamente que Isabel dos Santos seguiria guindada para esse lugar cimeiro".

Cumplicidade

Entretanto, Victor Aleixo, avisa que terá de haver uma cumplicidade entre Eduardo dos Santos e os novos vice-presidente e secretário-geral para o funcionamento da maquina partidária.


"A máquina administrativa será acometida fundamentalmente a Paulo Kassoma. João Lourenço é um homem que conhece o partido, daí que terá de haver uma cumplicidade para que a máquina esteja afinada sem qualquer tipo de sobressaltos".