Luanda -  Sempre que se aproximem as eleições em Angola, fico invadido pelas saudades do meu partido de sangue, a UPA de papa Eduardo Pinnock que, juntando-se com o PDA de Manuel Kunzika, deu a FNLA.

Fonte: Club-k.net

Paralelamente as movimentações pela independência do Congo Belga, hoje Republica Democrática do Congo (RDC) passando pelo Zaire (deturpação do nome Nzadi - Grande rio), com o aparecimento da ABAKO (Aliança dos Bakongo) de Joseph Kasa-Vubu - primeiro Presidente deste gigante pais vizinho de Angola, os rumores surgiram e expandiram rapidamente entre os refugiados Angolanos naquele território, sobre UPA e do papa Pinnock e a luta pela auto determinação de Angola.


Para os Angolanos, a ABAKO e a UPA confundiam-se, como se tratasse de uma única e mesma organização política de luta pela independência nacional.


Os nossos pais tinham cartões da ABAKO e da UPA e pagavam as quotas para as duas formações políticas.


Ouvíamos falar dos nomes de nomeadamente Kingotolo, Daniel Nkanza, Nzenza Nlandu, etc. para a ABAKO e de Eduardo Pinnock, Barros Nekaka, Rocha Nefuani, Mendes Manguala, Boralho Lulendo, Antônio Sebastião, Luís Inglês, etc. para a UPA.


Em seguida, surgiram os nomes de Patrice Emery Lumumba, Presidente do MNC, e de Holden Roberto, presidente da UPA/FNLA.


Esta metamorfose surgiu na seqüência da Mesa Redonda de Bruxelas (Table Ronde de Bruxeles) que fixou a Independencia do Congo a 30 de Junho de 1960 e "elegeu" Joseph Kasa-Vubu e Patrice Emery Lumumba, para Presidente e Primeiro Ministro desta nova Republica respectivamente.


Bruxelas e a capital da Bélgica, antiga potência colonial ou Metrópole do Congo, Rwanda e Burundi. Salvo erro, Papa Eduado Pinnock virou depois o conselheiro principal da UPA/FNLA.


A UPA foi fundada em casa de Papa Pinnock, que se situava no Quartier Sud, na cidade de Matadi, Província do Kongo Central. Era vizinho do influentissimo cidadao congoles, Ngadi Michel.


Em Matadi, a primeira sede da UPA situava no Camp Etat, no extremo Oeste do Mercado de Sud (Zandu a Sud).


O simbolo da ABAKO era uma concha de Caracol (Nkodia, em lingua kikongo) e o da UPA, um quadro pintado com um homem rebentando uma corrente amarrada numa das suas pernas.

Miúdo, as vezes, eu encarregava-me de, antes de ir a escola, colocar aquele quadro fora da sede da UPA, e a saída da escola a tarde, guarda-lo dentro.

Em Kinshasa, a UPA e o PDA fundiram-se criando o GRAE.


Em Matadi, a UPA abriu dois novos escritórios, nomeadamente um na Avenue Palabala, Quartier Nord, chefiado por Mendes Manguala, e outro atras do Bar Ngoma Wata, no Quartier Sud, dirigido por Antônio Sebastião.
Nas horas livres, eu colaborava com ambos os gabinetes, como estafeta levando correspondências e recados.


Com a minha mae, eu vivía ainda na aldeia Luangu, Zonas Anexas de Matadi, onde foi aberto um Quartel da guerrilha do ELNA (Exercito de Libertação Nacional de Angola - Braço armado da UPA/ FNLA ou do GRAE).
O primeiro Comandante do Quartel de Luangu era Kindoki, mais tarde substituido por João Ngingi "Ketuyoyiko".


Neste Quartel passaram vários bravos Comandantes, nomeadamente Mabuato, Margoso, Baka Vioka, Penalto "Kioto", Kolua, Afonso Nkuadi "Mfokodisa", Mavinga, Konka, Konka-Konga, Alfredo Munguzunga, etc.
Sempre adolescente, eu colaborava também com este Quartel, recitando poemas nas festividades.
Quando eu ia ao Luangu, as vezes eu dormia em casa do Comandante João Ngingi, e o filho primogênito deste, Daniel, também fazia o mesmo em nossa casa em Matadi.


Eu estava a gozava as ferias escolares na aldeia Yakala, noutra margem do rio Zaire, quando chegou lá em visita de trabalho o primeiro Delegado do GRAE no Baixo Zaire, Francisco Xavier Lubota, natural de Cabinda (Mbinda) antigo bolseiro da UPA vindo dos Estados Unidos da America (EUA).

Viajou abordo de um turismo VW conduzido por Pascoal, também Mbinda.

Num comício presidido por Lubota, eu proferi algumas palavras de boas-vindas e recitei um Poema de um escritor francês.


No fim do Comício, Lubota decidiu levar-me e fez de mim um dos seus Secretários.


A partir daquela data, fiquei colocado na sede do GRAE que se situava no Building Dragage, em Matadi ao lado de Antônio Vita, economista formado na Universidade de Alexandria, Egipto, como Adjunto de Lubota, Pedro Manzenza, Secretario Permanente, Nelson Filipe e Rocha Nefuani (filho) também secretários.

Trabalhamos com os três Delegados do GRAE no Baixo Zaire, sucessivamente, Francisco Xavier Lubota, Artur da Costa Nkosi e James Pedro Ngimbi.


Eu e que acompanhava os Delegados, excepto James Ngimbi, nas suas visitas aos refugiados Angolanos no interior da Região do Baixo Zaire.


Na seqüência de 25 de Avril de 1974 em Portugal, eu fui indicado para representar o movimento ou o GRAE em Kinsimba, Província do Zaire, com a categoria de Comissário.

De Kinsimba, fui transferido para Noki, para assumir o cargo de Responsável pela Informação e Propaganda, funções que não exerci por razoes alheias a minha vontade.


Com a expulsão da FNLA de Angola pelo MPLA, regressei a Republica do Zaire.


Dois anos depois, voltei a Angola onde assisto impotente a destruição do meu Partido, a FNLA.
Seja qual for o estado de uma Mae, bela ou feia, saudável ou doente, rica ou pobre, ela e a melhor de todas as mulheres do Mundo.

Kiaku-Kiaku, ... (O teu e o melhor).

Etnicismo ou tribalismo a parte, nenhuma outra formação política representa melhor um Mukongo (pessoa da etnia Kingo) em Angola, que a UPA/FNLA.

Noutros Partidos, o Mukongo sofre discriminação, ingratidão e e considerado intruso, infiltrado e alguém que caiu de parqueada.

Ele e usado para limpar as imagens destes partidos políticos dando-os aceitação e militantes e votos.
A agonia da FNLA me provoca a insônia. Quo vadis meu querido Partido de sangue?


Despertes Mukongo e reabilites o que e teu, a FNLA.