Lisboa - O Presidente José Eduardo dos Santos nomeou Manuel da Cruz Neto, como novo Chefe da Casa Civil do PR, com poderes definidos e  sem que este tenham a catégoria de “Ministro de Estado” como estava o seu antecessor Edeltrudes Costa que actuava como um Primeiro Ministro do executivo. (Tinha amplos poderes e os ministros despachavam com ele).

*Paulo Alves
Fonte: Club-k.net

Ministros vão voltar a despachar directamente com o Presidente

Na recente remodelação efectuada, Manuel da Cruz Neto é apenas citado no despacho presidencial como “Ministro-Chefe da Casa Civil”. Assim sendo, o general Manuel Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, passa a ser o único Ministro de Estado do executivo.


A decisão do PR em extinguir a figura de Ministro de Estado é explicada como uma medida no sentido de o devolver o formato anterior em que os ministros despachavam e interagiam directamente consigo. Na sua ausência os Ministros passarão, doravante, a despachar com o Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente como acontecia ao tempo do então Vice-PR, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”.

 

JES, conforme atestam, assim decidiu devido a experiência não muito boa que teve com o demissionário ministro de Estado Edeltrudes da Costa que agora é acusado de usar a sua posição para vantagem pessoal.


De acordo com precedentes, Edeltrudes da Costa esteve prestes a ser indicado como membro do Bureau Político do MPLA, mas na véspera da realização do congresso do partido, o Presidente recuou da iniciativa depois de tomar conhecimento de uma negociata feita pelo ex-Ministro de Estado envolvendo também o ministro demissionário das finanças, Armando Manuel.


Edeltrudes da Costa é dado como tendo fornecido ao governador do BNA, Walter Filipe uma lista de empresas de fornecedores de alimentos para que o responsável bancário repatriasse, em favor das mesmas, fundos avaliados em dois bilhões de dólares americanos para compra de alimentos a partir do exterior do país. Antes recorreu ao Ministro do comércio, Fiel Domingos Constantino, para homologar a lista das empresas visto que é este departamento governamental que avalia as empresas que se dedicam na exportação e importação de alimentos para o país.


Até duas semanas, surgiram reclamações de que apesar de se terem feito o repatriamento dos fundos, os alimentos comprados ainda não tinham chegado nos portos de Angola conforme “timings” estabelecido.


O envolvimento de Edeltrudes da Costa neste dossier deu lugar a suspeitas de que ele pudesse ser um dos visados em comissões, a partir do exterior do país, por parte destas empresas que ele ajudou a repatriar os fundos para o exterior.

 

Ficou também “claro”, as razões pelas quais, no inicio do corrente ano, ele moveu influencia para nomeação de Fiel Domingos Constantino como ministro do comercio. Ambos são amigos de longa data e Edeltrudes da Costa é um conhecedor deste ministério onde lá passou como consultor e director de gabinete do então ministro do GURN (indicado pela UNITA), Victorino Hossi.


Face aos negócios em que se envolveu, o Presidente José Eduardo dos Santos decidiu mantê-lo apenas no Comité Central do MPLA e exonera-lo do cargo de Ministro de Estado mas entretanto manteve-lhe na esfera da Presidência da República como Secretario Geral, tendo em conta aos segredos e informações que detém sobre a feitura das eleições de 2012. Como antigo comissário da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Edeltrudes da Costa foi o principal interlocutor junto de uma empresa espanhola INDRA, que recentemente foi acusada de ajudar regimes  africanos e latino americanos a vencerem  eleições com recursos fraudulentos.