Luanda - A Economist Intelligence Unit (EIU) reviu em baixa as previsões de crescimento da economia de Angola para este ano, antecipando agora uma expansão de apenas 0,6%, cerca de metade da estimativa oficial do Governo.

Fonte: Lusa

"Em agosto, o Governo reviu em baixa a sua previsão de crescimento em 2016, pela segunda vez em pouco mais de um mês, de 3,3% para 1,1%, e em julho já tinha revisto para 1,3%; mas a EIU reviu a sua própria previsão, para apenas 0,6%", escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

 

No mais recente `Country Outlook` sobre Angola, enviado esta semana aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a EIU antecipa que no resto desta década o país acelere o crescimento económico para 3,5% em 2018, antes de novo abrandamento para 2,5% em 2020.

 

Na análise das prioridades políticas para os próximos tempos, a EIU considera que "é preciso um reequilíbrio fundamental da economia", e acrescenta que "isso continuará a ser o foco das negociações em curso com o Fundo Monetário Internacional ao abrigo do artigo IV, apesar de as autoridades parecerem ter excluído um Programa de Financiamento Ampliado a três anos, o que provavelmente incluiria mais exigências sobre a transparência e a desregulamentação da taxa de câmbio".

 

Mesmo sem um acordo de assistência financeira, os peritos da Economist consideram que o Fundo "vai continuar a encorajar as autoridades a restaurar o equilíbrio macroeconómico e construir reservas, reduzir o défice orçamental não petrolífero e potenciar mais flexibilidade da taxa de câmbio, apoiada numa política monetária mais restritiva para conter a inflação", que se aproxima dos 40%.

 

O apoio do FMI poderia chegar a 4,5 mil milhões de dólares, exigindo em contrapartida mexidas e cortes em várias áreas, o que aconteceria em vésperas de eleições gerais (agosto de 2017), fator que uma delegação daquele organismo chegou a admitir, em junho passado, como preocupante.

 

"O FMI ainda é visto, nestas [altas] esferas do poder, como o campeão do neoliberalismo económico e em tudo onde mexe acontece o pior. Mas parece que não foi assim aquando do acordo monitorizado Stand by Agreement, que suportou o empréstimo de 1.500 milhões de dólares em 2010 [depois da anterior crise do petróleo] e no contexto do qual Angola registou avanços importantes na gestão fiscal e orçamental do país, que permitiu ressarcir o empréstimo no tempo previsto", criticou hoje à Lusa o economista e diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola.

 

"Infelizmente, muitos desses avanços perderam-se com o tempo", notou Alves da Rocha.

 

Devido à quebra das receitas com a exportação do petróleo no primeiro semestre, o Governo apresentou ao parlamento uma proposta de revisão do Orçamento de 2016, cortando a previsão do preço médio do barril de crude exportado em 2016 de 45 para 41 dólares.

 

Com isto, o crescimento da economia desce dos 3,3% iniciais, face a 2015, para 1,1%, e a inflação, devido à crise cambial, dispara de 11 para 38,5%, segundo os cálculos do Executivo.

 

A revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016 está em análise no parlamento, com votação final agendada para esta sexta-feira, e igualmente em fase final de elaboração, para ser apresentado ao parlamento em outubro, está o OGE de 2017.