Luanda - A luta entre o bem e o mal, é uma luta secular e é a principal fonte do direito e do progresso. Tem sido sempre uma luta evolutiva de princípios e de conceitos entre o padrão daquilo que é considerado como o correcto em oposição ao incorrecto, tudo isto feito em ordem a permitir uma convivência mais justa entre pessoas e o consequente progresso dos povos.

Fonte: Club-k.net

A própria moral religiosa é um exemplo típico dessa dicotomia entre o bem e o mal, explicitando e enaltecendo as normas de conduta para a prática do bem em detrimento daquelas que conduzem à prática do mal e que são combatidas.


Com a evolução das formas organizativas do Estado, a que não é estranha a luta dos povos por uma maior liberdade, igualdade e maior participação na gestão das coisas comuns, das suas regiões e Estados, a luta entre o bem e o mal esteve sempre presente e, apesar de em determinadas circunstâncias e conjunturas, as forças do mal parecem estar a sobrepor-se e a vencer as do bem, através das tentativas muitas delas conseguidas através do envolvimento de figuras públicas com poder de influência ou de açambarcamento do próprio poder político, o certo é essas forças do mal, que remam ou remaram contra as correntes da história, acabarão sempre, e em última instância, por serem derrotadas.

Desde a nossa existência até aos tempos actuais que, a cada passo, encontramos exemplos dessa natureza.

Há diversos adágios populares que explicitam e transmitem isso, designadamente; o paraíso é para quem cumpre os preceitos religiosos, o crime não compensa, o lugar do ladrão é na cadeia, ladrão é ladrão e dificilmente deixa de o ser, etc…, etc…, etc.

Na história recente dos nossos tempos, há também vastíssimos exemplos disso:

a) o nazismo, o fascismo, as ditaduras da direita e da esquerda;

b) o colonialismo com vários exemplos tenebrosos por este mundo fora, com especial destaque para a América e África, etc, etc, etc.

c) as máfias “Cosa Nostra” americanas e sicilianas, de “Famiglies” dirigidas por um “Capi di tutti Capi” ou “Capofamiglia” ou “Don”, com as suas estruturas organizativas que integram o “Capo-Mor, os “Sub- Chefes”, o “Consiglieri “, os “Soldati” e ainda os “wiseguy”.

d) os barões da droga da América Latina e do Norte, alguns dos quais com fortes ligações ao poder político instituído, e até um Presidente da República, Manuel Noriega, ex-lider militar, que governou o Panamá por 6 anos; (Pablo Escobar)

e) a deposição de Presidentes da República em parte significativa dos Países Africanos, como resultado de roturas à ordem constitucional estabelecida, em que o factores despotismo e corrupção estiveram sempre presentes.

f) as lutas resultantes do desmembramento da ex-URSS e dos seus países satélites e ainda na Ásia, etc, etc.

Foram na sua maioria, historicamente os jovens, sempre disponíveis para a luta a favor do bem e consequentemente do progresso, que deram a cara e agiram de per si, que iniciaram os movimentos reivindicativos que levaram às mudanças a que hoje assistimos por este mundo fora e em particular no nosso Continente Africano.


Como não podia deixar de ser e por força da prática política adoptada pela estrutura que governa o nosso País, Angola não conseguiu fugir à regra utilizada pela maioria dos dirigentes dos respectivos Países associados às correntes do mal, ao ponto da nossa classe dirigente se encontrar hoje no ciclo vicioso, do “quem é quem”.


No nosso caso presente, verificamos que:

a) a evolução política da força partidária que governa o nosso País, desde a independência até aos dias de hoje, que passou por diversas metamorfoses políticas ( frente ampla/movimento de massas, partido marxista-leninista e partido social-democrata) mas sempre com a mesma classe política dirigente, necessariamente incaracterística, em que “ … o mais importante é defender…” o seu posto de trabalho, não interessando a ideologia professada (ideologia? Que bicho é esse?). Para esta classe política, o mais importante é a sua sobrevivência para manter os lugares que ocupam na respectiva estrutura, sempre disponíveis agirem consoante os ventos dominantes conjunturais, por daí resultarem benefícios materiais para aumento do respectivo património, do seu bem-estar e da sua família, desprezando o cumprimento do conteúdo das palavras de ordem chave e simples que mobilizaram a grande maioria dos angolanos e que transformaram o MPLA no partido que é hoje


- “De Cabinda ao Cunene, do mar ao leste, um só Povo uma só Nação”; - “Abaixo o racismo, o tribalismo, o regionalismo, o amiguismo, a corrupção, etc, etc.”; - “O mais importante é resolver os problemas do Povo”.
Direccionando os seus esforços à implementação de uma política nada transparente, limitativa dos direitos e liberdades dos cidadãos impedidos de exercerem o seu direito à cidadania, de conivências, de concessão de favores recíprocos, de corrupção, de compadrios e benesses a favor de “Famiglies” com destaque para uma “Famiglie”, a central e principal, com o seu “Capi di tutti Capi” ou “Capofamiglia” ou “Don” e respectiva estrutura organizativa que integra os órgãos institucionais com capacidade para prender, para investigar, para formular as acusações e para julgar, tudo isto à custa do “ Bem Comum” que, até prova em contrário, não é de uns mas de todos os angolanos sem excepção. Mas na verdade não existe BENS COMUNS, existiram no passado.

b) A cobertura institucional que é dada pela actual C.R.A. - Constituição de República de Angola feita à medida desses interesses, por juristas/alfaiates angolanos do regime e respectivos amigos portugueses que, a pedido do seu Don, produziram o fato constitucional adequado ao pensamento estratégico do mesmo, como sendo o centro de toda a vida política de Angola com aparência de democracia mas de prática monárquica e ditatorial, competindo-lhe definir quem deve ou não ser realmente investigado, quem deve ou não ser julgado e, se condenado, a concessão do perdão através da Amnistia que abranja principalmente e como não podia deixar de ser, os “Crimes Económicos contra o Estado Angolano”. Ou, por outras palavras, a definição dos “Patrícios” e “Plebeus”, dos que podem ter direitos de cidadania, usurpar dos bens públicos como prémio, ser ricos, com o suporte de instrumentos jurídicos que lhes concedem direitos especiais, de impunidade, etc, etc, etc, em detrimento dos “Outros”, “o Grande Povo Heróico e Generoso”, cuja resolução dos seus problemas, consecutivamente adiada pelo esbanjismo e pela corrupção, agora com a justificação da dita crise à qual está intimamente ligada a má gestão (Gestão Danosa) do País e a usurpação dos Bens Público.

c) a existência de dois Grupos, ou seja, duas Classes, - uma, a privilegiada, que tudo o que tem, é resultante da usurpação de bens públicos e da lavagem de dinheiros através dos seus empreendimentos, ficaram legalmente protegidos por essa lei vergonhosa, a Lei da Amnistia, por eles aprovada e que legaliza o roubo feito ao Erário Público, que continuam a dominar o aparelho do MPLA e do Governo, que vivem sem dificuldades, com evidentes sinais de riqueza e procuram prolongar o respectivo status com a integração dos seus filhos nas respectivas estruturas de comando; - uma outra, a que pertence a grande maioria do Povo Angolano, o Povo Heróico e Generoso, que tudo deu e continua a dar em Prol do seu País mas que, como contrapartida, assiste ao assalto praticado pelo “Capi di tutti Cappi” e sua “Famiglie” e seus comandados, os “Bajús”, ou sejam, as estruturas orgânicas complementares, que não vê os seus problemas minimamente atendidos e resolvidos, particularmente os de âmbito social, designadamente, o emprego, a educação, a saúde, a integração social, os transportes públicos, a alimentação básica e a ordem pública.

d) Apesar das promessas aprovadas pelo VII Congresso Ordinário do MPLA, sempre amplamente transmitidas com ênfase e convicção por todos os órgãos estatais da comunicação social angolana, as perguntas que se colocam são muito simples: - Será que os outros Militantes e Simpatizantes do MPLA têm um pensamento semelhante aos dos que participaram no referido VII Congresso? - Porque razão é que a corrupção não foi discutida abertamente nos Comités do MPLA e no próprio VII Congresso e deixou de fazer parte das respectivas ordens de trabalho, a critica e autocrítica, como instrumento salutar e de prevenção contra práticas incorrectas? -será que a prática política adoptada pela Direcção do MPLA e do Governo que dele emana, está em sintonia com as aspirações profundas do Povo Angolano, tão bem expressas no Hino Nacional? Será que todo este esforço pela luta da Independência Nacional tinha como finalidade o País ser usurpado por um ”Capi di tutti Capi”, sua “Famiglie” e seus súbditos? - das tentativas para através “… do trabalho construirmos um homem novo”, nada de positivo se conseguiu. Ao invés do homem novo, liberto das agruras da exploração, livre, solidário e humanista, o que criamos no nosso seio, foram os “Corruptos” ou, na linguagem popular os “Corrús”. Como é que a Classe Dirigente do MPLA, extremamente contaminada pelo vírus da corrupção, irá combatê-los? Quem é quem para os combater? Considerando-os “Heróis”, os “Exemplos a serem seguidos pelas gerações vindouras”, os “Dirigentes que se sacrificaram pelo bem estar do Povo Angolano”, os ” Dirigentes que irão resolver os problemas do Povo”? Afastá-los da Direcção do MPLA e do Executivo Angolano? Se assim for, quem é quem, quem é que restará para dirigir? Quem dessa Direcção, faz parte do Grupo “Mãos Limpas” como o Povo apelidou os falecidos recentes, Lúcio Lara e Paulo Jorge?


Sou Angolano, dediquei-me e lutei pela minha Pátria que a amo. Sou do MPLA por convicção e pelos princípios que ele instituiu mas não me revejo nem na anterior nem nesta Direcção do MPLA que utiliza Angola como sua fonte para enriquecer ilicitamente e apenas se manifesta disposta a dar ao Povo Angolano os restos, aquilo que vai permitindo à grande maioria dos Angolanos situar-se ao nível da pobreza.


Neste contexto e com o objectivo de se alterar o quadro político vigente, não nos restará outra solução, àqueles que entendem pertencer ao 2º Grupo /Classe referida neste documento, senão engajarmo-nos para o próximo acto eleitoral, em ordem a que as correntes do bem ganhem o seu espaço político e arredar os Usurpadores e os Corrús do poder.


Assim, cada um de nós, incluindo os insatisfeitos do MPLA que não se revêem nesta prática política de usurpação do erário público implementada por esta Direcção, deveria:

- registar-se nos respectivos centros - mobilizar os cidadãos através das redes sociais; - mobilizar as suas Famílias - contribuir que os actuais Partidos da oposição ou que se vierem a constituir procurem, pondo de parte os seus interesses quer partidários quer pessoais, criar sinergias para adoptarem uma frente comum que tenha como lema “ A resolução dos Problemas do Povo” com transparência e combate à corrupção
Estou convicto de que, se agirmos desta maneira, teremos resultados e estaremos a contribuir positivamente para aquilo que realmente interessa sem o qual a política como deve ser entendida não terá significado.
Aos Militantes e Simpatizantes do MPLA e nas circunstâncias atrás descritas, estaríamos em condições de pugnar pela realização de um Congresso Extraordinário para afastarmos dos órgãos do nosso Partido, aqueles de se usurparam dele e elegermos outros militantes honestos e que correspondam ao seu ideário, para os respectivos órgãos estatutários.


Será importante que esta Frente Política se esforce para que as Eleições Legislativas decorram num ambiente de transparência e, para tal, torna-se fundamental:

a) que acompanhem o Registo Eleitoral, de modo a não permitir a inclusão de elementos estranhos ao processo;

b) independentemente do processo de contagem electrónica dos votos no acto eleitoral, se faça a contagem manual com actas, para a conferência dos dados por mesas de voto fornecidos por sistemas electrónicos

Agosto, 31, 2016