Luanda - Activista do "caso 15+duas" revela o lado obscuro da cadeia de Viana com imagens de reclusos que estão a chocar os internautas. Em causa estão fotografias comprometedoras de presidiários em estado esquelético e de desnutrição. Nuno Dala, que prometeu fazer novas revelações, alega que a sua passagem pelo estabelecimento prisional ajudou a estabelecer as pontes que hoje ajudam a destapar uma realidade que muitas cadeias escondem.

*Nok Nogueira
Fonte: NJ

As imagens lembram cenas de filmes que relatam os horrores por que passaram os judeus em campos de extermínio alemães. E chocam não apenas pelo estado físico em que se apresentam os reclusos em causa, mas por revelarem o outro lado de uma realidade até então escondida dos holofotes da imprensa e provavelmente dos familiares dos reclusos.


O Estabelecimento Prisional de Viana, por onde também passaram os activistas do "caso 15+duas", é apontado como sendo o palco no qual se apresentam as personagens de mais um capítulo polémico envolvendo presidiários cujas imagens, deploráveis, acusadoras e intrigantes, estão a correr os milhares de perfis na rede social Facebook.


Salienta-se que foram também as redes sociais a revelarem há coisa de três anos uma sessão de tortura que envolvia igualmente reclusos.


Neste caso, as fotografias não mostram cenas de tortura física, mas chocam pela degradação do estado de saúde dos presidiários. Dúvidas? Quase ninguém as tem: pode ler-se no uniforme castanho-claro "serviços prisionais" numa imagem em que um recluso, com um aspecto perturbadoramente esquelético, pousa, exibindo as ossadas e as marcas comprometedoras da situação por que passam, sabe-se, 230 reclusos no total.


Denunciadas por Nuno Dala, um dos 17 activistas condenados por actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, no processo "15+duas", as fotos dispensam qualquer nota introdutória e/ou legenda: elas por si mesma são bastante esclarecedoras.


Foram inicialmente reveladas três imagens, muito embora em exclusivo ao Novo Jornal Nuno Álvaro Dala tivesse feito chegar outras tantas. As fotos teriam sido feitas e prontamente encaminhadas para o activista na terça-feira, 13, pelas 12h30, por agentes prisionais e/ou reclusos com quem Nuno Dala diz manter contacto permanente após a sua passagem pelo Estabelecimento Prisional de Viana.


Em entrevista telefónica ao Novo Jornal, em reacção às denúncias feitas pelo activista Nuno Dala - que se referia a alegados maus-tratos de presos na cadeia de Viana e de falta de comida -, o chefe do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior, Simão Milagres, disse que as denúncias não têm fundamento, visto que as fotografias apresentadas pelo activista são antigas. "Já vi aquelas fotografias, acho que há dois anos, e está claro que não se trata da comarca de Viana", assegurou.