Luanda – Não somos de olhar e/ou analisar individualidades que não estejam no âmbito do metajornalismo puro que de há algum tempo há esta parte temos vindo a exercitar, como forma de contribuir na percepção do que se faz nos órgãos de comunicação social, quer sejam tradicionais como os que emergem hoje.

Fonte: O Crime
Aliás, quem nos acompanha, essencialmente neste espaço, concordará com a nossa defesa a respeito. Mas, a marcha da vida leva a todos a caminhos quase estranhos. É assim que, excepcionalmente, vamos dedicar algum tempo a apreciar uma figura que, em nosso entender, se destaca.

Uma reflexão que versa sobre o destaque que se funda não, eventualmente, nos êxitos laborais do visado, pois, valha mais, para nós, o seu carácter enquanto indivíduo. É o carácter que nas vestes de Comandante, no caso, deixa e estica positivamente a imagem pública e que leva às pessoas a fazerem juízos finais ou mesmo pré-finais.

As aparições mediáticas para os titulares de cargos públicos e com exigência acima da média são tidas como fundamentais para que se perceba, efectivamente, que se está a trabalhar. A Polícia, pela natureza do seu trabalho é uma dessas instituições que recorre aos «media» para difundir os resultados do seu trabalho.

Outro elemento que se aponta para o caso da Polícia tem a ver com à prevenção do crime. Ou seja, argumenta-se que quanto mais se tornam públicos os resultados operacionais das Polícias mais se intimidam e previnam-se crimes futuros.

No entanto, certa ou errada esta noção, verdade é que tem sido seguida um pouco pelo mundo e aqui se vê que ocorre o mesmo apesar de que os seus efeitos poderem e/ou deverem ser discutidos.

Em Luanda, por exemplo, tal prática é recorrente ganhando ou perdendo intensidade na medida em que os líderes (comandantes) da corporação sejam mais ou menos afáveis ao referido exercício.

Da história sabe-se que já lá passaram (no Comando da Polícia de Luanda) comandantes que participavam e com frequência nas aparições públicas quer para apresentar pessoas em conflito com à Lei quer para entrevistas isoladas com direito a primeiras páginas dos órgãos públicos e privados. Esta prática parece - parece não – não faz parte da agenda de trabalho do Comandante Sita, pelo menos no que a sua participação directa diz respeito.

Não é infrutífero que tal ocorra, aliás, se bem lembrados, Maria António Sita raramente aparece nos jornais com manifesta intervenção, excepto quando é aproveitado na perspectiva de representação. Ou seja, quando aparece na capa ou no interior de um jornal, por exemplo, é porque se falou sobre a Polícia de Luanda e como retracto se escolheu a do chefe máximo.
Nas Rádios, não nos lembramos de uma única intervenção sua, nem registos em reportagens tão-pouco em entrevistas como foi sendo habitual, em Luanda essencialmente.

Nas TV, de igual forma, Maria Sita não deu, pelo menos até aqui, estampa alguma o que deve ser assinalado tendo como base o que dissemos acima, relativamente ao proceder dos seus antecessores e o seu próprio historial.

A demais, foram cometidos e esclarecidos em Luanda crimes com alguma violência que outrora seriam aproveitados para supostamente projectar a imagem de quem comanda os homens da farda azul na capital do País. Roubos seguidos de homicídios, sequestros, assaltos à mão armada e outros crimes violentos tiveram lugar e aumentaram o clima de insegurança, mas mesmo assim o homem manteve-se longe da imprensa. Pelo menos aquela imprensa que acompanho e que é quase toda desta Cidade de Luanda.

Muitos desses crimes, como dissemos, foram esclarecidos e mesmo assim Maria Sita não apareceu, nem para fazer aquilo a que em política se chama “aproveitamento”, o que por si só demonstra que o homem percebe que o êxito do seu trabalho não depende de certo “madoísmo” (aparecer em todo custo), ele mesmo, através da imprensa.

Quando se olha para este proceder surgem algumas indagações sobre as eventuais causas da postura do comandante! Na verdade, o policiamento hodierno está ligado ao sossego do cidadão, a sua missão primordial…

Ou seja, mais do que ser alvo de abordagens jornalísticas o que se pretende é a segurança e tranquilidade públicas, pois, de nada vale ser visto na «mídea» recorrentemente quando não se consegue garantir o mínimo de tranquilidade aos cidadãos em geral.

Maria Sita, percebe perfeitamente essa ideia e por isso de forma saudável dispensa nas entrelinhas o «show off» aderido por muitos. Percebe que seu nível profissional, sua imagem enquanto oficial comissário e o que ele pode oferecer aos cidadãos não depende, hoje, de aparecer ou não na televisão, falar ou não na rádio nem mesmo ser ou não alvo de capas nos jornais.

Sabe que tudo isto não passa de complemento do que ele, realmente, deve fazer. Aliás, entendeu que lidera um comando pertencente a uma Província em que todos mandam, sabem e criticam, daí que, presumimos, adoptou tal estratégia.

A sua estratégia – que deve, desde já, ser saudada aqui – não se resume exclusivamente a ele enquanto pessoa, pois, vemos uma equipa que o auxilia nesta tarefa. Aqui, nos referimos a uma figura que dispensa apresentação quer para os jornalistas como os agentes da Polícia, fruto do tempo que está a trabalhar na imagem da corporação.

Engrácia Costa (a tia Engrácia como a chamamos nas redacções) é uma figura participe na estratégia comunicacional de Maria Sita. Aliás, é a chefe de Comunicação e imagem daquele comando e que de certa forma tem o seu «ADN» no proceder que hoje é evidenciado.

As discrições que temos vindo a abordar têm sido o fundamento para que se cogite nos bastidores do poder uma provável ascensão daquele oficial comissário ao cargo máximo da Polícia angolana. O que a vir acontecer não será escândalo algum, em nosso entender, porquanto, a sua passagem em Luanda tem servido para que se compreenda que é possível trabalhar e com bons resultados longe da pressão mediática.

Finalmente, afirma-se que a sua discrição no proceder, circular sozinho sem os habituais cortejos com batedores, militares afrente e atrás, em fim, um exercito a sua volta não tem se traduzido na moleza em termos de comunicação da Polícia de Luanda.

Antes pelo contrario e salvando melhor opinião, Luanda introduziu – e muito bem – uma figura que não se vê noutras partes do País. Ou seja, Luanda possui uma Chefe de Gabinete de Comunicação e Imagem (entidade que traça todas as políticas de comunicação de Sita e seu elenco) e um Porta-voz.

Esta divisão de tarefas tem feito com que, no caso de Luanda e segundo a nossa percepção, neste sector não hajam grandes dificuldades. O que, de resto, é de sublinhar positivamente porquanto os resultados, a este respeito, são visíveis e agradam um bom número de pessoas em que nos incluímos.

*Jornalista