Luanda - As condições de vida dos angolanos vão piorar, avisou o director do Centro de Estudos de Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, um proeminente economista para quem a apregoada diversificação da economia não existe.

*Teodoro Albano
Fonte: VOA

Alves da Rocha disse no Lubango que os indicadores actuais demonstram que não tem havido em Angola a diversificação da economia apontada pelo Executivo como uma das reformas estruturais necessárias para o crescimento económico do país sem a dependência da produção de petróleo.

Aquele especialista disse que, apesar de ter havido em 2015 uma diminuição do peso do petróleo no Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 35 por cento, "isto por si só não significa diversificação da economia".

Segundo o economista que anunciou para finais do corrente ano a publicação de um livro sobre a diversificação da economia, fruto de um estudo levado a cabo pela instituição nos últimos três anos, o grande problema é pensar-se que substituição das importações significa que se está alcançar a diversificação.

“Substituição de importações não é diversificação da economia”, afirmou o economista para quem qualquer estudo da diversificação tem que estar concentrado “nas exportações”.

“Um país é mais ou menos diversificado consoante os índices que existem nos manuais de economia internacional que medem a diversificação das exportações”, afirmou.

Alves da Rocha, que fazia uma dissertação sobre o estado da economia de Angola e as perspectivas até 2020 por ocasião dos 33 anos da faculdade de economia da Universidade Mandume Ya Ndemufayo do Lubango, comemorados recentemente, fez uma previsão difícil da economia do país dentro dos próximos quatro anos face à instabilidade do mercado petrolífero internacional.

"Nós fizemos dois cenários: um mais optimista e um de base, e a conclusão é que de facto que não vamos crescer a mais de 3 a 3,5 por cento ao ano até 2020”, garantiu.

Mais à frente, Alves da Rocha avisou que se "nós pensarmos que a taxa de crescimento da população estimada no censo é de 2, 71% podemos facilmente chegar à conclusão de que até a esta altura vai ocorrer uma degradação das condições de vida da população”.

O director do Centro de Estudos de Investigação Científica da Universidade Católica de Angola revelou-se ainda perplexo com a aprovação recente pelo parlamento do Orçamento Geral do Estado revisto de 2016 a pouco menos de três meses do final do ano.