Lisboa - O ativista angolano Rafael Marques defendeu hoje em Maputo que a corrupção em Angola está normalizada, considerando que o próprio chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, mantém-se no poder através de esquemas ilegais.

Fonte: Lusa

"A corrupção em Angola foi normalizada", disse à Lusa Rafael Marques, falando à margem de um debate organizado em Maputo pelo Centro de Integridade Pública (CIP), organizado pelos semanários Savana e Canal de Moçambique.


Assinalando que o chefe de Estado angolano, no poder desde 1979, continua no cargo através de esquemas de corrupção, Rafael Marques observou que a origem da riqueza da "família real" é "duvidosa e o nepotismo faz parte do quotidiano da elite angolana".


"Hoje a corrupção é que comanda o poder em Angola", declarou o ativista, apontando, a título de exemplo, as nomeações dos filhos do Presidente angolano José Filomeno dos Santos e Isabel dos santos para o Fundo Soberano e para a petrolífera Sonangol, respetivamente.

 

Para Rafael Marques, "Angola chegou a um extremo em que o abuso de poder se tornou um padrão, com um regime político segregacionista e separatista, onde a imprensa é manipulada em função de interesses políticos".


Devido aos altos níveis de pobreza, acrescentou, a sociedade civil, que devia desempenhar o papel de monitorização, "vê a corrupção como único caminho para obtenção de benefícios e, por consequência, revela-se incapaz de fazer valer os seus direitos e de exigir mudanças perante os problemas do país".


"É necessário que as pessoas mudem de consciência", afirmou o ativista, lembrando que os problemas que Angola tem "são muitos" e as soluções passam pela criação de uma sociedade civil mais forte e coesa.


"É importante que as pessoas percebam que este senhor [José Eduardo dos Santos] não é o dono do país", concluiu o autor de Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.