Luanda  - A Polícia Federal (PF) do Brasil acusou nesta quarta-feira, 5, o antigo presidente Lula da Silva pelo crime de corrupção passiva, ao usar da sua influência para favorecer um empréstimo do Banco Público Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) à empreiteira Odebrecht.

Fonte: VOA

Em troca desse “favor”, a PF afirma que a empreiteira pagou 20 milhões de dólares de luvas a um sobrinho de Lula da Silva, Taiguara Rodrigues dos Santos.

A acusação teve como base de investigações da Operação Janus, que apura irregularidades no financiamento do BNDES para obras da Odebrecht em Angola.

Em troca, a empreiteira teria pago despesas pessoais do antigo Presidente, inclusive, plano de saúde.

A obra em causa foi a ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola.

O sobrinho de Lula, segundo a acusação, teria assinado um contrato milionário com a Odebrecht, em 2012, e que está a ser investigado.

Ainda de acordo com a PF, a empresa de Taiguara Rodrigues dos Santos, Exergia, assinou um contrato de prestação de serviços com a empreiteira naquele ano no valor de 3,5 milhões de reais (cerca de 1,2 milhões de dólares ao câmbio actual”.

Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do antigo Presidente, já falecida

Alvo de mandado de condução coercitiva da Operação Janus, da Polícia Federal, em 20 de Maio deste ano, o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos ostenta no seu currículo a actuação em obras de empreiteiras financiadas pelo BNDES no exterior, na esteira da política de aproximação com países africanos durante os dois mandatos de Lula da Silva.

O acerto entre a Odebrecht e a Exergia foi formalizado no mesmo ano em que a empreiteira conseguiu um financiamento junto do BNDES para realizar o projecto na África.

O episódio levou o Ministério Público a abrir um inquérito para investigar a suspeita de tráfico de influência de Lula da Silva em benefício da empreiteira.

O antigo Presidente já prestou depoimento sobre o caso.

Lula responde

Em nota, a assessoria do Instituto Lula informou que a defesa não teve acesso à acusação e que Lula e familiares tiveram as contas "devassadas" mas, segundo o instituto, não foram encontradas irregularidades.

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sua vida investigada há 40 anos, teve todas as suas contas e de seus familiares devassadas, seu sigilo bancário, fiscal e telefónico quebrado e não foi encontrada nenhuma irregularidade. Lula não ocupa mais nenhum cargo público desde 1 de Janeiro de 2011 e sempre agiu dentro da lei antes, durante e depois de ocupar dois mandatos eleitos como presidente da República", afirmou o Instituto Lula

Na nota, a assessoria do antigo Presidente afirma ainda que ele sofre "uma campanha de massacre mediático".