Luanda  -  O tema em análise e descrição é secular e pertinente, uma vez que o seu escopo não se esgota em si mesmo, mas transcende suas margens, mergulhando e estabelecendo ponte com o perfil de professores de outras disciplinas, tal como afirma MARNOTO (1990), “o perfil do professor de Filosofia não difere do perfil de professores de outras disciplinas”. Embora não seja exactamente essa a minha linha de pensamento, pois se exige do professor de Filosofia uma postura específica e maior, tendo em conta a natureza da própria disciplina, seu historial e sua complexidade.

Fonte: Club-k.net
 
          É notório e comum ouvir nos dias de hoje a maioria dos alunos do IIº Ciclo e do Ensino Superior a reclamarem sobre a falta de motivação e gosto em assistir as aulas da disciplina de Filosofia, o que tem contribuído no baixo rendimento e insucesso escolar (na disciplina de Filosofia). Perante o facto, como profissionais desta área não podemos estar indiferentes, devemos é pela virtude que nos caracteriza, questionar, reflectir o problema e combaté-lo a partir da génese, que com base aos estudos que tenho desenvolvido sobre “O Perfil do Professor de Filosofia e Sua Influência no Rendimento Escolar dos Alunos do IIº Ciclo do Ensino Secundário”, além de outros factores motivacionais, reside fundamentalmente na falta do perfil adequado por parte de alguns “professores” que leccionam a disciplina de Filosofia.
 
 
         Dessa feita, a realidade mostra que a maioria de professores que leccionam a disciplina de Filosofia não têm uma formação específica para o seu magistério. Uns são formados em outras áreas das Ciências Sociais e Humanas; outros na área de Filosofia, mas não vocacionada para o magistério. Com base a esse estatuto ontológico, no caso, não dominam a Didáctica Especial bem como as metodologias de ensino de Filosofia e, os mais agravantes, apesar de existir um programa curricular do IIº Ciclo que abarca as áreas fundamentais da Filosofia, limita-se a ensinar (bem ou mal) apenas a História da Filosofia, o que enfraquece e transforma a Filosofia da disciplina fundamental e obrigatória a disciplina do segundo plano e, porém, indesejável para a maioria dos alunos, que de princípio sentem-se ávidos e entusiasmados em aprendé-la. Contudo, o seu ensino é feito de uma forma empírica e assistemática, o que reflecte na fraca assimilação dos alunos, bem como o desinteresse pela disciplina.
 
 
A concepção antropológica e pedagógica novicista sobre a educação concebe o aluno como o centro do processo de ensino-aprendizagem cuja iniciativa e a aprendizagem parte dele. Essa concepção, ao contrário da tradicional obriga que o professor seja segundo VEIGA (2007), “um mestre e não um mercenário”. Dessa feita, se exige do professor de Filosofia competências a nível do saber, saber fazer e saber ser (competência científica, pedagógica e ética), o que completa o seu perfil.
 
 
Assim, o professor de Filosofia é um estimulador e orientador da aprendizagem, o seu sucesso, para além de outros factores, depende fundamentalmente do seu perfil, isto é, da formação que possuir, da sua personalidade, do seu poder de compreensão e acolhimento, do seu grau de empatia, do seu poder comunicativo e da sua capacidade de amar verdadeiramente o seu trabalho e alunos.
 
 
Para um bom trabalho pedagógico, exige-se que o Ministério da Educação e escolas privadas sejam rigorosos na contratação de professores de Filosofia e professores em geral, e criem projectos de formação contínua específicas a nível científico e pedagógico para a capacitação e actualização de conhecimentos.
 
*Licenciado em Educação/Ensino de Filosofia