Luanda - Em matéria de opinião publicada, alguma tinta já foi gasta a propósito da entrevista que o Presidente da Casa-CE, Abel Chivukuvuku, concedeu recentemente à TPA. Do outro lado da "barricada" estiveram como entrevistadores os jornalistas Paulo Julião e José Rodrigues, que actualmente integram a equipa da "Grande Entrevista".

Fonte: Opais

O espaço em causa tem agora uma periodicidade quinzenal nesta nova temporada em que a TPA decidiu abrir as suas portas em directo ao pluralismo político no tratamento da opinião. Não sentimos ainda estes bonançosos ventos a fazerem-se sentir com a regularidade necessária no tratamento diário da actualidade que nos é transmitida pelos seus telejornais, onde o confronto das fontes e dos pontos de vista continua de algum modo em banho maria. Sobre a entrevista como género jornalístico já foram gastas toneladas de palavras a defini-lo e a ensinar-nos como se devem fazer as perguntas mais eficazes e oportunas para se obterem as melhores e mais informativas respostas dos entrevistados no interesse do esclarecimento da opinião pública que é o grande "leitmotiv" do próprio jornalismo.


Parece uma evidência o que acabamos de dizer sobre a motivação dos jornalistas no exercício das suas funções, mas achamos nunca ser demais destacar este aspecto, como sendo fundamental da nossa tabuada.


É um bocado para não nos esquecermos do papel de intermediação no espaço mediático, onde a tentação dos jornalistas de serem protagonistas do "show", por vezes lhes retira o foco da sua intervenção.


Como é evidente o jornalista não é uma sombra de ninguém e muito menos um moço de recados ou encomendas, dependendo da sua maior ou menor preparação, no caso da condução de uma entrevista, o seu melhor ou pior desempenho profissional.

O resto fica-se a saber depois, na sequência da avaliação feita por cada um dos consumidores de informação que somos todos nós e que, rapidamente, nos transformamos em verdadeiros treinadores de bancada como acontece no futebol e como se voltou a verificar com a entrevista que hoje nos está a inspirar estas notas.

No caso concreto e depois de todos os sinais que já tinha dado antes desta entrevista, noutros contactos mediáticos mais ou menos recentes, não há muitas dúvidas em classificar, do ponto de vista dos manuais, Chivukuvuku como sendo uma personalidade política difícil de entrevistar, sem ser bem o seu exemplo mais extremo.


Nem pouco mais ou menos.

O extremo aqui são as personalidades que chegam ao ponto de provocarem ou mesmo de insultarem os jornalistas, quando alguma pergunta não lhes agrada, para além da eventual utilização de outros recursos bem conhecidos, que podem chegar até ao uso, da pouca ou muita força que dispõem nos membros superiores ou inferiores.

Importa desde logo referir o contexto político angolano onde a desconfiança continua a marcar as relações entre a média estatal e os políticos da oposição.

Quanto a nós esta "variável" explica em grande parte o excesso de tensão verificado na última "Grande Entrevista", que, sintomaticamente, acabou por terminar quinze minutos antes do tempo.


Chivukuvuku é difícil por outras razões bem mais aceitáveis, antes de mais porque são legítimas e depois porque não se afastam do espaço da urbanidade que deve caracterizar o relacionamento em sociedade, seja qual for o contexto em que as pessoas tenham necessidade de dialogar, por mais divergências que as separem, no âmbito do debate contraditório.

Este espaço não é, certamente, o de uma entrevista, onde por definição o jornalista não é adversário do entrevistado, mas também não é seu confidente ou assessor.

A principal dificuldade que AC coloca a qualquer jornalista é a sua grande capacidade de "fugir" às perguntas quando elas não lhe agradam ou de as contornar de tal forma que ele acaba por falar mais do que realmente lhe interessa do que propriamente daquilo que o entrevistador quer saber.

Isto é normal em qualquer político que tenha alguma experiência em lidar com a imprensa.

Aliás, hoje os políticos profissionais que se movimentam nos países onde o jornalismo/médias são mesmo o “4º poder” e não o “quarto do poder”, já têm cursos onde aprendem a lidar com a imprensa no interesse da sua própria estratégia.

Diante deste potencial de AC, o jornalista tem de facto que estar bem preparado e sobretudo estar devidamente documentado com a necessária informação de "background" para o confrontar com algumas evidências, quando de facto quer esclarecer alguma matéria mais sensível que entenda que seja do maior interesse público.

Em termos concretos muito mais haveria para dizer sobre a forma como a entrevista decorreu, o que iremos tentar fazer em próximas oportunidades.

A RNA não faz anos a 5 de Outubro.

Em 1977 quando a 5 de Outubro Agostinho Neto visitou pela primeira vez os seus estúdios centrais, já havia RNA há cerca de dois anos.

Poucos saberão em que dia exactamente é que os ouvintes deixaram de ouvir falar em Emissora Oficial de Angola para passarem a escutar o locutor a dizer que "esta é a Rádio Nacional de Angola a transmitir de Luanda nos seguintes comprimentos de onda..."

Foi nesse dia que nasceu a RNA.

Corria o ano de 1975.

Eu estava lá.

Era locutor de continuidade e lembro-me vagamente que antes da actual designação, ainda houve por alguns dias um outro anuncio de estação muito parecido com o que viria a ficar até hoje.

Não quer com isto afirmar que há alguma mentira com o 5 de Outubro, embora não fique bem dizer ou deixar entender que a Rádio faz anos nessa data ou completa mais um aniversário.

As instituições normalmente celebram a data da sua criação.


Por razões meramente políticas a direcção da RNA da época decidiu ignorar essa data e optar por destacar a visita de AN como sendo o Dia da RNA. Estávamos no tempo do mono.

Comparar Perez à Mandela como fez Obama é, manifestamente, um "atentado" à minha sensibilidade e aos conhecimentos que possuo dos factos históricos.

Esta foi uma das últimas "barracas" do "nosso" Obama.

Felizmente ele não tem dado muitas.

Aguardem por Trump para verem o que é bom para a tosse, caso o bilionário que não gosta de pagar impostos, venha a ser eleito.

Em final de mandato, BO não precisava de se vergar tanto para fazer as pazes com Tel-Aviv.

Mandela acabou com o apartheid e salvou uma nação inteira de um banho de sangue, correndo até o risco de ser crucificado pelo seu próprio povo.

O quê que Perez deixa no médio-oriente?

Sabemos que Obama não teve qualquer intenção menos "saudável", mas um pouco mais de respeito pela memória de Mandela não fica mal a ninguém.