Luanda  - Um velho mentor ensinou-me que todas as acções têm consequências que podem ir além do previsto ou imaginado pelo seu autor. Para ele, tudo tem um custo. Ele foi mais longe dizendo que mesmo as nossas palavras podem ter um custo tão elevado que podemos não ter noção.  
 
Fonte: Club-k.net
 
Será que temos reflectido sobre o custo da bajulação no nosso país? Quanto custa a bajulação para a vida do nosso país? 
 
Hoje a bajulação se tornou como uma doença grave que enferma a nossa sociedade. Os bajuladores estão presentes nas igrejas, nas empresas, nas associações e no governo, a todos os níveis. São pessoas falsas que somente se preocupam com o seu bem-estar. Elas não se preocupam com à instituição na qual realizam a bajulação, nem tampouco com o país. Eles também não se preocupam com os tais líderes ou dirigentes que endeusam, mas somente com o que pretendem atingir ou manter. Construímos uma hierarquia de bajulação em escala que dá medo. 
 
 
Em muitas empresas reina um clima de desconfiança e de animosidade por causa dos bajuladores e dos fofoqueiros. Até mesmo nas igrejas esse mau espirito reina. Muitos líderes deixaram de pregar o evangelho por darem ouvidos aos bajuladores.   
 
 
 
Não existe qualquer dúvida que todo bom líder ou chefe deve estar rodeado de pessoas competentes, de bom caracter e com capacidades para fazer juízo das situações à sua volta de forma objectiva e imparcial. Devem ser pessoas imbuídas de uma visão ampla e que sejam capazes de fazer leituras sobre os fenómenos e situações a partir de diversos ângulos e tenham a coragem e a humildade suficiente para exporem as suas ideias. As pessoas que ocupam cargos de chefia ou de liderança são susceptíveis de cometer erros, alguns dos quais graves para as instituições que representam ou para o país e é por isso que a presença de bajuladores é uma contra-indicação. 
 
 
Na nossa praça nunca tivemos em falta de pessoas atentas que sempre chamam atenção sobre os possíveis resultados de algumas medidas, mas os bajuladores sempre aparecem com as suas retóricas (e muitas vezes apresentando teorias descontextualizadas) para defender os implementadores. Por isso, muitas das falhas que temos assistido no país se devem a eles também. 
 
 
Muitos bajuladores são culpados pelas más políticas públicas que levam a ineficiência de alguns sectores chave. São culpados pelos desperdícios na aplicação de fundos públicos em projectos falidos. São culpados pela lentidão e pouca acutilância do processo da diversificação da economia. São culpados pela falta de medicamentos essenciais nos hospitais públicos e são culpados pelas péssimas qualidades de muitas obras públicas. São culpados porque eles fazem com que os governantes vejam uma realidade do país que não corresponde com a verdade, um país que está somente no imaginário deles. Eles perdem a oportunidade de alertar, chamar atenção sobre o que não vai bem. 
 
 
Não está em causa a necessidade de muitas vezes os subordinados saberem dirigir palavras de incentivo e encorajamento para aqueles que têm a espinhosa missão de dirigir, mas somente o devem fazer com modéstia e dentro daquilo que é humanamente verdadeiro. Aliás, as palavras de incentivo e encorajamento devem ser recíprocos. Numa equipa, não deve existir alguém que incentive e encoraje mais os membros do que a chefia. 
 
 
O ser humano por natureza gosta do poder e quando se tem um cargo de chefia, a tentação é de chamar para perto de si aquelas pessoas que seguem as orientações sem o questionar. Queremos estar rodeados de pessoas que nos vêem como “o escolhido”, “o visionário”, quando na verdade não passamos de simples seres humanos. Se quisermos ser um Estado forte que saiba usar os seus imensos recursos para beneficiar os seus cidadãos, devemos ter maiores capacidades para escutar, concertar e nos livrar dos “yes men” – dos bajuladores – daqueles que só olham para os seus estômagos.