Luanda - O escritor e professor universitário Domingos da Cruz, condenado a oito anos e três meses de prisão juntamente com mais 16 activistas em Março e agora amnistiado, lança nesta quinta-feira, 20, em Lisboa a obra “Angola amordaçada: a imprensa ao serviço do autoritarismo”, com a chancela da editora Guerra e Paz .

Fonte: VOA

Cruz seguiu na noite de terça-feira, 18, para a capital portuguesa, sendo assim o primeiro do grupo dos 17 activistas a ausentar-se do país, depois de terem sido amnistiados a 16 e 17 de Setembro.

 

A obra será apresentada pelo professor universitário português e fundador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, co-autor do livro “Os donos de Angola”, que constitui estudo aprofundado do poder do regime angolano em Portugal e das ligações entre interesses económicos nos dois países.

 

“Angola amordaçada: a imprensa ao serviço do autoritarismo” tem por ponto de partida o trabalho final de mestrado de Domingos da Cruz, na Universidade Federal da Paraíba, no Brasil, e está centrado na imprensa angolana, com reflexões sobre os fundamentos da liberdade de expressão e de imprensa.

 

A obra aborda o controlo dos órgãos públicos de informação pelo MPLA e relata casos de perseguição e assassinato de jornalistas mas nunca esclarecidos pelas autoridades angolanas.

 

Cruz é licenciado em Filosofia e Pedagogia pela Instituto Dom Bosco de Estudos Superiores, de Angola, e mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba, no Brasil.

 


Professor universitário, jornalistas e investigador, venceu, em 2009, o Prémio Nacional de Direitos Humanos Ricardo de Melo.

 

Domingos da Cruz e mais 14 activistas foram presos quando participavam numa acção que chamam de activismo cívico e na qual analisam um texto não publicado na altura do próprio Cruz denominado “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura – Filosofia Política da Libertação para Angola”.

 

Presos a 20 de Junho de 2015, os 15 actisvistas e mais duas que aguardaram o processo em liberdade foram condenados a 28 de Março a penas de prisão por rebelião, tentativa de golpe de Estado e associação de malfeitores.

 

A 29 de Julho, Tribunal Supremo ordenou a libertação do grupo até a decisão do recurso interposto pelos advogados de defesa, mas a 16 e 17 de Setembro o mesmo tribunal decidiu em plenária que os activistas estão abrangidos pela amnistia declarada por ocasião da celebração dos 40 anos da Independência de Angola.