Luanda - A Religião é uma atitude assumida pelo homem perante um poder sobre-humano do qual se reconhece dependente como criatura sua. Tal atitude atitude expressa a nível social, constitui a base comum a todo fenómeno religioso.

Fonte: Club-k.net

A Religião é também uma instituição social, que tem funções de resistência e transformações da mesma, na medida em que grupos, conscientes da sua condição social, passaram a operar suas representações e práticas religiosas como um protesto da ordem social e política estabelecida, e busca novas legitimações na direcção da crítica social. Além da salvação das almas do ser social, tem uma função imperiosa, a de dar consciência da condição social e lutar para sair dele; fornecer estratégias das ideologias que podem ser pensadas como formas da religião enfrentar os poderes dominantes e produzir discursos críticos sobre eles em nome da fé; perceber se as ideologias são coerentes, se não dissimulam a realidade e se expressam uma objectividade da realidade para qual convergem os pontos de vistas, independentemente da condição social; compete também a ela ao poder civil moderno a legitimação sobre a ideia secular de que o poder vem do povo.


O funcionalismo religioso admite que a religião enquanto elemento constituinte de um sistema social total, é um factor de coesão e integração social, fonte da paz interior individual e como elemento de apoio a uma ordem social estabelecida. Em suma, afirma que todas as sociedades necessitam da religião as três limitações da natureza humana são universais: contingência, impotência e penúria.


No começo da lutas da libertação, o fenómeno da estabilidade extraordinária da consciência religiosa nos países africanos, explica se como uma reacção da defesa face à expansão colonialista e neocolonialista. Não sendo capazes de contrapor alguma alternativa substancial (económica e militar), as sociedades africanas viraram-se essencialmente para os mecanismos de oposição espiritual afim de revitalizarem os factos sociais mais importantes da sua herança cultural. As sociedades africanas frequentemente mostraram se capazes de tomar a iniciativa intelectual, gerando numerosas e diversas variantes do secretismo religioso herético.


A religião em África naquela época, representava uma força politica activa, constituindo um dos factores decisivos da politica interna.

O kimbanguismo e o nacionalismo


Kimbanguismo, religião iniciada por Simão kimbango, que durante sua juventude, teve uma série de problemas e revelações que lhe pressistiam a reconhecer a sua missão espiritual neste mundo, que culminou com a experiência crucial de 18 de Março de 1921, o grande sonho de recepção de um livro por uma pessoa estranha que não se identificava como pessoa (espírito santo) onde continha, orientações para libertação dos negros africanos de concreto angolanos do jugo colonial.


Salienta-se que a religião de Simão Kimbango, encontra-se se na origem de todos movimentos messiânicos e proféticos da província de Leopoldivill e do antigo Médio Congo. No princípio de 1921, kimbanguísmo revelava-se um movimento organizado, preparado para cristalizar no seu seio a sensibilidade religiosa da população e para desencadear, em seu proveito, todas as forças explosivas do nacionalismo e do racismo. Kimbanguismo, apresentava-se independentemente de toda e qualquer religião estrangeira, isto é, das provenientes do Ocidente por influência dos colonos europeus e americanos. Era uma religião dos negros, como havia de ser mais tarde o refrão de kintwadi.


No domínio político, kimbanguismo foi o primeiro movimento de reacção exteriorizado em todo o Baixo Congo. Em 1921 não existia nesta vasta região, nenhum modo de expressão religiosa política.