Luanda, aos 10 de outubro de 2016.
Apoio aos empresários locais.
 
Antes de mais, desejo-lhe boa saúde e optima disposição.
 
 
Camarada Presidente José Eduardo dos Santos, escrevo-lhe esta carta com muita consternação, insatisfação e desagrado pela forma burocrática e exclusiva que está a ser gerida a política de diversificação da economia mais propiamente, o acesso ao financiamento bancário.
 
 
Estamos todos conscientes da situação em que o país está a atravessar. A situação é crítica e o país precisa do empenho de todos nós, precisamos de medidas urgentes e sérias para de facto começarmos a marcar passos para a tão falada diversificação da nossa economia.
 
 
A pergunta que se faz e a seguinte: Podemos sair dessa situação? Sim, podemos. Mas para isso acontecer, o Camarada Presidente deve acompanhar a implementação desta política. A forma exclusiva como é conduzida a política de acesso ao crédito, só dificulta mais as coisas. Acho que devemos todos ter os mesmos direitos desde que se reúna as condições necessárias e viáveis para se gerir uma empresa. O sector privado deve ter o apoio do governo. O governo por si só, não vai conseguir acabar com esta crise. Na medida em que o sector privado cresce, aumentam os postos de trabalho, o poder de compra, o PIB e como resultado o crescimento da nossa economia.
 
 
Somos uma empresa vocacionada no sector agrícola, temos duas fazendas em duas províncias ao norte do país, com potencial agrícola capaz de contribuir para diversificação da economia e criar vários postos de trabalho. Há mais de três meses que submetemos o nosso processo para a conceição de crédito e até hoje 3 de Outubro, continuamos a espera sem nenhuma resposta plausível.
 
 
Camarada presidente, o BPC tem cerca de 92 Mil Milhões de Kwanzas em crédito mal parado. Foi pensando nesta realidade, que projectamos a nossa empresa. Razão pela qual, para além da actividade agrícola que queremos desenvolver como nosso objectivo principal, desenvolvemos também dois projectos pioneiros no país de formas a ajudar o banco e os empresários do sector agrícola e não só (infelizmente não os posso revelar em carta aberta). Desta forma, o banco inicia a recuperação dos créditos mal parados e consequentemente os novos devedores poderão reembolsar o banco sem qualquer dificuldade.
 
 
Tentamos inúmeras vezes contactar pessoas como a deputada Welwitchia dos Santos, a Engenheira Isabel dos Santos, o ex-PCA do BPC Dr. Paixão Júnior, mas sem êxitos.
 
 
Assistimos atentamente ao discurso de Vossa Excelência, no último congresso do MPLA. Ouvimos com muito agrado quando falou na aposta ao sector privado, á todos aqueles que têm boas ideias, que tragam-nas.
 
 
Camarada Presidente, eis-nos aqui. Precisamos do Vosso apoio.
 
 
Sem mais nada de momento, relatamos aqui de forma resumida a realidade em que passamos, com a esperança da Vossa boa vontade em ajudar-nos para podermos ajudar o país a crescer.
 
Os nossos antecipados agradecimentos,
 
Walter Kassuende.
 
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