Luanda  - É comum entre nós angolanos, vermos pessoas com sinais evidentes de correria, de estado de ansiedade, de stress e de preocupação. Os males imaginários, os pensamentos pessimistas, e emoções negativas, além de gerarem inquietação, desconcentração, ansiedade, falta de confiança, insegurança e medos, podem provocar transtornos físicos ou orgânicos. Por exemplo, aquela mãe de adolescente que não dorme porque o filho foi á festa, só pode degradar a sua saúde, com imaginações negativas, quantas vezes com baixa probabilidade de ocorrem. O mesmo ocorre, com aquela pessoa que também, não dorme e sente cólicas intestinais por ter programada uma viagem de avião na manhã seguinte.
 
Fonte: Club-k.net
 
Não são raras as doenças de foro gastro-intestinais, cardiovasculares, psíquicas e psiquiátricas, no país, que provavelmente têm origem em preocupações evitáveis e em emoções negativas. As preocupações (exceptuando aquelas referentes aos cuidados ou zelo necessários) devemos todos evitá- las, pois elas são prejudiciais á saúde física e mental.
 
Por definição, “preocupação é um estado de espirito de quem receia alguma coisa indesejável. È desassossego, inquietação”, quantas vezes desnecessária e evitável.
 
 
Como evitar preocupação, se na verdade as pessoas vivenciam uma infinidade de problemas cujas soluções não visualizam? Dale Carnegie ((1888-1955), autor norte-americano dos anos 50 do seculo XX, responde esta pergunta na sua obra “Como Evitar Preocupações e Começar a Viver”.
 
 
Aqui, longe de tentarmos resumi-la, pretendemos tão- somente, partilhar a nossa leitura dela, contribuindo para a divulgação daquelas ideias, que julgamos preponderantes, sobre como devemos banir as preocupações.
 
1- Desde logo, Dale Carnegie, aconselha a vivermos concentrados no hoje, sem reviver intensamente o passado e muito menos tentar, de forma inquieta, “viver” o futuro incerto, com pensamentos negativos, com baixa probabilidade de ocorrem. Porém, ele adverte que isso não significa que se deva deixar de aprender as lições do passado, nem deixar de se preparar para o futuro, a partir da concentração nas tarefas do presente.
 
2- Á luz das lições de Dale Carnegie, as pessoas diante de problemas ou situações difíceis, devem seguir três passos: a) - Analisar e identificar o pior cenário que pode advir de tal situação difícil; b) - Aceitar o pior cenário
possível, a pior consequência ou resultado; c) - Buscar a melhor solução para o pior cenário já aceite.
 
Ou seja, identificar e aceitar a pior consequência, tendo ela já se verificado ou não, dá certo alívio mental, dá concentração e raciocínio para encontrar a melhor solução. A partir do momento que se reconheça que tal situação difícil não representa “o fim do mundo”, é possível afastar a preocupação e se ocupar da procura da solução, que sempre haverá alguma, ainda que seja o tempo a encontrá-la. Assim, se recomenda também, para nosso bem-estar, uma regra, muito divulgada, segundo a qual “aceite o que objectiva e absolutamente, não podes mudar e mudes o que está a seu alcance”, isso é, o que o autor chama saber aceitar o inevitável.
 
3- O autor enfatiza que evitar preocupações é resolver problemas e acrescenta que toda solução de problemas deve passar por três momentos, a saber: a)- Obter toda informação objectiva e verdadeira possível, quer seja positiva ou negativa, sobre todos factos reais relacionados com o problema ou situação aflitiva; b)- Analisar estes factos, isso é, descortinar as suas causas, relações e tendências; c)- Tomar uma decisão, (com base nos factos e respectiva analise) e aplicá-la, o que significa escolher a melhor opcção que resolva o problema e elimina a preocupação.
 
Este processo, segundo Dale Carnegie, permite ter clareza sobre o quê que realmente preocupa, sobre se haverá alguma razão para a existência da preocupação e daí rumar para a solução.
 
 
4- Em consonância ao referido no ponto anterior, Dale Carnegie, adverte que uma boa maneira de evitar preocupação é manter-se ocupado. Ao invés de se preocupar é preciso se ocupar. Mente ocupada, não dá espaço a pensamentos e emoções negativas, não tem tempo para preocupação. A própria resolução do problema, segundo o autor, é uma boa ocupação para evitar preocupação. Ele acrescenta que devemos estar interessados nos nossos problemas, mas não preocupados, advertindo que estar interessado no problema é buscar serenamente a respectiva solução e estar preocupado é vaguear em torno dele.
 
 
 5- Dale Carnegie recomenda que definir o que é realmente fútil e irrelevante, ajuda a evitar preocupação. Muitas pessoas irritam-se facilmente por motivos fúteis, por contrariedades mínimas, causando danos a si próprias e destruindo boas relações sociais.
 
 
6- O autor em questão, recorda-nos que saber perdoar, evitar ódios, rancores, ressentimentos, vingança, e evitar zangar-se com a ingratidão, são uma forma de se distanciar de preocupações e de adquirir paz interior, pois aqueles sentimentos só fazem danos a quem os sustenta.
 
 
7- Outra lição a extrair da obra em referencia é a de que para dirimir certos aborrecimentos é preferível valorizar mais o que se ganhou do que o que se perdeu, sendo que a maioria das pessoas tende a valorizar muito o que se perdeu, o que causa tormento. É preciso saber encontrar ganhos, aspectos positivos nas perdas, evidenciar o lado bom das coisas.
 
 
8- Relacionado ao referido no ponto anterior, para Dale Carnegie, uma maneira de se afastar das preocupações relacionadas com bens materiais ou com a falta de dinheiro é valorizar mais o que temos do que o que não temos, sem que isso signifique conformismo, pois que valorizar o que se tem é uma boa base para partir para novas conquistas sem atrapalhação.
 
 
9- Dale Carnegie advoga que a religião proporciona, fé, esperança, optimismo, paz e coragem suficientes para dissipar preocupações, ansiedades e medos. Acrescentando mesmo que “ A fé religiosa é, sem dúvida, a cura soberana das preocupações”. O autor revela que rezar, por exemplo, ajuda a clarificar o quê que preocupa, dá a sensação de que não se está a enfrentar a preocupação sozinho, servindo como desabafo e fornece força para ir atrás da solução do problema.
 
 
10- Encontramos na obra que vimos referindo, a ideia, segundo a qual, às criticas desonestas e injustas devemos reagir com prudência e serenidade e não com fúria e irritação defensiva, porquanto elas, muitas vezes, revelam o mau carácter de quem as profere. As criticas construtivas devem nos impelir a corrigir alguma coisa, pois não somos absolutamente perfeitos. Nesse sentido, é recomendável fazer autocríticas e autoavaliações constantes. Enfim, não se deve permitir que umas e outras criticas abalem o nosso sossego.
 
11- Para Dale Carnegie, as preocupações estão correlacionadas com a fadiga. Diz ele, que o cansaço por si só gera preocupação e esta, também provoca cansaço. Dito por outras palavras, uma pessoa descansada, relaxada mais facilmente desfaz as suas preocupações.
 
Assim, ele aconselha as pessoas a descansarem mesmo enquanto trabalham, a relaxarem os músculos, a usarem racionalmente o seu tempo para revigorar energias. Por exemplo, aos funcionários administrativos, ele sugere que cultivem quatro bons hábitos de trabalho que evitam cansaço e preocupação: a) Colocar sobre a sua mesa, apenas os documentos referentes ao assunto do dia. Isso dá a ideia de ordem, afasta a sensação de ter muito por fazer, de falta de tempo e ajuda a resolver o que tem de ser feito sem adiamento; b) Fazer as coisas de acordo com a sua importância. Significa, definir os assuntos por ordem de importância e resolvê-los do mais importante ao menos importante; c) Tomar decisão, tão logo tenha as informações necessárias para tal. Adiar decisões provoca acumular problemas que só podem causar preocupação; d) Aprender a organizar, orientar e supervisionar o trabalho. Aqui, Dale Carnegie ensina a delegar tarefas, pois quem não o faz, está sujeito a acumular trabalho e tensão, ficando impossibilitado de se concentrar nos grandes assuntos, ensinar, motivar e controlar.
 
Expusemos, deste modo, algumas ideias de Dale Carnegie acerca deste tema, esperando que tenhamos sido, o mais fiel possível. Mas, mais do que isso, estaríamos satisfeitos se tivermos despertado o interesse pela leitura da obra.
 
Luanda, 4 de Outubro de 2016
 
⃰ Licenciado em Ciências Sociais e em Gestão de Empresas
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