Luanda - O director provincial da Saúde do Huambo, Frederico Juliana, foi detido na quarta-feira, nesta cidade, em plena via pública, por suspeita da prática de crimes de peculato na forma continuada.

*Ilídio Manuel
Fonte: Facebook

De acordo com fontes locais, o gestor terá descaminhado largos milhões de Kwanzas dos cofres do Estado, através de um «esquema» de fornecimento de medicamentos, equipamentos médicos e consumíveis às unidades hospitalares por empresas «fantasmas».

 

Consta que as ditas empresas fictícias não se limitavam a empolar os preços dos bens fornecidos, como também procediam à cobrança de uma mesma factura várias vezes. Além do médico Frederico Juliana, foram igualmente detidas duas funcionárias da Direcção Provincial de Finanças que, se presume, estarem também envolvidas nessa alegada «engenharia» financeira. Na capital do Planalto Central sabe-se, de uns anos a esta parte, que o director da Saúde estaria envolvido em «esquemas» de corrupção, tendo sido inclusive objecto de processos-crime que lhes foram movidos pela Procuradoria Provincial da República.

Os referidos processos teriam sido «enterrados»  devido a supostas influências movidas junto de alguns círculos do poder local e central. Os processos contra o gestor remontam ao período de governação de Faustino Muteka, mas que nunca viriam a conhecer a luz do dia, tendo sido mais tarde arquivados, por força da actual Lei da Amnistia.

 

A detenção do responsável da Saúde tem estado a gerar alguma polémica nos meios jurídicos locais, tendo em conta a vigência da Lei da Amnistia, que, como se sabe, apagou muitos crimes cometidos até Novembro do ano passado. Contudo, há quem considere que a prisão de Frederico Juliana terá resultado de novos crimes por ele cometidos, depois dessa data. Frederico Juliana é descrito como sendo uma das «maiores fortunas» do Planalto Central, que terá feito um «bom pé- de-meia» ao longo dos vários anos que se encontra à frente do sector da Saúde naquela província.

 

À boca pequena, diz-se que ele possui vários empreendimentos na sua terra natal (Zaire), onde terá investido numa unidade sanitária de «maior dimensão que o hospital central de Mbanza Congo». Há informações de que a detenção do director da Saúde poderá causar réplicas no Hospital Central do Huambo, onde pairam igualmente suspeitas de corrupção por parte do seu principal gestor, o médico Welema Cipriano. Tido como um protegido do antigo governador Fernando Muteka, o gestor do maior hospital do Huambo tinha sido igualmente objecto de um processo-crime, por alegado descaminho de verbas.