Luanda - O Banco Yetu investiu pelo menos 50% do activo em títulos de dívida pública, durante o primeiro ano de exercício, informou o presidente do conselho executivo daquela instituição bancária nacional, André Lopes, em entrevista exclusiva ao jornal Mercado.

Fonte: Mercado

A aplicação de metade dos recursos no respectivo instrumento financeiro (títulos da dívida pública), como explicou o PCE do Banco Yetu, decorre porque a função creditícia naquela instituição financeira ainda é incipiente e observam-se alguns constrangimentos para o respectivo acesso, aliás um obstáculo verificado no sistema bancário angolano.


“O nível de crédito concedido à economia hoje permite-nos ter uma taxa de transformação de 6%; por isso, entendemos que aqui devemos fazer um reforço.”

Tal quadro poderá ser invertido brevemente com a adesão daquela sociedade financeira angolana ao projecto Angola Investe, programa gizado pelo Executivo, tendo em vista o processo de diversificação da economia, dependente das transacções do petróleo.


Para André Lopes, existe um conjunto de factores, na maioria deles exógenos aos próprios bancos, que limitam o acesso ao crédito; sobretudo os projectos e garantias.

“Muitas vezes os empresários têm bons projectos, mas não conseguem dar garantias acrescidas para que os bancos possam de facto mitigar os riscos inerentes ao crédito”, declarou o PCE do Banco Yetu, uma das 28 instituições bancárias angolanas, cuja inauguração foi a 17 de Setembro de 2015 com um capital social de 3 mil milhões Kz.
O registo e execução das hipotecas constituem também constrangimentos para a concessão de crédito bancário, mas são aspectos ligados ao registo de propriedade e com o funcionamento dos tribunais, quanto à observância dos dois elementos focados.

Evolução da carteira dos depósitos

O Banco Yetu registou um crescimento na carteira de depósitos nos primeiros doze meses de actividade, tendo inclusive superado as expectativas geradas aquando da constituição, cujo âmbito de actuação está focado no corporate e private banking.

A evolução positiva da carteira dos depósitos resultou da comercialização, nos meses de Julho e Agosto, dos produtos de poupança a prazo depósito Power, permitindo àquele banco passar de 26.º para 18.º melhor, no conjunto dos 28 bancos angolanos, relativamente à conta citada, como informou André Lopes, durante a entrevista.

O sucesso alcançado com a comercialização do depósito Power é, igualmente, consequência do esforço feito pela equipa comercial, no sentido de captar clientes, assim como depósitos, argumentou o responsável pelo conselho executivo do Yetu.

Robustez do activo

Enquanto banco novo no sistema bancário, o BY está sob uma gestão financeira segura, quer do ponto de vista dos financiamento, quer dos investimentos da actividade, de forma a assegurar um crescimento sustentável, garantiu André Lopes, que já foi vice-presidente do Banco Nacional de Angola para a supervisão bancária.

“O banco começou a actividade com um capital social na ordem dos 3 mil milhões Kz, em Setembro de 2016 chegou à fasquia dos 14 mil milhões Kz. Portanto, há um crescimento do activo que no fundo reflecte do crescimento da carteira de depósitos.”

Aquela instituição financeira adoptou uma política rigorosa de prestação de contas, diante do conselho de administração, dos accionistas, bem como do regulador (BNA). Neste âmbito, a equipa gestora tem tido a oportunidade de confrontar os números com aquilo que são as expectativas. O orçamento aponta para aceleração, quanto ao período de recuperação do investimento, face à aplicação de uma política cuidada a fim de evitar custos de estrutura elevados e desta forma assegurar o equilíbrio.

Assim, na perspectiva André Lopes, economista de formação, se o BY continuar a implementar a política inserida no plano de negócio, a nível de execução, poderá recuperar o investimento aplicado dentro dos prazos previstos no plano de negócio.


A aposta em recursos humanos nacionais constituiu um dos principais desafios do banco aquando do início da actividade, mas teve de recorrer à consultoria de técnicos expatriados para instalação das soluções informáticas.