Sumbe – A cidade do Sumbe, capital da província do Kwanza Sul, vai vivendo de um tempo atrás, um ambiente de terror nas escolas, algo que se está a generalizar, e que numa velocidade de cruzeiro vai semeando o desespero no seio das comunidades escolares e das famílias da urbe.

Fonte: Club-k.net
Prevalece em muitos dos estabelecimentos escolares, um cenário de grande tristeza derivado dos desmaios sistemáticos com gravidade que ocorrem no dia-a-dia, onde o grupo alvo são preferencialmente meninas - situação a que a governação por ironia atribui como causa a “histeria coletiva”.

E por esta razão, as autoridades se mantém no silêncio e limitam-se de forma arrogante, a decretar ordens proibindo a concentração de ambulâncias nas escolas, proibindo a solidariedade dos professores e diretores para com as vítimas, estendendo ainda a proibição aos órgãos de comunicação social para que nada seja divulgado a respeito desta matéria.

A imposição do silenciamento da imprensa, tem provocado da parte das famílias das vítimas e do público, interrogações passíveis da suspeita dalguma cumplicidade de quem manda em relação aos acontecimentos, o que é mau, porque é um indicador de que as instituições não são da confiança dos cidadãos.

As interrogações são cada vez maiores, porque apesar dos desenvolvimentos, o governo de forma muito negligenciada, faz crer e transparecer uma total despreocupação em relação a uma questão, que acaba por absorver cada vez mais a atenção da população.

Este comportamento torna-se ainda muito mais estranho, sobretudo numa altura em que o número de vítimas cresce vertiginosamente e cresce a contestação pública. Crendo ou não, a sociedade camusumbe defronta-se particularmente com um fenómeno que ameaça a integridade física, psicológica e mental de meninas e senhoras de toda uma cidade.

Expostas ao perigo e sem recursos para contrapor a situação, percebe-se que meninas e senhoras estudantes de todos os níveis de escolaridade e de estratos sociais diferenciados, vivem sobre um tormento permanente. Diferente do que tem sido até hoje, nos últimos dias e de forma lamentável, registaram-se os dois primeiros óbitos como consequência dos desmaios múltiplos, cujas vítimas foram meninas estudantes da Escola 14 de Abril.

É também de destacar que ocorreram na escola Rainha da Paz do Bairro da Pedra I, desmaios com crianças de idade pré-escolar, o que torna a questão ainda mais preocupante, visto que até a dada altura, nada semelhante havia sido registado com relação a esta faixa etária.

Segundo fontes médicas, algumas das graves consequências resultantes destes desmaios, é provavelmente o comprometimento irreversível da fertilidade das senhoras e causa de morte se repetido em espaços muito curtos, como o acontecido no caso acima relatado. Imaginemos o que será da cidade do Sumbe nos próximos 15 - 20 anos se este facto for uma realidade.

Sem crer dramatizar, entende-se que a situação começa por tomar contornos muito mais graves do que se imagina, porque é notável, que a progressão do surto vai-se tornando cada vez mais violento e a criar um desconforto geral, ventilando-se já em certos círculos, o receio e a probabilidade dos desmaios passarem das escolas para as moradias. É importante que na defesa do interesse comum, que as autoridades de forma inteligente, demonstrem empenho e vontade na procura das causas da tão problemática situação, socorrendo-se de forma constante dos órgãos de defesa e segurança, da sociedade civil, das autoridades tradicionais e do governo central; devendo ainda recorrer as organizações internacionais, atendendo o humanismo, a competência técnica e científica das mesmas. De certeza que com esforço e dedicação, desvendar a natureza misteriosa deste mal, hipoteticamente jamais seria impossível, porque nos dias que correm, a tecnologia dispõe de soluções eficazes, abundantes e por vezes surpreendentes.

Portanto, em oposição a injustificada inércia ou paralisia funcional das autoridades locais, requerem-se ações enérgicas e imediatas por parte de quem governa, para que se ponha cobro a um pesadelo que vai tomando proporções gravíssimas. Em última análise, entenda-se, que as sequelas irreversíveis e todos os perigos e males associados que vitimam toda esta gente inocente, vão desencadeando na população, sentimentos de descontentamento, dor e revolta.

Indícios que exigem do “executivo” local e dos políticos da situação, capacidade de leitura da conjuntura, discernimento, prudência, solidariedade e diálogo. Lembremo-nos de que a garantia da segurança e bem-estar das populações, é uma das obrigações basilares de qualquer estado.