Luanda – O Conselho Nacional do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) apela às entidades criadas pelo Presidente da República, em Agosto de 2011, através da Comissão Interministerial, que trabalhem com profundidade para esclarecer a origem dos desmaios "estranhos" nas escolas, acrescentando que o fenómeno prejudicou "de forma medonha o processo docente educativo".

Fonte: NJ

Professores pedem resposta


O repto surgiu na abertura do 5.º Conselho Nacional do SINPROF, que decorreu sob o lema "Duas Décadas de Sindicalismo no Rumo da Luta pelos Nossos Direitos" e foi presidido pelo secretário de Estado da Educação para o Ensino Técnico Profissional, Narciso Benedito.

No evento, realizado em Viana, província de Luanda, com a participação de 43 conselheiros provenientes das demais províncias do país, os professores manifestaram-se preocupados com o fenómeno dos desmaios "estranhos" nas escolas, que no último mês voltou a ocorrer em vários estabelecimentos de ensino.

O Conselho Nacional do SINPROF apelou às entidades criadas pelo Presidente da República, em Agosto de 2011, através da Comissão Interministerial, que trabalhem com profundidade para esclarecer a origem do fenómeno, que prejudicou "de forma medonha o processo docente educativo".

Refira-se que, segundo um comunicado da Casa Civil da Presidência da República, José Eduardo dos Santos decretou a criação de uma comissão, em 2011, que teria como missão avaliar o fenómeno dos desmaios bem como os mecanismos para normalizar a situação, responder às ocorrências e dar instruções aos responsáveis das escolas.

O comunicado mencionava também a mobilização de especialistas em Medicina, Psicologia Clínica, Psiquiatria e outras áreas do conhecimento para investigarem as causas dos desmaios e apoiar os docentes dos estabelecimentos de ensino e ainda interagir com os órgãos de comunicação social para evitar o alarme público.

A comissão dirigida pelo ministro do Interior, Ângelo de Barro Viegas Tavares, integra também os ministros da Educação, Saúde, Ambiente, da Assistência e Reinserção Social e Comunicação Social, mas a realidade é que, passados cinco anos, ainda não foram determinadas as causas dos desmaios ou as substâncias tóxicas por detrás deste fenómeno.

O segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, comissário-chefe Paulo de Almeida, considerou, na altura em que começaram os desmaios nas escolas, que se tratava de um "fenómeno estranho", que estava a preocupar a polícia devido ao seu efeito multiplicador.

Paulo de Almeida afirmou que a situação tem criado "um certo pânico e agitação social", sobretudo nas camadas estudantis, numa faixa etária que vai dos 11 aos 22 anos, e manifesta-se através de desmaios colectivos nos estabelecimentos escolares, com particular incidência em pessoas do sexo feminino.

As amostras enviadas para laboratórios de Portugal, com vista a detectar as causas de centenas de desmaios em escolas de Angola não esclareceram que tipo de produto tóxico estaria envolvido.

No decorrer das investigações, de acordo com o comandante da PN, foram detidas algumas pessoas, que não ultrapassaram a dezena, devido ao uso de gás lacrimogéneo, denominado aerossol anti-agressivo/70, em forma de bisnaga, em duas escolas de Luanda.

Depois destas, informações, nada mais "transpirou" das autoridades até os relatos de desmaios voltarem a ensombrar as escolas, um pouco por todo país.

Os últimos casos ocorreram na semana passada, em Luanda, onde mais 70 alunos desmaiaram numa escola do Primeiro Ciclo 1141, no Bairro dos Ossos, distrito Urbano do Sambizanga.