Ondjiva – A nomeação do general Kundi Paihama – a 16 de Setembro do corrente – para o cargo do governador provincial do Cunene pelo Presidente da República, não caiu bem para o vice-governador para o sector Politico e Social, José Nascimento Veyalenge que almeja(va) a todo custo a cadeira deixada pelo malogrado António Didalelwa.

Fonte: Dikas
Durante o periodo em que este Didalelwa ficou acamado (na Clínica Multiperfil), Veyalenge desempenhou o cargo de governador provincial em exercício. Há quem diz que ele ganhou gosto ao poder.

Na verdade é que – após a morte de António Didalelwa a 31 de Agosto, de etnia Omuwambo (Kwanhama) – Nascimento Veyalenge (juntamente com os seus compadres do MPLA, Gonçalves Namweye, Crispiniano dos Santos e companhias) fizeram uma campanha no sentido de se auto-promover como o próximo “homem forte” da província do Cunene.

Durante esta campanha Veyalenge reuniu, secretamente, com a coordenadora do grupo de acompanhamento do Secretariado do Bureau Político do MPLA ao Cunene, Genoveva Lino e companhias (dentre as quais a veterana Ana Maria), pedindo que intervisse junto ao presidente da República para o nomear como novo governador daquela província.

Poucos dias antes da nomeação do general Paihama (que exercia as mesmas funções na província do Huambo), este governante orientou ao seu grupo de apoiou a escrever uma carta aberta ao Presidente da República, assinado por Nicodemos Mbia, um nome fictício adoptado por Anicete Wange (que reside em Portugal), rogando o seguinte:

“Senhor Presidente, Engº. José Eduardo dos Santos, dê-nos um bom governador que continue [e inovar mais], a desenvolver a martirizada e sofrida Província do Kunene. Um Governador que não olhe só pelos seus interesses pessoais, dos seus amigos e seu grupo etnolinguístico de origem. Um Governador que seja elo de unidade entre os filhos do Kunene, e não só. Um Governador que seja inteligente e diligente, académico e do povo, capaz de ir colher, noutros países, bons exemplos de boas práticas de desenvolvimento e de governação, capaz de implementar boas, credíveis e duráveis infraestruturas. Um Governador que tenha visão e determinação, capaz de fazer ruas, mesmo sem asfalto, nos bairros das cidades da Província, capaz de fazer estradas terraplanagem [o asfalto pode ser caro, para começar] que dê acesso a todos os cantos e recantos da província para circulação de pessoas e bens e fomentar, assim, a diversificação da economia [que vá ver à vizinha Namíbia]. Senhor Presidente, queremos um Governador que ame e forme quadros, futuros da província e da Nação angolana, um Governador à altura dos desafios do nosso tempo, à altura dos grandes homens e mulheres que Kunene tem”. O que, infelizmente, não aconteceu.

Ainda nesta carta, os membros da campanha de Veyalenge destrataram o general Kundy Paihama e o ex-ministro da Hotelaria e Turismo Pedro Mutindi, alegando que eles não são e nunca foram cunenes.

“O Kundy Paihama sempre se arrogou de ser Kwanhama e até há bem pouco tempo muitos pensavam mesmo que fosse kwanhama, até o Presidente, e como General, criou os (des)temidos Onças da Montanha, compostos maioritariamente por Ovawambo (Kwanhamas), a Unita temia-os. O Pedro Mutindi granjeou respeito e valor arrogando-se ser Kwanhama, até erradamente aquando da sua despromoção de Ministro de Hotelaria e Turismo, teria dito ao Presidente, errada, falsa e hipocritamente que os Kwanhamas não eram governados por mulheres (…)”.

Finalmente, Nascimento Veyalenge e o seu grupo vão continuar a sua lutar para atingir o seu objectivo. Nem que isso signifique combater de todas formas e por todos meios o general Paihama. Abaixo o tribalismo!