Luanda - Donald Trump se calhar ainda não sabe que as promessas eleitorais são para cumprir, como não deverá saber muitas outras coisas relacionadas com o admirável novo mundo da política para o qual acaba de ser admitido esta semana, com algum mérito próprio, ao vencer as eleições do seu país, o que lhe dará o direito de vir a ser a partir do dia 20 de Janeiro de 2017, o 45º Presidente dos Estados Unidos da América.

Fonte: OPais

Trump vai substituir Barack Obama que, como todos sabemos, figura na sua longa lista de ódios e recalcamentos pessoais, como tendo sido uma das pessoas que ele mais perseguiu e insultou, antes de mais por não ser branco e depois por não ser loiro e não ter olhos azuis.


Até lá, até ao dia que vai ter de jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição, Trump vai ter de aprender muita coisa e muito rapidamente.

 

Pelos vistos e para além do direito fiscal relacionado com as empresas que declaram falência, o magnata não parece ter outros conhecimentos mais específicos que lhe possam ajudar na sua nova e poderosa função. É um cenário, já transformado em realidade, que está a assustar muita gente.


Esta de nos dizerem que Trump foi ao encontro do "american dream" leva-nos a querer saber de imediato de que americanos se tratam.
Quais americanos?


Quantos americanos? (por via de uma forte abstenção, metade do eleitorado nem sequer foi às urnas)


O sonho dos americanos não é o mesmo, a não ser que sonho e pesadelo sejam sinónimos, o que também pode ser possível.
Após uma eleição e antes mesmo do vencedor começar a governar, pela primeira vez nas ruas de várias cidades norte-americanas milhares de pessoas protestam contra o “sonho” que Trump lhes quer oferecer. Será que são todos mexicanos ilegais?


Basicamente Trump foi eleito com quatro ou cinco promessas, onde figuram, nomeadamente, a construção de um muro, a prisão de uma mulher e a expulsão de uma religião e respectivos seguidores do seu “paraíso”, um “paraíso” que o seu pai, um emigrante proveniente da Alemanha "descobriu" no inicio do século passado.


Trump vai provar do seu veneno, quando realmente perceber que de tudo o que ele ameaçadoramente andou a prometer durante a campanha eleitoral quase nada é de implementação imediata, quase nada é possível concretizar, diante da complexidade que é governar um país que são 52 estados, que tem a dimensão de um continente e a pesada responsabilidade internacional de querer ser o "policia global".


Todos quantos votaram em Trump pensando que ele ia acabar definitivamente com as "manias" de Washington, que ia fazer toda a diferença com o passado, tal como Obama também pensou, vão em principio cobrar-lhe as expectativas criadas e o próprio voto.


Como tecnicamente não será possível fazer esta devolução, vão começar as makas e as desilusões e aí Trump vai pensar novamente no que andou a dizer e a interrogar-se sobre a sua própria natureza pessoal/temperamento que tantos dissabores já lhe provocou ao longo da sua vida. Será tarde.


Na América as pessoas tanto votam nos democratas como nos republicanos, alterando as suas simpatias com a maior das facilidades, desde que sejam convencidas pelas promessas de quem anda à procura do seu voto, de quem quer chegar a Casa Branca, nomeadamente. Promessas que lhes digam alguma coisa de concreto, que tragam solução para os seus problemas ou mesmo que alimentem os seus sonhos, desde que sejam realizáveis.


O problema é quando os "trumpistas" perceberem que o Donald não vai fazer o que prometeu, não por não querer, mas sim por não poder.
O discurso errático de DT no "day after" é no mínimo surpreendente para a imagem de um homem que andou a querer incendiar a pradaria.


Afinal de contas, que Trump teremos em Washington dentro de pouco mais de dois meses?


Coluna/País (11-11-2016)