Luanda  -  Em Portugal desde 2009, o Atlântico Europa alterou a sua estratégia de crescimento e alargamento de negócio. O ano de viragem deu-se em 2014, e em 2015 isso já foi visível, já que o propósito do banco controlado por capitais angolanos deu frutos. O presidente executivo, Diogo Cunha, explicou à EXAME o que mudou para que o banco arrebatasse o primeiro lugar entre os bancos que mais cresceram, afastando o Banco Carregos a do pódio a que teve direito em 2014, segundo os dados da análise da Informa DB e da Deloitte.

 
Fonte: EXAME
 
“Em 2014, o banco definiu uma estratégia de crescimento a três anos com o objetivo de levar avante o desenvolvimento de um modelo de banca com uma forte componente tecnológica e de maior apoio ao comércio internacional.” Esse facto, adianta, “permitiu-nos crescer em segmentos de negócio que estavam pouco explorados pelo banco, e em 2014 isso já se concretizou, consolidando-se mais em 2015”. Para o presidente do banco – que fez carreira no BIG durante 15 anos, desde a sua fundação, e chegou ao Atlântico Europa em 2014 –, esta nova etapa assenta “numa estratégia ambiciosa, mas simples”.
 
 
Cresceu em 2015 mais do que nos últimos cinco anos em termos de captação de recursos, proeza que o responsável pelo destino do banco em Portugal diz ter sido possível devido “a uma maior diversificação das receitas e ao aumento da atividade com uma gestão de custos controlada – decrescemos 10% nos custos”.
 
 
 Diogo Cunha não enjeita o facto de o crescimento dos depósitos e a concessão de créditos representarem grandes desafios. Isto porque, como diz, “ queremos ser competitivos na vertente dos depósitos e prestar um bom serviço aos aforradores, mas a aposta é em taxas adequadas e não necessariamente na remuneração dos depósitos por si só, porque as taxas de juro em termos gerais não o permitem e não iremos fazer algo que comprometa a rentabilidade ou sustentabilidade do banco”.
 
 
Um problema comum a toda a banca, devido às taxas de juro na Zona Euro estarem a níveis historicamente baixos. A pergunta passa por saber, como refere o presidente executivo, “o que estão dispostos os clientes a pagar a troco de um melhor serviço? E isso ainda não é óbvio”.
Mas reconhece que, enquanto banco de menor dimensão, “acabamos por beneficiar mais”, embora isso se deva também “a termos estruturas mais flexíveis e dinâmicas”.
 
 
A instituição registou, no ano passado, um crescimento de quase 55% na captação de recursos – por outro lado, a que mais perdeu neste indicador foi a Caixa Económica Montepio Geral. Já no crédito, o crescimento do Atlântico Europa ascendeu a 46%, quando a grande maioria dos bancos analisados para este ranking registou quedas acentuadas. Apenas registaram variações positivas neste indicador o BIG, o Banco Invest e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo Geral (ver tabelas).
 
 
Para o aumento da concessão de crédito, Diogo Cunha explica que onde o banco está a crescer “é no segmento exportador, até porque é a única vertente onde verificamos efetiva rotação dos créditos de fundo de maneio, o tipo de crédito que encaixa melhor no nosso perfil”. No entanto, deixa o aviso: “Em 2017 iremos provavelmente testar novos segmentos de particulares, mas de forma muito cautelosa.” Quanto a 2016, o presidente considera que será um ano ainda melhor, mas “com um crescimento mais moderado, porque também queremos garantir que o banco cresce de forma controlada e sólida”.
 
 
Na verdade, os rácios de capital e solvabilidade do Atlântico Europa, embora estejam nos dois dígitos, estão longe dos melhores dos seus concorrentes. O tier 1 está em 12,8%, o que o coloca nos últimos três lugares entre os oito bancos analisados. É por isso que Diogo Cunha afirma à EXAME que “2016 é o ano para solidificar o crescimento dos últimos dois anos e melhorar significativamente os nossos processos, de forma a fazer a diferença pelo serviço e não pelo preço, alargando também a nossa oferta, que era limitada”, mas sem perder “o maior desafio, que é gerar rentabilidade e ter rácios de solvabilidade mais robustos”.
 
 
Já os principais desafios em 2017 passam por entrar num “novo ciclo de crescimento a três anos, mas num patamar ainda mais exigente, dando sequência consistente à internacionalização iniciada com a abertura do banco na Namíbia, no final de 2015”. Pelo caminho ficou a aquisição do Ativo Bank 7, do BCP, e o interesse no Best (operação online do Novo Banco).