Luanda – A recente “grande reportagem” do canal português SIC, deixou vários defensores do regime profundamente  irritados conforme posições e reações unilaterais dos mesmos  exprimidas nas redes sociais. A reportagem relata uma realidade do país, geralmente censurada  dos órgãos de comunicação controlados pelo executivo do Presidente José Eduardo dos Santos (JES). 

 
Fonte: Club-k.net
 
 "Foi uma manipulação de imagens"
 
A primeira reação, partilhada nas redes sociais veio da porta-voz do MPLA em Luanda, Djamila Almeida Prata que reagiu da seguinte forma: 
 
“Ontem fomos brindados com uma estatística fantasmagórica que o jornalismo tendencioso da SIC quando se trata de Angola, em poucos dias a SIC conseguiu percorrer o país de Cabinda ao Cunene e do Lobato ao Luau, e contabilizou que em Angola, resta saber em que Angola, talvez tenham recorrido aos dados do período colonial, para afirmar que em Angola mais de 80% da População vive em casas de lata. O Censo diz totalmente o contrario pois, A maioria das habitações familiares ocupadas, em 2014, são do tipo convencional, com cerca de 74%, seguindo-se as casas do tipo cubata, com cerca de 23%. Assim sendo, as centralidades existentes no país devem ter sido construídas com alumínio (lata), a oferta no sector habitacional, cresceu muito, pois em todo país é visível.”
 
 
No ver da dirigente  “Temos que reconhecer que Ainda temos vários problemas habitacionais e que o volume de oferta não satisfaz Ainda as necessidades, mas que também existem construções no interior do país que refletem a Idiossincrasia que é uma característica de comportamento peculiar de um indivíduo ou de determinado grupo de cidadãos angolanos, que preferem viver na zona rural, onde encontramos determinado tipo de construções ( muitas de alvenaria), mas uma vez a SIC na ânsia de denegrir o bom-nome de Angola, pecaram por manifesta irracionalidade é gritante falta de rigor jornalístico.”
 
 
 
José Carlos Cunha, ex- consultor  do Ministério da Hotelaria e Turismo e   empresário próximo ao regime  também reagiu da seguinte forma:
 
 
"Um Pais cujo mais alto dirigente da Governance esta sob a tutela da Justiça, que teve dos mais nojentos e arrepiantes casos de pedofilia, onde até o actual presidente do Parlamento foi indiciado, que deixou desviar dos cofres da Banca verbas superiores a divida Externa Angolana, quer moralizar o quê. Essa SIC tem uma Agenda contra Angola, que somos todos nós e não apenas o Governo.”
 
 
“Preocupam-se tanto com a FESA e não se preocupam com a Fundação Soares, preocupam-se tanto com a Isabel e não com a Gestão danosa do João Soares? Kariatuji....porra... tratem deles e não atinjam o Patriotismo de quem alguma coisa vai fazendo por este Pais.. nada se fez no Comércio, na Hotelaria, na Banca, na Imobiliária, na Saúde, na Educação, na Agropecuária??? Só se fala da miséria e fome. Todos os portugueses que cá vivem estão infelizes e vivem mal??? tudo o resto esta mal também... muita desonestidade intelectual e mau trabalho jornalístico. Estas reportagens  só nos dividem quando  necessitávamos de estar unidos para enfrentar as crises dos nossos Países. É uma vergonha ver um Pais cujo crescimento depende essencialmente de Angola a atacá-lo desta forma, irresponsável.", concluiu o antigo segundo Secretario da JMPLA, da década de 70. 
 
 
Nesta sexta-feira, num debate  promovido  pela TPA sobre a mesma reportagem, Kamuenho da Rosa, subdirector do Jornal de Angola considerou o trabalho da SIC como um “conjunto requintando,” notando haver “manipulação de imagem, de dados”.
 
 
Para o responsável do único diário estatal controlado pelo regime, “não é um só mau jornalismo”, como “um concurso de crime, reunidos naquela peça que se houver  um cidadão angolano em perfeita condição normal, deve sentir-se ofendido, e se houvesse espaço para intentar uma ação”. 
 
 
No seu entender, esta  reportagem, que mostra a realidade do país   “ofende a moral dos angolanos”. 
 
 
Gildo Matias, analista dos órgãos de comunicação do regime (TV Zimbo) também reagiu enumerando a sua irritação em cinco pontos:


I. Não é de hoje que sabemos que alguns segmentos da sociedade portuguesa ainda não engoliram e teimam em aceitar que somos independentes e donos do nosso próprio destino desde 1975.


II. Do lado de cá, continuamos a pensar (e por isso insistimos) que devemos satisfações ao antigo colono. E aqui, admitir que temos sido muito infelizes quando o fazemos, por várias razões...


III. É de uma enorme ingenuidade pensar que o problema se resolve com comentários/análises e entrevistas nos media portugueses. Temos de tirar as devidas lições, que em abono da verdade, não são novas.


IV. Por favor, chega de enganos! Comparar os problemas de Portugal aos nossos não faz nenhum sentido. Angola não é Portugal (e vice-versa)..., e até porque sabemos das "boas intenções" desses episódios sistemáticos.


V. O mais importante é resolver os problemas do povo. Continuar a trabalhar em prol da melhoria das condições de vida dos angolanos. Essa deve ser a nossa resposta.
 
 
A  TPA, no seu espaço de debate  visou transmitir que a reportagem da SIC tratou-se de uma agenda de Portugal contra Angola. Contudo, o Jornalista Reginaldo Silva reconhecido pela sua neutralidade esclareceu no espaço de analise  da televisão angolana que a reportagem “não tem nada haver com portugueses nem com Portugal. é um projecto da SIC noticias”.
 
 
Um outro internauta  Neto Muhindo escreveu nas redes sócias que “Não preciso da SIC para saber que metade do povo angolano é miserável. Se os números estão ou não  errados....as imagens apresentadas falam por si. Tanto alarido porque? Se até o nosso parlamento é abastecido com água das cisternas”.