Praia - Angola, Moçambique e Cabo Verde estão entre os países africanos onde a situação das pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana(VIH) é mais preocupante. Os dados constam de um relatório do programa conjunto das Nações Unidas sobre o VIH(UNAIDS), divulgado esta segunda-feira.


Fonte: Expresso das Ilhas

De acordo com o documento “há mais gente informada de que está infectada, contudo, não existiam, até 2015, dados disponíveis quanto à percentagem de diagnósticos nestes três países africanos, bem como no Brasil".

Uma outra carência apontada pelo documento prende-se com a falta de dados sobre a percentagem de supressão viral entre pessoas que vivem com VIH, em Cabo Verde, Angola e Moçambique. No Brasil, situa-se entre 37% e 72%, indica a mesma fonte.


Sob o lema "A SIDA não acabou, mas pode acabar", o relatório divulgado por ocasião do Dia Internacional da SIDA revela que a cobertura da terapêutica anti-retroviral entre pessoas que vivem com VIH, apesar de ter duplicado em cinco anos, é de 40% ou menos em Angola e de entre 41% e 80% em Moçambique, Cabo Verde e Brasil.


Estes números estão ainda muito distantes dos objectivos traçados pela ONU para 2020: que 90% das pessoas tenham conhecimento do seu diagnóstico, que pelo menos 90% dos casos tenham acesso a terapêutica anti-retroviral e que haja supressão viral em 90% das pessoas que vivem com VIH.

Desafios


De acordo com o relatório, os principais desafios a ultrapassar prendem-se com o fracasso em sensibilizar o sexo masculino para os programas de VIH;um diagnóstico e início de tratamento tardios, especialmente no sexo masculino; baixa adesão ao tratamento, resistência à medicação e falhanço do tratamento; e prevalência de tuberculose em pessoas que vivem com VIH.


O risco de contrair tuberculose aumenta drasticamente após a infecção com VIH e é muitas vezes a primeira doença que faz com que as pessoas infectadas vão procurar ajuda médica, refere o documento.


Uma distribuição rotineira de testes de VIH é recomendada a todas as pessoas com sintomas de tuberculose e a todas aquelas a quem tenha sido diagnosticada a doença, e todas as que obtiverem resultado positivo no teste de VIH devem iniciar imediatamente terapêutica anti-retroviral.


Globalmente, registaram-se progressos substanciais: em 2015, 55% dos 6,1 milhões de novos casos de tuberculose comunicados aos programas nacionais da doença tinham realizado testes VIH, um aumento de 18 vezes desde 2004.


No continente africano, onde é mais acentuado o problema do VIH associado a tuberculose, 81% dos doentes com tuberculose tinham documento comprovativo da realização de um teste de VIH, e a terapêutica anti-retroviral em doentes com tuberculose que se sabia estarem infectados com VIH alcançou, globalmente, os 78%, tendo mesmo ultrapassado os 90% em Moçambique, Índia, Quénia, Malaui, Namíbia e Suazilândia.